XIX

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Por Arin

— Meu Sol...

A voz vibrou pelo meu quarto e parei de respirar no impulso. Tinha escutado parte da conversa e estava vibrando pela sua viagem, mas nem tudo parecia simples.

E nada com Lucien era.

— Sim? — contestei com um sorriso, porque, apesar da sensação, não estávamos mal.

— Venha aqui — segurou meu rosto para selar nossos lábios e então sentou-se na minha cama, pedindo para que eu fizesse o mesmo. — Os dias vão passando e não gosto de me separar de você, é assim que as relações funcionam...

— É bom ter sua companhia também. Especialmente quando você acorda divertido — alertei.

Eu o fiz rir. Sua mão gélida encontrou a minha.

— Estou tentando ser esse homem para você, pode acreditar. Não sabe o trabalho que está me dando lá fora, mas estou tentando trazer o melhor de mim para essa relação.

— Eu sei...

Não sabia. Tudo com ele era uma troca sem fim, inclusive sua própria bondade que não aparecia em vão.

Engoli seco, por instinto.

— Sabe que nas relações arranjadas, o amor vem depois do acordo. Não te amava quando seu pai me ofereceu você, mas sua essência e beleza fizeram isso fácil para mim, minha adorada — disse, tocando meu rosto e afastando uma mecha de cabelo. — Até que para um homem solitário por certo tempo, não foi difícil aprender a te amar. Estou envolvido nisso tudo e em você.

— Você sabe que isso vai demorar um pouco mais no meu caso, mas estou satisfeita sobre tudo — suspirei, encarando nossas mãos e tentando manejar as palavras da melhor forma possível. — Gosto de quando estamos bem, de não ouvir brigas entre vocês ou de quando discordamos. Estou tentando ser uma boa namorada e entrar no seu mundo, mas tenho alguns desejos e gosto quando vejo que os aceita.

— Se quer dizer sobre o orfanato, quero que pense nele como seu, querida, porque em breve será — Lucien apertou minha mão e seus olhos claros me investigaram. — Case comigo, não quero que soe como uma obrigação. Apenas me diga sim.

Concordei com a cabeça, assinando uma sentença dolorosa, mas sabia como seria se fizesse o contrário. O Lucien real me olhava por debaixo dos cílios, esperando uma oportunidade para colocar o mundo abaixo.

— Sim — ofereci um sorriso. — Acho que está chegando a hora.

— Oh, está sim — Beijou minha mão. — Preciso viajar amanhã, mas dentro de uma semana nos reunimos em cartório e nos casamos, está bem?

— O que? Uma semana?

Levantei tão rápido da cama que senti uma vertigem. Realmente pensei que poderia ganhar mais tempo das minhas obrigações, mas Lucien sempre estava um passo a frente de qualquer um.

— Algum problema?

— Não, claro que não!

— Noivas são nervosas por natureza... — riu e se levantou, revelando uma caixinha que retirou do bolso. — Trouxe algo para sacramentar isso entre você e eu, um noivado sem câmeras e telespectadores. Quero que tenha uma lembrança minha enquanto não estou. — É rara como você.

Conhecia bem a peça que se revelou: uma pérola negra em um anel de ouro. Diferente, eu diria, mas especial.

Eu estava noiva e por apenas uma semana.

Vendida para casarOnde histórias criam vida. Descubra agora