O Novato | Akkayan

CAPITULO 11: VAI QUE VOCÊ COMEÇA A ACHAR QUE EU GOSTO DELE?

Raios de sol, tudo bem?

Primeiramente, eu quero agradecer pelo sucesso de O Novato. Agradeço a cada pessoa que lê e acompanha essa história com amor e afeto.

Obrigada por tudo! 💛☀️
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"Você é desbocado; vive falando as coisas como se não precisasse medir as consequências. É intrometido, cabeça quente, não respeita o espaço das pessoas. Não tem o menor senso e parece não se importar quando incomoda outras pessoas."

As palavras que Akk desferiu contra Ayan ainda reverberavam em sua mente. Mesmo que o intuito do mais alto fosse, obviamente, deixar Ayan ofendido, tudo o que ele conseguiu fazer foi torná-lo mais curioso. Talvez Akk tivesse razão sobre ele ser intrometido e não respeitar o espaço alheio, mas ele certamente havia errado feio sobre Ayan não ter senso e ser desbocado.

Se Akk fosse um pouco mais esperto, teria percebido a forma como Ayan agia com os garotos que fez amizade na sala de aula e saberia que na companhia de outras pessoas, ele era calado e discreto. Até Wat e Khanlong já haviam dito que não entendiam as razões para Akk ter aversão a sua companhia, pois ele era totalmente centrado. A questão era essa, Ayan só agia diferente quando estava com Akk.

Tinha percebido há muito que o colega de classe tinha uma aura carregada de dor e preocupação. Seus olhos grandes e sombrios faziam com que Ayan desejasse desvendá-los, queria saber o que aquela pessoa tão estressada carregava naqueles ombros tensos.

Ayan chegou em casa quando a noite já se aproximava, o silêncio ensurdecedor o invadiu assim que abriu a porta da sala. Qualquer pessoa que não conhecesse a realidade da sua família, acharia que o garoto morava sozinho, mas no terceiro quarto do segundo andar, encontrou Pete sentado na mesma posição de sempre em sua cama.

Como de costume, avisou ao irmão que havia chego e deu um beijo em sua testa, percebendo que ele estava perfumado e com o cabelo mais penteado do que o habitual. Pensou em perguntar para onde ele ia todo arrumado daquele jeito, mas preferiu guardou o comentário para outro dia. Nem sempre tinha forças para brincar com Pete diante da situação em que ele se encontrava.

Depois do acidente, os médicos conscientizaram a família que ele não seria o mesmo e tanto a mãe de Ayan, quanto ele, sabiam que Pete precisaria de cuidados para o resto da vida.

Ayan não entendia muito de medicina, mas a condição de seu irmão era muito delicada, pois quando caiu da moto, o impacto fez com que ele perdesse parte da capacidade de fala e seus movimentos corporais eram muito limitados. Anos de tratamento foram necessários para recuperar a capacidade de andar e ele ainda realizava terapia semanais com a fisioterapeuta, que se dispunha a visitá-los em casa.

Todos os cômodos foram adaptados para as novas condições de Pete, havia corrimãos, esteiras antiderrapante e protetores em todas as quinas, para que o ambiente fosse totalmente seguro, mas nada daquilo era útil, pois ele não saia do quarto há anos. Haviam dias em que ele sequer saia da cama e Akk era obrigado a alimentá-lo ali e limpar seu corpo com lencinhos umedecidos.

Como Pete não se comunicava com clareza, nunca conseguiram entender o que exatamente havia o deixado naquele estado. Sabiam que ele havia saído em uma noite de sábado com sua moto e horas depois, fora encontrado inconsciente em um bairro escuro da cidade. Apenas isso.

Independente da condição em que Pete se encontrava e do trabalho que era necessário para cuidá-lo, Ayan agradecia aos céus todos os dias por ter o seu irmão consigo. Com a rotina incessante de trabalho de sua mãe e a ausência do pai, Ayan viveria sozinho se não fosse por ele.