XVIII

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Por William

Aquela boca era tudo que sempre precisei.

Mesmo que essa fosse a ironia da minha vida, porque beijos nunca me acalmaram ou me deixaram de quatro por ninguém — nem mesmo na puberdade. E, agora, estava me matando como um cão sedento de água.

E da sua dona.

Tomar um banho gelado às duas da manhã não era minha coisa preferida, mas se não tomasse providências, meu corpo me trairia, se tornando irracional. Meu membro duro pulsava e insistia por ela e aquilo era um adianto de que não sabia quão longe poderia ir ou esperar. O mesmo cruzava aquele olhar e aquela respiração quando nos deixamos.

Minha mão começou a se movimentar depressa e de modo intenso por toda a extensão. Podia ser ela. Deveria. E meus músculos tensionavam em busca do que nunca tive. Minha imaginação deu passagem à que fosse Arin quem estivesse manuseando, pedindo e implorando. Podia ouvir seu gemido como há minutos atrás e isso me levou ao delírio.

Se era verdade ou não, nunca saberia dizer, mas aquele exercício foi a única coisa que me ajudou a dormir sem cometer uma loucura.

Ela não estava em seu quarto na manhã seguinte. Meu faro dizia que também não conseguiu dormir. Estremeci ao pensar que a culpa poderia atacá-la novamente, criando uma nova distância entre nós enquanto meu pai ganhava território. Adentrei seu quarto, como se ela estivesse escondida em qualquer parte daquele lugar.

Suas cortinas se moviam preguiçosamente, como ela durante cada manhã e me aproximei da janela. O sol anunciava um dia menos nublado e pude ouvir seu riso próximo à uma de nossas roseiras. Antônio orgulhosamente apontava os pés e árvores que tínhamos, dando à ela mais e mais histórias.

Aquele não seria um dia ruim para Arin. Agradeci mentalmente por aquilo, no entanto, senti inveja da rosa que era dedilhada com cautela — bem como eu gostaria na noite anterior.

Minha imaginação ainda me mataria.

— Senhor William, deseja algo?

Daisy entrou com um punhado de lençóis e coisas para arrumar o quarto. Era minha deixa para dar o fora.

— Estava procurando por Arin, mas já encontrei. E meu pai?

— Saiu há uns 10 minutos.

Isso explicaria o riso fácil que acabava de ver. A casa estava ligeiramente feliz.

— Obrigado, Daisy. Tenha uma boa manhã.

Ela ofereceu um sorriso curto a medida que começava a cuidar do quarto. Não podia imaginar o que cruzou seu pensamento ao me ver ali, mas foi melhor não ouvir nada de sua boca.

Um café curto me preencheu e evitei atrapalhar a conversa dos dois. Espiava da janela enquanto o gosto quente e doce descia pela minha garganta.

Claramente aquele não era feito por Daisy e sim por ela.

— Agora a senhorita é dona das rosas também e de todo o jardim — Antônio explicou, com seu sotaque especificamente mais espanhol naquela manhã.

— Acha que posso plantar mais coisas aqui?

— Por que não? Ele só não está abandonado porque trato de regar, depois que a Senhora Wyatt partiu, elas...

Houve um silêncio e ambos olharam em direção à porta entre a cozinha e a varanda, onde eu estava. E, claro, me viram plantado ali, apenas desviando o olhar.

— Bem, você entendeu, menina — Antônio continuou e pude perceber o sorriso em sua voz. — Faça o que precisar. O importante é que esteja feliz aqui.

Vendida para casarOnde histórias criam vida. Descubra agora