capítulo 22

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- Não me lembro do meu anjo ser um gato - digo, depois me dou conta, perai, acabei de chamar ele de gato?

Sorte que estamos na chuva, assim ele não vê minha bochechas corando.

- Deve ter algo a ver com isso - ele aponta para seu pulso direito. Reviro os olhos para a lua crescente no seu pulso. - Essa é minha aparência normal, tive que me fazer como homem durão para você me ouvir.

- Quem são esses? - digo apontando para as pessoas algumas mortas e outras desmaiados.

- São testados, eles querem ser guardiões. Não são difíceis de vencer. Só que tem um problema, verifique para ver se eles não ter machucaram, esses carinhas tem uns venenos poderosos.

- Claro que eu não fui machucada. - digo só ai que percebo o rasgo no meu braço. Como aquilo foi parar ali? Eu não me lembro disso, nem senti isso. Só pode ser a adrenalina. - Isso não é...

Digo, mas caio no chão ajoelhada, olho para meu braço que parece estar ficando um verde roxeado em volta da felida. Não sinto nada, talvez essa seja a intenção, me matar de forma que nem perceba.

Kyle veio até mim me segurando antes que batesse a cabeça no chão. Ele tira uma miniatura de faca do seu bolso, ele faz menção do que vai fazer e eu coloco a mão sobre a felida, o que não ajudou muito já que queimou minha mão.

- Por favor - grito com a visão turva - não me corta.

Ele não me escutou, estou fraca demais para fazer qualquer coisa para que ele pare. Uma queimação terrível começa no meu braço, grito batendo a cabeça no chão.

- Não desmaie - diz ele apertando meu braço - Isso só vai fazer o veneno se espalhar mais rápido. Respire devagar, fique com os olhos abertos e atentos, essa pode ser sua única chance.

Fico olhando para suas mãos ágeis mexendo no meu braço, sinto-me entorpecida com só a mão queimando.

- Kyle - grito quando ele enfia mais uma vez no meu braço, pontos pretos mancham minha visão junto com as lágrimas.

- Acalmasse um pouco mais, só um pouco mais - diz ele mais para si mesmo.

Pense em como as coisas eram maravilhas no último verão, do dia na praia com Jack, do nosso piquenique.

Nós dos estávamos na, respira fundo, estávamos deitados em uma toalha listrada, eu com a cabeça apoiada na sua barriga e ele brincando com meus cabelos, respira fundo, me virei para olhar para ele, seu óculos de sol o deixou mais sexy naquele dia.

Grito novamente, Kyle só pode estar achando que sou uma espécie de espetinho.

- Kyle droga acaba logo com isso, por favor, para. - grito agonizando - Para, para, para! Eu não sei... - minha voz vai ficando mais fraca enquanto termino - eu não...

Ótimo! Agora não to nem conseguindo termina uma frase, faço de tudo, nem as lembranças de Jack estão me ajudando agora, como ele quer que eu fique acordada com isso? É quase doentio.

Agora pontos muito pretos mancham minha visão junto com um engasgo, acho que seja possível que o veneno tenha chegado no meu coração, porque depois disso tudo que sinto, tudo que sei é a escuridão que me domina.

Acordo e sou assustada por olhos violeta me encarando atentamente. Pulo olhando para meu ante braço que ainda esta meio verde por cima do pano branco.

Arrisquei colocar a mão e o resultado não foi muito agradável, torci o nariz com a dor.

- Não acho que deva mexer, pode ficar doendo por um bom tempo, você não deveria ter apagado. - diz ele balançando a cabeça. Pego a primeira coisa que vejo pela frente, que no caso é um abajur e o arremesso nele. Infelizmente ele desvia com facilidade deixando o objeto se parti em vários pedaços atrás dele.

- Você estava me espetadando seu maluco! Ficou enfiando e tirando a faca do meu braço, você e louco!

- Eu sou seu protetor, não deixaria você morrer daquele jeito, só tive que tirar o veneno com a faca.

