VII

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Por Arin

Istambul, 2017

Eu estraguei tudo.

Com Mehmet.

Com Will.

Comigo.

Eu sou um desastre total!

Desde que esse estrangeiro apareceu com esse jeito divertido, doce e sedutor, não consegui me desfazer da imagem e do desejo dos seus lábios contra os meus, dos seus beijos que trariam uma tempestade e também minha redenção. Do seu toque, ah, esse que eu notei estar pronto para acontecer até mesmo antes de dançar para ele na minha casa, propositalmente.

Eu tive, exatamente, o que queria e bem mais. Não imaginava que Will, estranho como parecia, poderia ser um selvagem e me tocar em pontos que nunca pensei que me pudessem excitar.

Corri e me afastei dele, mas seus beijos pareciam vivos e suas mãos ainda pareciam estar em mim. Minha virilha vibrava e meu íntimo pulsava, tal qual meu coração. Se eu não ficasse longe dele por um tempo, entregaria tudo o que tenho e não posso à ele. 

O problema é que eu queria me entregar.

Respirei o ar fresco da madrugada quando alcancei a porta e me encostei na parede de concreto. Seu perfume ainda estava em mim e só de pensar que eu o veria em segundos, só queria que a noite continuasse como estava, mas era impossível. E errado.

Conseguia ouvir a música de fundo, Cold, do Maroon 5 e apesar da letra sentimental, seu ritmo fez com que eu me controlasse e voltasse à respirar no modo normal. A chuva de sentimentos e pensamentos veio à tona quando Will cruzou a porta.

Seu semblante estava pesado, com um pouco de fúria e seu abdômen marcava a camisa pelo seu jeito ofegante que eu não conseguia escolher se era por continuar excitado, por ter se perdido de mim ou por estar irritado.

Will não dizia nada. Bateu as mãos nas próprias coxas e as levou para os bolsos em seguida. Seus lábios, ainda vermelhos como se tivessem sido beijados naquele momento, se tornaram uma linha fina e era como se me cobrassem uma explicação, então eu soltei tudo.

— Eu não sei como tudo isso aconteceu. Quer dizer, sei! Deixei me levar por você e por essa coisa estranha que sinto estando perto de você e que não queria sentir, mas não sou uma vadia! Eu namoro mesmo, quer dizer, algo bem próximo disso e não queria te enganar, só aconteceu e... Perdi o controle. — Segurei meu cabelo entre os dedos, tentando controlar meu nervosismo. — Não deixa isso destruir sua relação com a minha família, por favor! Eles precisam de você.

— Arin. — Segurou meu rosto com as duas mãos. — Eu não estou te julgando! Você mesma disse, aconteceu. Seria absurdo te achar uma vadia por algo que também provoquei. Só quero que você pense em uma coisa, se a sua relação ou quase-relação fosse uma coisa boa o suficiente, isso não teria acontecido. Pense duas vezes antes de entrar em algo que já não está te completando. Eu não quero que você se machuque. 

— Já acabou tudo, Will, quem vai continuar em uma relação comigo? E, para completar, você vai embora amanhã. Nossa, eu sou tão sortuda! — Ri e ironizei. Nada podia estar pior.

— Mas eu volto no momento em que precisar de mim. O que acha que sou? Acha que te deixaria enfrentar problemas que também causei?

— Foi um beijo consentido, você não tem nada com isso. Quer saber? Esquece. Vamos embora.

Tudo que eu queria era ficar entre os seus braços e deixar que o mundo acabasse ao nosso redor, mas não podia. Estar totalmente vulnerável à ele era um erro que não poderia voltar à cometer.

Vendida para casarOnde histórias criam vida. Descubra agora