capítulo 17

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Fiz com que Sam parasse a moto onde estava com o que ele disse, andei até algum lugar perto da floresta em uma pequena trilha que dava em um tronco gigante onde sentei. Fiz sinal para que Sam sentasse ao meu lado e ele veio depois de encostar sua moto em uma árvore.

Fiquei olhando para as árvores onde os pássaros assobiavam a vontade em grupo. Sam pareceu desconfortável com o silêncio então se levantou ficando de frente para mim.

- Bom, agora que você sabe sobre o que esta acontecendo com Jack, o que vai fazer? - pergunta andando de um lado para o outro.

- Não sei, não sei onde ele esta, não sei o que fazer, não sei nem o que dizer sobre isso - digo derrotada - o que os pais dele querem?

- Só sei mais ou menos o que você sabe, só que quando eles largaram Jack ele não estava muito bem por assim dizer, ele estava falando varias coisas esquisitas. Ele estava machucado, cheguei até achar que estava quebrado, que se fecharia para o mundo.

- Machucado, tipo, fisicamente?

Ele balança a cabeça.

- Mentalmente, ele não foi abandonado Natalie. Ele fugiu. - Diz calmamente. Tão calmamente, eu acho que não estou bem, minha cabeça começa a girar e girar. Aperto meus ombros tentando parar com isso. - Natalie você esta bem?

Faço que sim com a cabeça incapaz de falar, puxo o meu joelho para mim colocando minha cabeça entre eles do mesmo jeito que Ethan havia me feito fazer quando estava com falta de ar na prisão. Inspirei fundo varias vezes antes de conseguir abrir os olhos.

- Eles o maltratavam? - pergunto em um sussurro.

Sam coloca a mão no meu ombro.

- Eles o usavam como cobaia Natalie, os pais dele trabalham com o governo.

Isso bastou para meu estômago revirar, vómito bem atrás do tronco onde estamos sentados, tadinho do coelhinho que saiu correndo. Limpei minha boca com as costas da mão.

- ELES USARAM SEU PRÓPRIO FILHO COMO COBAIA! - berro - EU VOU MATAR ESSES DESGRAÇADOS!

Sam ficou me olhando gritar sem dizer uma palavra, Deus! agora eu não preciso falar com Jack, eu necessito. Me levantei puxando Sam até sua moto.

- Ele vai me matar se souber que eu te contei - diz Sam, dou de ombros, eu mataria Jack por não ter me contado antes disso mesmo.

- Como eles podem querer ele de volta? - digo revoltada - por que eles querem ele agora? Tiveram tempo por 12 anos caramba!

- Só acharam ele agora, eles tem algum tipo de tradição para cumprir eu acho. - diz ele naturalmente - lembro de Jack dizendo o quão horrível essa tradição era, dizia que queria estar a quilômetros de distância deles quando fizessem aquilo.

Fiquei em silêncio digerindo tudo que acabei descobrindo sobre a pessoa que achava que conhecia melhor do que a mim mesma, respirei fundo tentando não chorar, Cobaia! Essa vai para o primeiro lugar da minha lista de problemas, logo seguida da colheita.

Sam ficou em silêncio também, pelo visto nossa conversa vai ter que esperar até que de alguma forma consiga superar o impacto que suas palavras tiveram em mim.

Quinze minutos depois desci da sua moto, dei um beijo na sua bochecha em despedida, subi para meu quarto correndo. Rumpelstiltskin não estava em lugar nenhum, peguei meu celular avisando para minha mãe que já estava em casa e dormi.

Acordei com o som de vidro quebrando, pulei pegando minha mais nova faca que conseguirá com Freya, olhei para os lados procurando o invasor, não tinha ninguém, nada quebrado no meu quarto. Suspirei, só podia estar ficando louca, foi o que achei até ouvir um grito, mãe!

Pulei da cama e corri pelo pequeno correndor até chegar a porta dela, esta trancada, dei um passo para trás e chutei a porta três vezes antes dela quebrar. Só deu tempo de ver algo preto pular pela janela.

