XI

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Por Arin

O que estava bem à frente dos meus olhos?

Uma loira alta, de seios enormes e um vestido curto e laranja, procurando por William.

— Will está? — Tentou olhar para dentro.

— Quem gostaria de saber? — Meu nariz estava tão empinado que podia quebrar.

— Penelope, a namorada!

— William, sua namorada está aqui.

Ela sacudiu sua mão frente ao meu rosto, com sua prata reluzente quase se esfregando em mim.
Cerrei meu punho como se quisesse bater em mim mesma. É claro que um homem daquele porte e com aqueles atributos — músculos — e uma inteligência incomparável teria alguém.

Meu sangue borbulhou enquanto via cenas na minha cabeça. Todas as suas frases de duplo sentido comigo, seus beijos, seu desespero em me tocar ou ficar bem comigo e, principalmente, o que aconteceu no quarto dele. 

Então é assim, ainda que você namore, pode ficar nu na frente de alguém?

Não há cultura que aceite isso, estou bem certa.

E outra coisa, se ele sempre namorou essa escandalosa, por que fez uma cena sobre Mehmet?

Ah, Mehmet...

Não! Não posso pensar nele só porque estou nervosa. Sem recaídas. Ainda mais porque não sei onde ele está, nem menos posso perdoar a maior traição que levei.

O anel daquela garota dançando frente meu rosto estava me irritando e foi logo ali que o descarado mór chegou.

— Penelope, o que faz aqui? — Sua expressão tinha um leve espanto e não deixava de olhar para nós duas, ao mesmo tempo.

— Amorzinho! — Entrou como um foguete, se esbarrando em mim e se atirando nele. — Encontrei seu pai e ele disse para eu jantar aqui.

— Lucien? — Disse, espantada. Como sou burra.

— Isso, o pai dele chama Lucien. Que bonitinha ela é, Will. — Riu, dando-lhe beijos na face... E na boca.

— Um amor! — Will respondeu, tentando desvencilhar de seus beijos. — Papai sabe que não há jantar hoje, então por que essa proposta?

— Porque ele quer que eu me torne amiga dela. Disse que Arin fica sozinha aqui e quer uma ajudinha, isso não é ótimo? — A animação da loira falsa me dava vertigem.

— Não! Digo... É cedo para inundar a mente de Arin com coisas e pessoas. Não sei se ela está disposta.

— Vai estar! Somos família. Quando casarmos, é o que vamos nos tornar. 

— Casar?

Casar.

Ignorei todas as seguintes palavras e subi para o meu quarto. Para que continuar aturando tudo se, como a própria estranha disse, logo seríamos família?

Resvalei meu corpo contra o macio colchão da minha cama e me afundei nele. De longe, ouvia a risada barata daquela mulher.

Por que William se fez de ofendido, sabendo que eu namorava, se fez exatamente o mesmo? Nós somos feitos da mesma canalhice, pelo jeito. Tirando o fato que se eu apenas imaginasse, nunca teria faltado com respeito à honra de uma mulher — mesmo que ela não saiba o que fiz.

Minha cabeça insistiu, sem trégua, à me fornecer lembranças dos beijos daquele homem e de seu olhar que parecia me desejar e apenas a mim.

Meu corpo se aquecia ao lembrar e se esfriava por saber que havíamos batido em um iceberg. 

Vendida para casarOnde histórias criam vida. Descubra agora