Chapter twenty seven

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Minha cabeça estava pesada e as minhas pálpebras mais pesadas ainda.

Não sei quanto tempo eu dormi, mas acordar estava sendo um processo bem mais difícil do que deveria.

Antes mesmo das minhas pálpebras abrirem e focarem no teto branco, um apito insistente soava perto do meu ouvido esquerdo. Eu me movi com dificuldade, e sentia dor em toda a minha barriga, peito e costas.

Vi que o apito vinha de um daqueles aparelhos hospitalares.

Do esforço para me mover e tentar me situar, um gemido espremido saiu dos meus lábios, e em pouco tempo um rosto se aproximou do meu campo de visão.

- Meu filho! Você acordou! - O rosto de Joyce, a minha mãe, me olhou com os olhos marejados e uma expressão emocionada. Ela segurou meu rosto entre as suas mãos e deixou um beijo suave na minha testa - Vou chamar uma enfermeira! Você acordou, meu amor! - Uma lágrima escapou de seus lindos olhos e escorreu pela bochecha - Como você está?

Eram muitas perguntas e sentenças para assimilar.

Eu realmente não entendia o que estava acontecendo. A última lembrança que tenho era de quando estava caído no chão da estrutura da estufa e Mike estava ao meu lado.

E então, lembrei! O barulho de um tiro e depois outro na sequência. Mike havia sido atingido e acabou caindo ao meu lado.

Isso faz um arrepio ruim correr o meu corpo tomando tudo.

- Michy... - Eu tento falar e a minha voz sai abafada pelo tempo sem uso - Michy... - Eu repito

Vejo a expressão da minha mãe se tornando um pouco confusa. Mas meu peito está doendo de dentro para fora, pensando sobre o que pode ter acontecido com ele.

Eu preciso saber como ele está, onde ele está, o que fizeram com ele.

Eu ainda sei tudo o que ele fez, mas ele ainda é o homem que eu amei a minha vida inteira e ao pensar que algo ruim aconteceu com ele, eu sinto o desespero tomando conta de mim. Eu preciso saber dele, eu preciso vê-lo, eu preciso tocá-lo, e mesmo que ele esteja pagando por seus crimes, eu ainda preciso me certificar que ele está bem.

Eu tento me levantar, tirando um lençol que cobre o meu corpo de cima de mim, e as máquinas onde estou ligado começam a aumentar os apitos quase a uma velocidade assustadora.

- Michy! - Eu tento gritar, mesmo que a minha voz saia baixa para um grito.

- Calma, amor! - Minha mãe me pede, tentando me segurar para que eu não levante.

- Michy! - eu repito, e meus olhos estão enchendo de água, enquanto eu estou tentando ignorar uma dor forte no meu abdômen.

- Rápido! Enfermeira! - Minha mãe grita enquanto tenta me segurar pelos ombros para me impedir de continuar a levantar. Minha barriga dói muito. Eu sinto uma fincada forte pouco abaixo do meu estômago e por isso, eu dou um grito abafado de dor. Mas nem isto me impede de tentar levantar, pois eu preciso saber como está o meu marido

- Amor, você não pode se levantar! Por favor, fica quietinho! Deita, meu amor! Por favor! O médico já vem...

- MICHY! - Eu grito mais alto, agora que minhas cordas vocais parecem estar mais acordadas - Mãe... O Michy!!! Cadê o Mike? - Lágrimas grossas tomam os meus olhos e os da minha mãe também que parece desesperada, mas eu estou muito mais desesperado do que ela.

- Ele tá bem, meu querido. Por favor, se acalma - Ela chora - Eu te juro que ele está bem e você vai ter notícias dele. Mas não tenta se levantar, você não pode. Deita, amor!

- NÃO! - Eu grito desesperado - Eu preciso ver o Mike, mãe! MICHYYY! - Eu grito alto o nome dele como se ele pudesse me ouvir e vir até mim para dizer que tudo o que aconteceu foi um pesadelo.

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