- Mãe? - gritei.

Ouvi um pequeno gemido e corri para trás da cama dela, ela estava sentada chorando com as mãos enlaçadas uma na outra. A peguei abracando-a.

- Ho céus - disse Mary entrando no quarto, ela colocou a mão na boca vindo até nós. - Eve você foi?

Minha mãe assenti com a cabeça olhando para mim com os olhos cheios de lágrimas. Não entendi do que elas estavam falando.

- Foi o que mãe? - pergunto me afastando até ficar de frente com ela.

- Natalie querida você pode ir lar em baixo pegar um pano úmido para sua mãe - pergunta Mary gentilmente.

- Não! Vai você, eu cheguei aqui primeiro, seu quarto é do lado do dela, você poderia estar aqui!

Podia não saber o que estava acontecendo, mas não ia deixar minha mãe tão cedo, ela encostou sua cabeça no meu ombro ainda com as mãos apertada uma na outra firmemente, fiquei olhando curiosa para ela.

- Filha - fundou minha mãe - pode por favor pegar um pano úmido para mim?

Franci o cenho, mas obedeci, desci as escadas correndo peguei um pano na gaveta molhei de qualquer jeito e subi correndo. Cheguei pegando o fim da frase de Mary.

-... marcada, tem que contar.

Apareci antes de minha mãe responder, elas me olharam assustadas, minha mãe estava com a mão enfaixada em um pano branco. Fui até ela lhe dando o pana úmido.

- O que aconteceu com sua mão? - perguntei tentando pega-la, minha mãe a colocou atrás das costas.

- Hum... me cortei tentando bater no ladrão, ele veio e foi rápido demais, eu só me assustei, vou ficar bem - diz ela olhando algo atrás de mim, sei que esta mentindo, mas prefiro descobrir isso sozinha.

Dei um boa noite para ela, fiz ela prometer que ia dormi no quarto de Mary já que não ia dormi no meu, fui para cozinha procurar algo para comer, peguei meu telefone e liguei para a pizzaria, pedi refrigerante também.

Me sentei na cadeira, escutei um barulho vindo do lado de fora da casa, na varanda, peguei minha faca que escondi na bota. Andei de mansinho até a porta, abri e sai, já esta de noite deixando tudo escuro.

Não tem ninguém, suspiro colocando a faca de volta na bota, andei de volta para a porta, o barulho volta pego a faca e aponto para a garganta da pessoa que esta atrás de mim.

- M-moça - gaguejou o entregador de pizza - s-se e-eu demorei, me desculpa.

Fiz uma careta tirando a faca da sua garganta, sorri pegando a pizza e o refrigerante da sua mão, ele saiu correndo antes de poder lhe dar o dinheiro. Entrei em casa recebida por um chute na minha barriga que me fez deixar minha pizza e meu refrigerante cair no chão.

A pessoa tentou me acerta novamente, ela usava capuz o que tornava impossível saber que era, desviei do golpe pegando seu pé, o girei fazendo com que ele caísse no chão.

Não adiantou muito já que ele levantou igual um ninja, peguei minha faca só que ele chutou minha mão fazendo a faca cair no chão, deu mais um chute na minha barriga o que me fez perde o fôlego. Tirou algo da sua blusa e veio até mim, aproveitei que estava no chão e lhe dei um chute.

Ele cambaleou para trás, peguei minha faca e arremessei ela, o acertou bem no estômago, ele a tirou com facilidade pegando outra coisa no bolso, a jogou no chão.

Aquilo fez com que uma fumaça preta se instalasse pelo lugar, o fedor também.

Tampei meu nariz, quando a fumaça parou não tinha mais ninguém, só tinha um grande C pintado em vermelho onde antes o cara havia estado.

C de colheita, droga!

Colheita - segundo livro da trilogia RedinyOnde histórias criam vida. Descubra agora