Encosto-me na cabeceira da cama, minha cabeça está tão estranha, pelo visto estamos no quarto do mesmo hotel onde Freya estava hospedada. Fecho os olhos por um minuto inspirando fundo, minha barriga ronca alto me fazendo rir, acho que não como desde a pizza depois de ter lutado com o testado.

- Trouxe um lanche para você, peguei enquanto você estava, sabe, desmaiada. - ele ri - Você estava tão molenga que achei que nem existia ossos em você.

Jogo o travesseiro na sua cabeça rindo, alguém bate na porta fazendo eu instintivamente procurar o facão. Kyle se levanta andando com o bastão na mão até a porta.

Ele abre e minha primeira reação é correr. Mas a minha situação e a do meu braço me obrigam a ser um alvo fácil, ainda mais para pessoas indesejáveis.

Kyle coloca mão na testa de Jack e ele congela.

- O que você está fazendo? - grito.

Kyle vira para mim, depois olha para o Jack congelado.

- Sou seu protetor, tenho uma pequena vantagem. Esse é aquele que é seu namorado? - diz ele franzindo o cenho.

Estou prestes a assentir com a cabeça quando Sam aparece na porta. Kyle faz a mesma coisa com ele, os dois ficam ali parados enquanto o Kyle os analisa.

- Ou esse é seu namorado? - ele aponta para Sam - sempre estive meio confuso enquanto a isso. Ou também tem aquele carinha do Jons, sabe, o bom moço.

Faço cara de raiva que ele ignora dando um sorriso no canto dos lábios, depois de um tempo Jack descongela e vem até mim, encosta na minha mão e eu grito.

Ele se afasta com magoa nos olhos, será que ele não viu a terrível ferida na minha mão? Tento me aproximar só que não consigo.

- Você esta bem? - pergunta ele. Assinto com a cabeça. - Agora que isso esta esclarecido. O QUE VOCÊ ESTAVA PENSANDO QUANDO PULOU DAQUELE PENHASCO? O QUÊ VOCÊ ESTAVA PENSANDO QUANDO ME TRANCOU NO BANHEIRO? - Fiquei olhando enquanto ele berrava, suspiro exasperada. - E por que toda vez que eu te encontro tem alguém sem camisa? Até parece que você atrai isso. - continua ele revoltado.

Olhei para Kyle sem camisa, hu, ele continua um gato, não que eu fosse falar isso para alguém, já fiz isso do lado de fora.

Jack começou a andar de um lado para o outro, Sam já descongelado veio até mim.

- Sai ma fille, você nas enganou direitinho né - diz ele sorrindo - qual é a do guardinha de shopping alí?

- Não sei se me sinto otimista por estar ficando tão bom na metamorfose que você ainda nem desconfiou de quem eu sou - diz Kyle indo para o fundo do quarto - ou magoado por não ter me agradecido.

Sam olhou confuso para Kyle por alguns instantes, logo em seguida a compreensão enxeu seus olhos.

Foi até Kyle e lhe deu um tipo de abraço de homem, sabe, aquele que levam alguns tapas nas costas, Sam disse alguma coisa que não consegui escutar, enquanto isso Jack olha para Sam com traição estampada no rosto.

- Sam - gritou ele - eu achei que estivesse do meu lado caramba! Da para parar de agradecer a esse cara e vim me ajudar a cuidar do problema maior.

- Perai, eu sou o problema maior? Não lembro de um problema.

- Natalie não se envolva com isso! Essa conversa é de gente grande. - diz ele furioso.

Remexo-me na cama.

- Ow, eu sou gente grande, tenho a mesma idade que você.

- Você perdeu esse direito quando pulou daquele penhasco - diz ele se aproximando de Sam e Kyle.

Fico olhando enquanto eles cochichavam no canto do quarto, as vezes até olhavam para mim assentindo com a cabeça. Comi o X-burger que Kyle trouxe junto com coca cola. Por inclivel que pareça ao invés da coca me deixar energizada, ela me deu sono. Que se dane eles, já estou me sentindo uma boneca de pano mesmo, não sou mais eu que toma as decisões sobre a minha vida.

Colheita - segundo livro da trilogia RedinyOnde histórias criam vida. Descubra agora