O vagabundo e a Dama

24. Você conhece Kang Hyelim?!

       Hyelim folheava as páginas de seus álbuns de fotos, olhando as imagens que guardavam para sempre a infância de seus filhos. Tinha fotografias de Yeosang quando era criança, de Haerin recém nascida, as fotos das formaturas da escola de Taeoh.

Sentia falta de ter todos os filhos pequenos. Agora dois deles estavam casados e Haerin era quase adulta. Eles estavam todos indo embora, e mal pode aproveitar a vida dos filhos, nem os viu crescer. Quando percebeu, eles já estavam grandes.

        Essas eram as desvantagens de ter um trabalho de tanto sucesso e tão desgastante.

       Passou outra página, lá estavam as fotos de quando ela engravidou do terceiro filho. Nelas, Hyelim acariciava a própria barriga, tinha um enorme sorriso no rosto e os longos cabelos que costumava ter na juventude. Ela sorriu para as fotos. Se ela pudesse ao menos ter visto como era o rosto de seu filho...

      Uma lágrima escorreu por suas bochechas. Ela rapidamente a secou quando ouviu Haerin entrar no quarto.

      -Oi, mãe... o que tá fazendo? Está vendo fotos? Não tenho nada pra fazer. -A menina se sentou ao lado da mãe. -Posso ver também?

      -Claro. -As duas encarraram as fotos.

      -Aqui você estava grávida do Yeosang? Não parecem fotos tão velhas.

      -Não, não era dele. -Haerin franziu a testa.

      -Mas não parece ser de 2006, quando eu nasci...

      -Não é, meu bem. É de 2000.

      Haerin franziu a testa de novo. -Que...?

       -Eu engravidei um ano depois de Yeosang nascer, mas esse filho não nasceu vivo...eu tive um aborto perto do nascimento dele. Por isso costumamos dizer que você é um milagre...normalmente quem sofre abortos espontâneos não consegue ter filhos de novo.

      A mulher fez carinho no rosto da filha, colocando as mechas de cabelo ruivo dela atrás da orelha.

      -Por que...você me trata melhor do que meus irmãos, mãe?

        A mulher suspirou. -Acho que me frustrei demais quando perdi meu menino, Haerin...e depois, quando os garotos cresceram e saíram da gaiola que eu queria que eles ficassem, me frustrei ainda mais. Mas eu os amo, Haerin...eu só não consigo demonstrar.

        A menina franziu os lábios. -Yeosang tem muito ressentimento por você. Ele sempre te admirou e correu atrás da sua atenção, mas você nunca ligou. Hoje ele só...desistiu.

Hyelim olhou para a filha, os olhos lacrimejando. Ela mordeu o lábio e fungou.

-Eu idealizei meus filhos de um jeito que não consegui cumprir as expectativas. Meus filhos não são bonecos que eu posso controlar.

       -Então por que você continua tentando controlar eles?

       -Porque...seu pai precisa disso. -Hyelim suspirou. -Ele precisa que Yeosang fique casado com Chaehyun e que Taeoh cuide da empresa...

       -Você sempre fez tudo que o papai pediu?- Haerin olhou para a mãe, indignada. -Sempre?

      Ah.

      -Sim. Ele é meu marido...eu o amo, eu faço tudo por ele. Se seu pai disse que precisa de algo, eu vou buscar para ele, eu não ligo. Ele é a pessoa mais importante da minha vida.

        E enquanto isso, o senhor Kang se esgueirou pela porta dos fundos, passando pelo único corredor sem câmeras e a única saída que ninguém o veria.