XXIV

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Por William

Quando tudo se acalmou e o efeito do álcool realmente sumiu, entendi que estava sendo vigiado. E com vigiado, queria dizer que não era como nos filmes.

Aquele homem, Arthur, provavelmente fazia parte dos negócios do meu pai. O jeito de falar e o sotaque pareciam ao da ameaça que recebi por telefone. Ainda que a voz tivesse um efeito por cima, não era loucura minha pensar que se pareciam.

Perdi uma parte da tarde atravessando a cidade rumo ao bar, atrás de respostas que sabia serem difíceis de conseguir. Para minha má sorte, o dono do bar alegou nunca ter visto nenhum de nós antes da fatídica noite e que a câmera externa estava quebrada — o que duvidei, mas para conseguir mais do que isso precisaria de um mandato ou uma ameaça que apenas Dill teria movido céus e terra para fazer acontecer.

Dill.

Esse foi o nome que piscou na tela do meu celular no mesmo instante que pensei nele.

— Cara, você não vai acreditar nas coisas que descobri e confirmei.

— É sobre o espião? Onde você está? — perguntei, me lançando para dentro do carro.

— Em casa, nada se fofocas por celular. Sabe como funciona.

Nem um piloto de fórmula um poderia ser tão rápido como eu. A curiosidade e ansiedade me moviam e, se dirigi bem estando bêbado como nunca, me sentia um piloto de fuga oficial.

— Dei meu jeito no banco e consegui certas coisas — Ele estendeu a mão, me entregando extratos impressos. — Não é muito, porque essas situações envolvem dinheiro vivo, mas isso me diz que seu querido papai era um agiota... Que provavelmente agora deve à outros agiotas.

— O que?

Os números da sua conta eram assustadores, uma constante movimentação que abaixava mais e mais seus fundos e rendimentos. Papai estava perdido.

Assim como o nosso legado poderia vir abaixo muito em breve.

— Tem alguma explicação? — perguntei.

— Ainda não, mas apostas seria a melhor hipótese. O baile até ajudou, mas o pai da Penelope comeu uma boa parte daquele dinheiro.

— E provavelmente me apresentou a Penelope para aliviar a divida — rolei os olhos. — Ótimo.

— Vamos dizer apenas que seu pai tem um ligeiro fetiche por casamentos de conveniência — sugeriu, dando um sorriso esperto.

— Ha-ha, que engraçado — Bati com o maço de folhas em seu biceps. — Falando nisso, como conseguiu essas pistas?

— Digamos que a gerente foi substituída por uma querida velha amiga...

— Como sempre, métodos não legais — ri, voltando à analisar os papéis.

— Mas efetivos sempre! Nem tanto na questão desse Arthur, mas vou usar outros métodos.

— Só tem uma transação para um Arthur Fields esse ano. O valor é alto...

— Eu sei. Aparentemente dono de uma transportadora na Filadélfia.

— Seria muito louco se quisesse uma foto desse cara?

— Vou tentar. Isso se ele não nos perseguir outra vez.

— Argh! O que ele quer?

Passamos a tarde discutindo teorias de quem era e porque estava atrás de mim. Das mais simples até as mais absurdas, mas não passavam de suposições.

Vendida para casarOnde histórias criam vida. Descubra agora