Chapter ten

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Não sei quanto tempo eu dormi.

Mas acordei na minha cama e não me lembro de ter vindo para cá. Acho que Mike deve ter me carregado até aqui, já que a minha última lembrança é ter dormido na sala com ele.

Apesar de saber que estou acordado, minhas pálpebras relutam em abrir e meu corpo pesa uma tonelada. Acordei, mas ainda estou completamente sonolento.

Com dificuldade, abro os olhos e vejo que tudo ainda está bastante escuro, o que indica que seja de madrugada. Corro os olhos por todo o meu campo de visão, e eles alcançam o relógio ao meu lado na mesinha de cabeceira que marca pouco mais de três e meia da manhã, constatando que realmente é de madrugada.

Eu solto o ar forte, porque estou com dificuldade de mover o meu corpo, precisando de um esforço superior. Me viro de lado, e quando estico meus braços para buscar Mike, percebo que a cama está vazia onde ele devia estar. Eu ainda passo a mão pelo lençol, e vejo que está frio, como se ele já estivesse levantado há bastante tempo, pois não há qualquer resquício do seu calor ali.

Com a mesma dificuldade para me mover, arrasto meu corpo para cima no colchão, encostando minhas costas na cabeceira, para conseguir me manter sentado.

- M-michy? - Tento chamar pelo meu marido e a minha voz sai um pouco mais embolada do que eu previa, como se minha língua estivesse inchada - Mike! Amor? Tá ai? - Eu o chamo mais uma vez e não tenho resposta.

Isso me parece estranho, pois quando acordo e ele se levantou, mesmo que eu o chame, ele sempre me responde, ainda que esteja no banheiro ou na cozinha. E quando ele percebe que acordei, ele sempre faz uma corridinha fofa para voltar rápido para a cama, como se estivesse frio, e aproveita para se aninhar comigo assim que volta.

Mas não tive nada disso hoje, o que me faz perguntar se ele não está em casa.

Tiro as cobertas das minhas pernas e consigo colocar meus pés para fora da cama, alcançando o chão. Mas minha cabeça está rodando.

- Amor? - Eu o chamo de novo e a casa está em completo silêncio.

Firmei os meus pés no chão, e ergui meu corpo com toda minha força, porém, apesar de todo o meu esforço, não consegui ter todo o controle do meu corpo que pesa para o lado, e eu acabo caindo em cima da mesinha e derrubando tudo que estava nela. Rádio relógio, abajur e o vaso com as flores que Mike me deu caem no chão fazendo um barulho. Eu sinto um leve ardor no meu braço, e me movendo quase em câmera lenta, consigo ver um corte raso no meu antebraço feito por alguma das pontas de vidro quebrado do jarro.

Eu não sei o que está acontecendo comigo. Mas realmente sinto que tem algo acontecendo, e agora estou temendo pelo Mike. Onde ele estaria uma hora dessas? Essa merda de cidade não te dá paz para sair de madrugada e se ele fez isso, eu mesmo vou querer matar ele por me deixar preocupado.

Corro o olho pelo quarto novamente e não consigo achar meu celular, e me lembro que quando cochilei, estava na sala, e meu celular provavelmente ainda está na mesa de jantar onde o deixei mais cedo.

Me apoio novamente na cama e na cabeceira e forço a me levantar enquanto continuo me sentindo mole. Mas dessa vez tenho algum sucesso e me coloco de pé sem cair.

Dou alguns passos lentos e pouco sólidos para fora do quarto, usando as paredes para me apoiar e me guiarem, e vejo que está tudo apagado no resto da casa e Mike não está em qualquer lugar onde eu possa vê-lo.

Meu coração está disparado, e eu não sei se é pelo esforço que estou fazendo para conseguir me manter em pé e andar, ou por estar preocupado com o Mike, ou se é outra crise de ansiedade chegando como mais cedo.

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