XII

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Por William

Eu era um tolo encantado pelo projeto de vestido da mulher à minha frente. A maneira como ela se impôs ao meu pai, em tão poucos dias, eu não tinha feito a minha vida inteira — ou tinha, mas não funcionou para mim.

Conseguia ver ao fundo daquelas esferas verdes um pouco de medo do que ela estava fazendo ou se metendo, mas o seu desenhado queixo estava tão imponente e para cima que ela não se permitia encarar o medo por debaixo dos olhos.

Antonio abriu a porta de trás da BMW branca e tão querida de papai que, por alguma razão, não quis usar sua limusine no baile. Talvez porque quisesse aparentar o quão nobre e engajado é e está nesta nova causa e o quanto está mudando para transformar o mundo.

Risos.

A porta bateu ao meu lado e ali estávamos nós dois, tendo Arin em nosso meio. Quando o carro deu a partida, a morena cruzou as pernas e colocou todo o cabelo sobre um dos ombros, mantendo o olhar para frente, onde via grandes luzes assim que entramos na Avenida principal.

Gostaria de acompanhar seu olhar, mas, bem como meu pai, estava encarando as coxas firmes que se revelaram um pouco mais para nós. Meu pai sorriu como se estivesse encarando seu banquete — o que não deixava de ser — enquanto eu me lembrava de afastá-las para mim e estar bem ao meio delas.

Não como eu queria, mas de alguma forma que eu precisava.

Senti um dedo ao meu queixo e notei que ela fazia o mesmo procedimento também com o meu pai, levantando nossas cabeças à nível de rua. Patéticos, estávamos encarando tão precisa e descaradamente que a despimos mentalmente e de uma forma que ela sentira. É bom sentir o desejo de alguém, mas não de forma intromissora.

— Apreciem a vista, rapazes. Faz uma noite linda em Seattle. — Disse, sorrindo de modo desafiador.

— Ah, você verá tantas noites como essa, meu sol. Prometo que sairá frequentemente, não pode morar no quarto a vida toda. — Papai pousou sua mão no joelho de Arin, que recuou e limpou a garganta.

— Mesmo que eu me vista como quiser?

— Você vai se acostumar à ser uma cidadã americana, eu espero. E espero que você não precise destruir todo o meu guarda roupa para isso.

— Também há o de Will.

Papai resolveu não deixar as coisas péssimas quando notou que estávamos virando a rua e chegando ao local da festa, então apenas riu conosco.

A forma como ela disse meu nome e apontou para mim, despreocupada e divertida me mostrou o quanto estava tentando, duramente, que aquele dia fosse bom para todos. E ela tinha razão, não fazia o menor sentido que armássemos uma guerra se todos queriam o mesmo àquela noite — ajudar pessoas e arrecadar fundos. É claro que meu pai faria de tudo para se beneficiar, mas ainda assim, lucros iriam para o nosso orfanato.

Então era isso, o lado professora de Arin estava aflorando bem sob meu olhar. Sua certeza, rebeldia e confiança faziam parte de um propósito.

Ah, mulher, desse jeito eu ofereceria minhas próprias calças se isso atendesse seu pedido e trouxesse lucros!

O carro estacionou e a calçada estava ao lado da porta do meu pai, o que o fez sair primeiro sobre um tapete vermelho. O patriarca da família fazia isso tão bem. É claro que ele havia feito isso centenas de vezes, mas algo brilhava em seus olhos toda vez que podia impressionar com seu dinheiro e luxo. Dessa vez, seu sorriso era mais amplo, desafiador e cretino, o que aumentou quando estendeu a mão para dentro do carro e unhas vermelhas agarraram sua mão e as pernas nuas se lançaram para fora. Cochichos se fizeram próximos ao tapete e flashes sem controle iluminavam nosso automóvel. 

Vendida para casarOnde histórias criam vida. Descubra agora