XXVI

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Por William


Quando se está no topo, o único lugar para ir é ao solo. E a queda dói.

Era tão dolorido quanto amar Arin e não poder possuí-la. Apesar de que aquele dia, sim o fiz.

Então, o que mais podia me importar?

Exatamente, a chegada de um filho meu com uma mulher que não amava. E seu pai em minha sala, me ameaçando com seus homens me segurando e me dando golpes quando neguei me casar.

Enquanto meu corpo tremia e o estômago se revirava em dor, me dava conta de que os Sheffield eram tão perigosos quanto meu pai e que, por isso, eram sócios nas mais baixas sujeiras de Seattle e região.

Isso me colocava em uma posição como Arin vivenciava com meu pai — uma vida de ameaças e uma relação sem amor.

Essa é a ironia da vida. Às vezes, você simplesmente se torna o que mais critica.

Meu acordo, no entanto, foi um pouco diferente. Aceitei viver com Penelope, mas não aceitei o casamento de imediato. Tudo o que aquela mulher era me ter ao lado e eu dei.

Mais ainda sabendo que Arin não queria me ver. Papai fez questão em dizer que ela estava pessoalmente feliz por mim e que achava respeitoso que eu morasse com a minha nova família.

Arin estava me odiando e a conhecia bem para saber que nada do que eu dissesse ou fizesse amenizaria seus sentimentos. Em uma das nossas conversas, ela me contou sobre como mães turcas são dedicadas e que dão a vida ou a felicidade pelos próprios filhos.

Se somasse isso à ela ser a adoradora número um de crianças...

Era um caminho sem volta.

Restava virar o jogo e descobrir algo que os incriminasse. Mais ainda meu pseudo sogro e trabalhava nisso noite e dia.

Dillon resolveu ir até a Europa e pesquisar bancos, conexões e nomes. Chamando isso de férias, papai sequer se importou e era justamente o que precisávamos.

Minha parte, agora, era ter acesso livre à outra grande mansão. Ali, encontrei provas de super faturamentos e uma senha de um banco na Suíça. Se queria roubar aquele homem? Não mesmo, mas se isso me conectasse à qualquer nome, ficaria feliz.

Durante o dia, um agente secreto e pelas noites, um marido exemplar... Ou quase, porque neguei cada uma das investidas da mãe do meu filho. Camisolas, banhos de porta aberta, danças, até mesmo se masturbar ao meu lado antes de dormir.

Penelope era mesmo uma mqquina de sexo e sabia disso quando cedi ao seu corpo por meses, mas agora havia Arin e mesmo que não a visse nos últimos dias, seu perfume me acompanhava durante os dias em que visitava rapidamente a casa de papai. Precisava me conformar com o mínimo, na esperança de que sairia disso. Ou sairíamos logo, juntos.

Minha escolha era e sempre seria Arin. Pela primeira vez na vida não deixaria que meus desejos momentâneos me sufocassem, fazendo de mim quem não era mais. Não sucumbi à nenhuma investida, mesmo que até mesmo Dillon duvidasse do feito. Ou não feito, para ser mais claro.

Duas semanas tormentosas e sufocantes antecederam o dia que nunca esqueceria.

Penelope saiu no fim da tarde, alegando que uma amiga terminou com o namorado e estava prestes a se matar — o que não deveria ser literalmente verdade, mas era assim a linguagem das patricinhas de meia idade da cidade.

Entrei no chuveiro logo em seguida, sabendo que ela não voltaria para dar qualquer passo a mais sobre isso. Aquele fora um banho em paz, diferente dos últimos. A água parecia levar parte do que pesava no meu interior, tal como o barulho das rodas que afastavam Penelope de mim.

Vendida para casarOnde histórias criam vida. Descubra agora