Por Arin
Cem mil dólares.
Eu tinha mais do que isso para ajudar as crianças que nem conhecia, mas sentia minhas de algum modo.
Todas as complicações da festa não se comparavam à como eu me animei quando a mesma se encerrou. Meu corpo parecia entorpecido de tal modo que haver estado na casa de Penelope, dançando com outro homem e me vendendo, mais uma vez, foi algo à ser ignorado completamente quando meu corpo se resvalou contra a cama.
Ah, e ainda havia Will e toda nossa conversa durante a festa. Mesmo enrolada em um emaranhado de lençóis e edredom seu cheiro parecia marcado em mim. Ao acordar, literalmente nos esbarramos na cozinha. Com uma caixa de leite em mãos, parecia ainda estar de pijama, com uma calça de moletom cinza e uma camiseta ligeiramente azul. Seus olhos se acenderam para mim e encarei meu vestido florido.
— Bom dia, meu sol. — Imitou seu pai, com um sorriso desafiador.
— Bom dia, pequeno Lucien. — Agarrei a caixa de sua mão, despejando um pouco no primeiro copo limpo.
— Está pronta para sair? — Puxou a caixa de volta, regando seu cereal.
— Sair?
— Pensei que tivesse pressa para conhecer as crianças. — Deu de ombros, levando a colher à sua boca.
— Você quer dizer que vai me levar? Hoje? — Levantei do banco, praticamente antes de sentar.
— Sim. Tome café primeiro, nada vai sair do lugar. — Riu, despreocupado.
— Não vou conseguir. Sabe quanto tempo não vejo uma criança? E... Várias? Com todo aquele dinheiro? Elas vão ter algo bom, Will!
Seus curtos cachos se sacudiram junto com sua risada. Eu devia estar patética, visto que sempre falo sem parar quando me empolgo, mas, ainda naquele riso, ele parecia gostar do que estava vendo. Eu pulei e ri, sem controle, no que ele se apressou com seu prato e apontou para que eu, pelo menos, bebesse do meu copo antes de irmos. E assim o fiz.
Não demorou para que ele se vestisse e me guiasse ao que supus ser seu carro particular.
— Não vamos com Antonio? — Indaguei.
— Daisy e Antonio estão fora hoje, papai precisou deles. Ou acha que como cereal todos os dias? — Sorriu, dando uma piscadela logo que abriu a porta de seu carro. — Vamos ou vai desistir agora?
Tomei uma respiração forte e me sentei, antes que mudasse de ideia. Não era como se nunca houvéssemos dividido um carro ou estado sozinhos, mas depois de tudo, sabia que sua companhia poderia ser um perigo iminente à minha sanidade.
Durante todo o trajeto, sua expressão era leve e animada. Não o conhecia tanto assim, mas parecia óbvio dizer que ele tinha a mesma vontade de ajudar essas crianças que eu.
•••
Um grande portão de ferro entrelaçado e enferrujado formava um W em sua superfície. A caixa de correio no canto trazia algo dourado, seguramente revestido de ouro, sendo a única coisa que ainda reluzia naquela entrada. Minha imaginação se acendeu, podendo imaginar como aquele ambiente era imponente e bonito antes de parecer um trecho de filme de terror.
Dois homens abriram os portões para que a Lamborghini preta seguisse seu caminho. A grama trazia um verde escuro e desgastado, mas trazia algumas flores em seu caminho. Definitivamente, se houvesse algum cuidado, seria a paisagem mais verde daquela parte da cidade. Seria lindo ver as crianças tendo contato com algum tipo de natureza, mas com o silêncio em que nos debatemos, elas sequer chegavam à essa parte do ambiente.
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Vendida para casar
RomanceArin Yasaran é uma jovem turca que apesar de viver sob altas imposições familiares, possui uma dose de rebeldia sob a pele. Sua vida está de pernas para o ar quando conhece o americano William Wyatt, filho de um empresário importante que viaja à Tur...