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Rocinha - RJ
Gabriella 📌

A cada momento chegavam mais pessoas, eu só comia, é o que eu mais faço de melhor. Comer.

Uma mulher veio caminhando na nossa direção, ela estava do lado do Jacaré, tinha um homem do lado deles também, era o mesmo homem que estava com o Falcão e o Pedro no dia do culto.

— Fala meus bons. — o homem chega fazendo toque de mão com o Pedro e Falcão. — E aí.— fala comigo.

Gabi: Oi. — sorri fraco pra ele.

— Oi. — a mulher que tava do lado do Jacaré, fala comigo.

Gabi: Oi, tudo bom? — sorri simpática, tentei pelo menos.

— Tudo sim. — deu um sorriso — Manuela, e tu?

Gabi: Gabriela.

Manuela: Namorada do Foguinho? — nego na hora.

Foguinho: Minha irmã. — passa o braço pelo o meu pescoço e eu olho para ele com um sorrisão no rosto. Irmã.

— Azevedo. — o homem se apresenta.

Gabi: Prazer. — ele sorriu e pegou um banco, sentando. Manuela sentou do meu lado e os homens ficaram conversando.

Manuela: Tu é nova aqui? — nego — Nunca te vi por aqui, e olhe que eu moro aqui desde que nasci.

Gabi: É uma história longa, mas eu sempre morei aqui, mas não era acostumada a sair de casa... — respiro fundo, não querendo me aprofundar no assunto — Moro com o Foguinho. — ela assentiu — Nova nesse meio aqui, mas no morro, tô desde que nasci.

Manuela: Não sabia que ele tinha irmã, pensava que ele só tinha irmão. — fala realmente surpresa.

Gabi: Ele é um um irmão que a vida me deu. — era sorriu, entendendo.

Manuela: Sou mulher do Jacaré. — ela olha para um lugar fixo, mas não me encara — Tenho um filho.

Gabi: Como é o nome dele?

Manuela: João, tá com a avó, porque esse menino é bronca, apronta mais que brincadeira — acabo rindo.

Gabi: Com esse corpo eu nunca diria que tu tinha filho. — ela riu.

Manuela: É as cirurgias mulher, uma atrás da outra, agora vou sustentar meu corpo. Não nasci com a tua sorte. — olho pra ela sem entender. — Com esse corpo aí, toda empinadinha, um cabelão desse, se eu tivesse teu corpinho, usava cada shortinho.

Gabi: Nem é isso tudo, você é muito linda, seu corpo é de mulherão. — ela riu, me fazendo tirar o olhar dela e olhar para umas pessoas chegando.

Forço minha vista um pouco, até ver a mesma menina que entrou na minha sala, aquela tal de Sofia. Ela chegou e o Jacaré foi indo na sua direção, quando chegou nela parecia da um sermão na mesma.

Manuela: Conhece ela? — tiro minha vista da menina, olhando para ela — Sofia, conhece?

Gabi: Ela chegou faz pouco tempo na minha sala.

Manuela: Filha do Jacaré, morava com a mãe na pista, mas resolveu vim morar com o pai. — tiro o olhar deles dois e volto a olhar para ela.

Gabi: Ela parece com ele.

Manuela: Sim. Ela não gosta muito de mim, eu até entendo ela e não me orgulho disso. — olho curiosa — Vou te contar porque achei você uma pessoa boa. — sorri pra ela — Na época eu tinha dezeseis anos, Jacaré chegou em mim e a gente ficou, mas eu sabia que ele era casado e tinha uma filha de onze anos, mas mesmo assim quis ser amante, e isso foi uma das piores coisas que eu já fiz na minha vida. Me senti culpada por vários dias, mas ele sempre vinha atrás de mim e eu não resistia, resolvi me deixar levar pela paixão. Quando a mulher descobriu surtou, falou que ia levar a menina embora, que ele nunca mais ia ver ela, e várias outras coisas. Eu me arrependo, mas eu tava apaixonada por ele, eu não resistia. Eu acho que por isso eu tô pagando com a mesma moeda. — fala de cabeça baixa, mas logo levanta, me olhando.

Gabi: Eu não sei o que é sentir amor, nunca senti, mas acho que deve ser uma coisa que a gente não controla, só sente. — ela concordou — Se você se arrependeu, eu não te julgo, é uma coisa que você não controlou, só aconteceu.

Manuela: Eu era muito ingênua na época, tava descobrindo o mundo ainda, me deixei levar e deu no que deu. — ela respira fundo — Enfim, vamos mudar de assunto. Você ainda estuda?

Gabi: Tô no terceiro ano.

Manuela: Não diria que tu estudava, pensava que tu já tinha uns vinte anos. — nego.

Gabi: Falta apenas quatro meses pra eu terminar, e eu não vejo a hora. — ficamos batendo maior papo. Apesar de algumas coisas que descobri, Manuela é bem legal.

Não é aquelas mulheres dos chefes que se acham, ela pelo menos reconhece o erro.

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