11 - Freen

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De um dia especial - em algum lugar no passado:

Não acredito que você reservou um quarto de motel para nós! Becky gargalhava enquanto seus pés se agitavam freneticamente para cima.

Ela estava deitada na cama redonda do motel A One, sem se importar com o fato de seu corpo esmagar todas as pétalas decorativas espalhadas no lençol. Freen não deixou de sorrir ao notar o quanto a mais nova parecia com um besourinho nessa posição.

É o melhor jeito de termos privacidade ela explicou. Tocou em sua própria testa para ajeitar o adesivo anti-febre e se agachou à frente do frigobar.

Elas não podiam ser consideradas famosas pelo pequeno papel que estavam gravando em SCOY, mas nos últimos dias as duas participaram de eventos para divulgação da série e isso tinha começado a atrair alguns olhares. Ambas estavam doentes e queriam descansar longe de holofotes.

Foi uma ideia genial Becky concordou. E a cama é macia. Vamos tirar um ótimo cochilo aqui. 

Freen acenou com a cabeça. Ela tirou de dentro do frigobar um balde contendo uma garrafa esverdeada.

E tem champanhe! exclamou. Vamos brindar.  

De jeito nenhum Becky contrapôs. Seu sorriso sumiu e ela se sentou na cama. Os olhos estavam sérios e enormes, encaravam Freen com reprovação. Você está com febre. Está tomando remédios. Nada de bebida alcoólica. 

A mais alta se dirigiu ao pé da cama, ainda com a garrafa em mãos. Fez um beicinho manhoso e abraçou o objeto contra o peito.

Só um golinho ela pediu. Por favor. 

Becky se aproximou da beirada. Com um sorriso de lado, tirou a garrafa das mãos suplicantes e mostrou a língua.

Nada disso. Você precisa descansar. 

Freen bufou, mas aceitou porque sabia que era verdade. Precisava estar inteira logo para continuar o trabalho e não podia arriscar sua saúde. 

Você é fofa quando fica manhosa Becky acrescentou, cedendo espaço na cama para a outra. 

As bochechas de Freen coraram, e ela agradeceu ao fato de poder culpar a febre por isso. Uma parte de si estava tímida pela proximidade de Becky em um ambiente tão sugestivo. 

—  Gostou do codinome que eu inventei?  indagou, mudando de assunto de forma descarada.

Becky assentiu com um sorriso. Seus olhos piscavam mais vezes que o normal, ela parecia estar se esforçando para não cair no sono. 

Eu amei ela confessou. Pássaros representam liberdade, e é assim que me sinto quando estou com você.

Freen engoliu em seco. Conseguia sentir o sangue pulsar por seu corpo e o coração errar o ritmo. Essas sensações estavam começando a ficar comuns quando Becky estava por perto, pareciam um lembrete de que ela se sentia mais viva do que nunca na presença da garota.

Tudo estava ficando diferente. Ela nunca havia sentido tanta energia como nos últimos meses, e quando ficava cansada conseguia encontrar paz e liberdade no sorriso de Becky. Era como um carregador de energia instantâneo, melhor que qualquer noite de sono ou adesivo na testa. 

Vamos fazer um combinado Freen anunciou. Chegou ainda mais perto, como se quisesse contar um segredo. Quando uma de nós se sentir cansada ou triste, vamos usar o codinome Pássaro. Quando precisarmos uma da outra, falamos o codinome e assim combinamos de nos encontrar aqui, nesse quarto, nesse mesmo horário. O que acha?

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