03.

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Gabriela 📌

O culto já tinha acabado, eu tava morrendo de fome, porque nem em casa comi, nem isso eu tive tempo de fazer, nem se comer.

Saio de lá, indo em direção a minha casa. Eles tavam logo atrás de mim.

Entro no último beco, que dá caminho para casa, mas logo paro quando o mesmo homem da moto com mais dois homens entram no beco, parando na saída, cercando o beco.

O homem era bem mais bonito do que eu imaginei, ele era grande e alto, o lugar era escuro, mas claramente dava pra ver seu tom de pele escuro, junto do seu bigode fino e o cavanhaque. Ele estava todo de preto e com um chapéu enterrado na cabeça. Alguns cordões de ouro e uma kenner no pé.

Era envolvido e disso eu não tinha duvidas.

Gabi: Posso passar? — o homem da moto nega com a cabeça.

— Fica aí, esperando tua família. — fala com sua voz grossa e rouca, fazendo eu me arrepiar. Paro de andar, mas na realidade eu queria perguntar o porque eu não podia passar.

Ele me olha de cima a baixo e depois volta o seu olhar para os meus olhos, desvio o meu olhar do seu, assim que a mulher entra no beco.

Cátia: Tu não pode andar assim tão rápido, maldita! — escuto a voz dela entrando no beco e olho para trás, vendo ela parada e olhando para os homens — Podemos passar? — fala, enquanto o homem nega com a cabeça — Não tô entendendo. — a cara dele não estava nada boa.

— Pergunta pro teu marido. — um dos homens fala e ela olha para Paulo, que estava branco. De moreno, estava branco.

Tiro meu olhar deles e me encosto na parede, sabendo que eles queriam Paulo. Já tava até vendo o show que iria acontecer.

Paulo: Eu prometo que pago, Falcão. — fala com o homem que se aproxima deles dois.

Falcão.

Falcão: Faz três meses que tu fala que vai pagar os dez mil, e em uma semana tu fez mais três mil. Com os juros, tu tá devendo papo de trinta mil. — Cátia olha assustada para eles e eu apenas nego com a cabeça.

Eu nem me assustava mais, ele já chegou a dever quarenta e minha mãe teve que pegar dinheiro com o banco e sujou seu nome, já que não tinha como pagar.

Eu só queria me trancar no quarto e ficar na minha cama, mas não, ia ter que ficar vendo esse showzinho.

Paulo: Eu vou pagar! — Falcão solta uma risada irônica e bem artificial, fazendo os outros dois homens rirem.

Falcão: Com o que, caralho? Tu tem dinheiro nem pra morrer, porra! — grita, fazendo eu fechar os olhos. Não gosto de gritos e o dele me assustou.

Cátia olhou para mim e falou alguma coisa no ouvido de Paulo, que também olhou para mim. Não entendi o que eles estavam tentando falar e ergui a sobrancelha.

Paulo: Ela. — aponta pra mim, fazendo todos me olharem — Eu te dou ela, fica pra você, ela paga a dívida. — olho pra ele desacreditada. Eu não tava acreditando.

Falcão: Tá doido, porra! Como é que tu quer vender tua própria filha, arrombado! — empurra Paulo pelo peito, que quase cai no chão — Eu deveria te matar agora, mas eu não vou fazer isso na frente da tua filha, porque não tem pior coisa do que ter um pai que nem tu, e ainda ver ele sendo morto na frente dela, mas tu pode se ligar que teus dias tão contado. — da um soco no olho dele e eu viro meu rosto, para não ver aquela cena — As duas vão pra casa e ele vai ficar aqui. — Cátia nega na hora — Tu quer sair daqui por bem ou por mal, véia? Já não basta fazer tua filha passar por tudo isso por causa de tu e desse arrombado?

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