Meus dentes começaram a bater, meus olhos se encheram de lágrimas quando desabei no chão, puxei meus joelhos para o peito e coloquei a cabeça entre eles.
Chorei bem alto, ninguém chegou perto de mim, nem Mason nem Mary. Me encostei na parede me sentindo um lixo, a pior pessoa do mundo.
- Eu acho melhor você ir. - sussurra Mary para Mason.
Não que eu ligasse, depois disso ficou tudo mudo, acho que possivelmente posso ter pegado no sono, minha cabeça continuava a doer o tempo todo.
Alguém se sentou ao meu lado chorando também, quando encostou em mim pulei saindo de perto, me levantei olhando com a visão borrada para minha mãe, corri escadas acima trancando-me no quarto. Freya ainda estava dormindo na minha cama então peguei meu coberto roxo peludo, o coloquei no chão me enrolando em uma bola. Não estava conseguindo dormi então fui até o banheiro meio zonza, abri meu armário e peguei o primeiro remédio que vi, joguei meia dúzia na minha mão e engoli sem água. Se me matasse não seria um grande problema, já estava me odiando mesmo.
O resultado foi quase que imediato, só deu tempo de entrar no quarto e sentar no chão.
- ò colheita.
Enchi de ódio quando escutei isso.
- Manda essa colheita ir se fuder! Porra. Vai ficar cantado isso? Porque se for vai atormenta outro! Eu. Já. Estou. De. Saco. Cheio. Disso. - gritei.
A música parou.
Acordei com o carro balançando, me levantei de súbito, olhei em volta para ver Freya no banco do motorista concentrada na estrada. Minha cabeça tinha parado de doer por enquanto, mas meu coração ainda doía mais que tudo.
Meus olhos se encheram de lágrimas novamente quando voltei a chorar Freya colocou sua mão sobre a minha, ela também não parecia nada bem seus olhos estavam fundos e vermelhos.
- Você esta bem?
Balanço a cabeça incapaz de falar, ela assenti olhando para estrada. Não reconheço o carro onde estamos, nem para onde estamos indo, na verdade não ligo, só quero que esse tormento acabe - Sei que isso pode soar muito melodrama demais - só que eu quero morrer. Encostei no vidro fechando os olhos com força. Isso não poderia estar acontecendo comigo, isso não.
- Para onde vamos? - pergunto um tempo depois.
- Vamos dar uma visitada a Victoria.
Isso disperta meu interesse, abro os olhos para ver ela sorrindo de leve.
- Victoria irmã do Sam? - essa era a ultima coisa que esperava. A irmã do Sam sempre teve a identidade guardada, Sam nunca me disse nada além de que ela estava bem e que tinha me traido por ela, eu até entedia só não tinha muita vontade de conhece-la. Afinal, quem quer conhecer o motivo para morte do seu irmão?
- Essa mesmo. Ethan manteve contato com ela por Sam que o fez prometer que cuidar dela se algo acontecesse a ele. Acho que ela pode ter algo que possa nos ajudar.
Me mexo no banco desconfortável com a linha do assunto, pensar em Sam ainda doía mais do que deveria.
- Tipo o que?
- Informações. Ela esteve bem apar do que Ethan estava pesquisando, ele estava procurando um jeito de nos separar, acho que estava perto da verdade.
- Estava? Onde esta Ethan agora?
Ela engoli em seco, curva um pouco os lábios para baixo. Ela o fecha em uma linha fina, balança a cabeça cemi cerrando os olhos para estrada.
- Não... - ela respira fundo - Não quero falar sobre isso, ta bem.
- Ta. - vejo que ela não esta bem então decido não tocar mais no assunto - Onde vamos?
- Por incrível que pareça, ela mora aqui em Clovelly. Estranho não é? Ethan manter contato com ela aqui. Tipo, nós estávamos no Brooklin em Nova York, isso não tem comparação, eu não podia nem falar com você. - ela diz indignada. - aposto que ela é feia.
Riu sem graça, as vezes não da para acreditar na Freya.
- Você esta com ciúmes dela com Ethan? - riu - Relaxa, pelas suas lembranças com ele vocês estão realmente super apaixonados um pelo outro, nem a pessoa mais cética do mundo perceberia isso.
Os lábios dela tremem mostrando que esse é outro assunto proibido, olho para o sol se pondo no final das árvores.
- Então - diz ela mudando de assunto - por que estava chorando no chão do quarto?
- Outro assunto proibido. Não quero falar sobre isso agora - digo - talvez não vou querer falar sobre isso nunca!
- Beleza.
Suspiro exasperada, aposto que estou horrível, to até com medo de olhar no espelho, devo estar com varias olheiras, com o rosto manchado pelas lágrimas e devo estar resumidamente uma copia da situação de Freya, só que ela parece estar lidando bem com isso. Na verdade não foi ela que esta suspeita de ter perdido a virgindade e nem lembrar, mas a situação dela pode ser pior, eu não sei o que aconteceu com Ethan, nem o porquê dela ter se machucado tanto e nem se curado.
Ela é definitivamente a pessoa mais louca que eu já conheci e forte também, claro, depois da minha mãe. Ela continua concentrada na estrada, tinha colocado um óculos escuro que eu nem tinha visto, preocurei pelo meu celular em algum lugar só que não achei. Ótimo. Desligar um pouco, Natalie. Você precisa respirar um pouco, sem ninguém que possa te consolar por perto.
Ela para em uma casa de dois andares, com cara de mansão e toda enfeitada com flores e orquídeas, desso do carro esperando Freya sair.
Respiro fundo batendo na porta, fecho um olho fazendo uma careta. Uma senhora de idade nos atendeu, ela nos médio com um olhar cético e cheio de julgamento. Isso era ótimo! Que a irmã do Sam seja mimada e arrogante, isso era tudo o que eu precisava agora.
- O que desejam? - pergunta ela olhando para o celular.
Freya responde antes que eu mande aquela mulher enfiar o celular onde não se é pronunciado na bíblia, e muito menos brilha o sol.
- Gostaríamos de falar com a Victoria, por favor.
Ela se inclina para trás gritando a chamando, ela nos mede fazendo uma careta mais uma vez antes de entrar rebolando em sua saia lápis e seus saltos altos. Solto o ar entre os dentes.
Uma garota loira de olhos azuis aparece na minha frente, seu olhar ela semelhante a o da mulher, muito, muito arrogante. Meu coração erra uma batida, tinha torcido o caminho todo para que o olhar gentil e carinho do Sam tenha se passado para ela, pelo visto me iludi atoa.
- Vocês são? - ela passa a língua pelos lábios nos analisando.
- Meu nome é Freya e essa é a Natalie, você vem falando com meu marido a algum tempo.
Ela fez uma careta horrenda para mim antes de pular em cima de mim me derrubando no chão, tentou bater no meu rosto só que desviei no último minuto. Eu parei de lutar quando percebi o quanto eu merecia isso, era minha culpa Sam ter morrido, ela me deu um soco seguido de outro.
- A culpa é sua!
Ela me da outro soco, fecho os olhos deixando que sentisse dor, porque era a única coisa que consigo sentir agora. É a única coisa de que tenho certeza de que é real, a dor agora é meu ponto seguro. Foi o que pensei quando perdi a consciência.
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Colheita - segundo livro da trilogia Rediny
De TodoOs fantasmas do passado voltam com tudo na vida de Natalie. Que tenta ajudar sua mãe gravida com risco de morte e passar no colegial. E o pior, ela tem que trabalhar. Felipe tem mais coisas escondidas do que esta falando. Natalie descobre mais...