Chapter twenty four

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Michael Trish Wheeler

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O trânsito das grandes cidades sempre nos faz pensar em mudar para qualquer lugar remoto do interior, onde o máximo que pode acontecer é uma vaca deitar no caminho e você ter que tocá-la de volta para o pasto.

Chicago não é diferente, o trânsito daqui é uma merda, e eu tenho parte de culpa nisso, afinal sou o engenheiro responsável que mandou abrir uma cratera no asfalto de uma das principais avenidas da cidade.

Estamos trocando toda a tubulação de escoamento fluvial da cidade, trocando os canos antigos por outros com maior diâmetro, algo tão grande que uma pessoa poderia andar facilmente em pé por dentro dos novos canos.

Por mais que seja irritante ficar parado dentro do carro de uma via qualquer, eu sinto que não posso reclamar, pois hoje Will está comigo, sentado no banco do passageiro ao meu lado. Eu poderia ficar o dia inteiro assim, vendo-o sorrir, falar animado sobre qualquer coisa.

Quando ele está feliz, a covinha em sua bochecha esquerda se afunda mais, seu sorriso com os dentinhos de coelho ficam expostos entre os lábios vermelhos e gordinhos dele. Quando ele está feliz, ele parece ainda mais reluzente que em todos os outros momentos, se é que isso é possível. Ele fica ainda mais perfeito sob os meus olhos.

E eu entendo a sua animação, pois me sinto da mesma forma.

Hoje a nossa manhã começou muito bem, enquanto eu estava no chuveiro, Will apareceu e entrou no box de surpresa, e pude aproveitar o melhor que o sexo matinal tem a oferecer. Por mim, eu transaria com ele todo dia e até mais de uma vez por dia.

Eu simplesmente amo cada pedaço do corpo dele e nunca vou me enjoar. Amo cada tatuagem, cada pedaço exposto de pele, amo os cabelos quando estão molhados e agora, quando estão se secando livremente. Amo o cheiro dele, amo a boca, amo os olhos de jade, amo o som grave e lento da sua voz, amo os dedos longos e com anéis de suas mãos. Eu amo tudo o que ele fala, amo seu jeito, o barulho da sua risada, e como ele às vezes fica tímido rindo. Eu o amo com todas as forças que existem em mim e eu sou completamente rendido por ele desde que tenho consciência da minha própria existência.

E Will não é apenas o meu marido, é também a minha pessoa, o meu porto seguro e a minha razão de resistir a tudo para existir. Desde quando era ainda muito pequeno, era para ele que eu corria quando a vida se tornava um borrão muito grande de merdas e tristezas. Minha vida seria apenas uma lembrança obscura se não fosse a sua existência para me iluminar. Minha vida foi uma grande merda em grande parte dela, e eu só respirava realmente quando estava com ele. Foram inúmeras as noites que corri para o quarto dele à noite, entrando pela janela, para conseguir respirar, dormir e viver. Will é a minha única razão para estar vivo.

Nossa música não é Grenade atoa, pois eu realmente pegaria uma granada por ele, pularia em frente a um trem por ele e faria qualquer coisa considerada uma loucura por pessoas normais, simplesmente porque eu faria. Will é o meu mundo.

Estamos a caminho do Hospital Psiquiátrico Judicial, e esta é talvez a única coisa que meu marido faz que não tem o meu apoio, pois ele lida com pessoas que são perigosas e imprevisíveis. E eu não quero que ele se machuque. Mas mesmo assim, sei que ele escolheu esse trabalho, e por isso, o apoio, independentemente da minha opinião. É isso que bons maridos devem fazer, apoiar e estar ao lado das escolhas do outro.

Pouco mais de 40 minutos depois, estou o deixando na porta do hospital, para em seguida ir para o campo de obra, onde preciso coordenar todo o trabalho desenvolvido por lá. Mas hoje eu não me sinto realmente bem. Meu peito alterna entre uma euforia e uma angústia. Assim que Will desceu do carro, o aperto no meu peito piorou consideravelmente e eu precisei pressionar meus lábios um no outro para conseguir segurar uma amargura que tomou conta, e quase pedi para que ele não fosse. Quando desceu do carro eu segurei o seu pulso antes que estivesse com o corpo todo para fora.

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