XXV

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Por Arin


Como batimentos cardíacos, a vida é feita de altos e baixos. E, naquela manhã, eu estava no topo.

Mesmo depois de ter rastejado na lama por dias e dias.

William era o sol na minha vida, parte do meu grande céu que se completava com as crianças que me acolhiam cada dia mais. Vê-lo repousar ao meu lado era sinal de paz.

Esquecemos as cortinas abertas — até porque era impossível pensar em algo além de nossos corpos se entrosando — e o sol me despertou.

Sua pele estava ainda mais viva com os raios o banhando por toda a parte que o lençol não cobria. O braço atrás da cabeça revelava músculos firmes que me sustentaram por horas. Aquele corpo era uma escultura grega e parecia ainda parte de estar dormindo. Deslizei os dedos pelo seu abdômen e subi sentindo sua pele macia e definida, ao chegar no seu maxilar me surpreendi com um sorriso sonolento.

— Não quis te acordar — introduzi, em voz baixa.

— Provavelmente ainda esteja sonhando... — Seu sorriso se abriu mais quando sua mão me puxou contra o seu corpo.

— Não está, me sinto deliciosamente dolorida — confessei.

Seus olhos aqueceram e desenharam meu corpo. Aquela sensação me inebriava cada vez e minha boca dizia coisas até sem pensar.

— O suficiente para negar um round matinal?

— Não mesmo!

Rolando sobre mim, senti sua excitação já latente e me deixei levar pelos seus lábios e toques únicos até que seu despertador nos perturbasse ao avisar sobre uma reunião importante com fornecedores da fábrica, algo que ele havia se encarregado pessoalmente desde que Lucien viajou.

Relutamos antes de nos soltar, mas pedi o café enquanto ele tomava banho. Podia ver sua silhueta ao dispor as coisas da bandeja sobre a mesa e era como uma miragem.

Amava um homem que existia apenas em filmes. Perfeito em corpo e alma.

— Prometo que volto no começo da tarde e te levo ao orfanato. Durma mais um pouco, sei como odeia o mundo nesse horário — sugeriu, limpando os lábios no guardanapo.

— Vou odiar quando você sair, então acho que o mundo precisa que eu fique na cama um pouco mais.

Ele sorriu antes de me beijar e concordar com a cabeça antes de ir. Não sem antes repetir que voltaria e aqueles olhos azuis não conseguiriam mentir nunca.

Meu cochilo tomou toda a manhã e acordei ainda mais renovada do que estava, planejando dar aulas de reforço até o começo da noite para cobrir minha falta matinal. Uma ducha quente e um vestido fresco eram tudo o que eu precisava à fim de esperá-lo. Respondi a mensagem de William indicando que almoçaríamos juntos segundos antes de ouvir algumas batidas na porta.

— Benim Aşkım! — cumprimentei ao abrir.

— Meu amor! Isso mesmo. Como sabia que era eu? Coisas de marido e mulher, suponho.

Lucien.

E nem mesmo uma briga diminuiu seu tom cheio de si.

— Imagino que sim — respondi, engolindo seco. — Como me achou aqui?

— Meu filho é muito previsível, Arin e não te ofereceria menos do que tudo isso. Fico feliz, é o que merece.

Sem pedir, ele se sentou na ponta da cama e gemeu, tocando as costelas. A briga tinha deixado suas marcas, mesmo que ele negasse em público.

Vendida para casarOnde histórias criam vida. Descubra agora