39. entrando pela janela e pegação

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QUANDO ALASKA OLHOU PARA o relógio durante a madrugada de sábado, o horário marcava duas horas. Ela havia passado a noite acordada estudando e revisando matéria para as provas bimestrais que estavam se aproximando, e uma parte de si parecia orgulhosa do seu esforço.

A outra, no entanto, parecia bem cansada.

Seus olhos azuis estavam pesados e ela não conseguia parar de pensar no fato de que não havia se encontrado com Andrômeda nos últimos dias por conta do castigo de seus pais; castigo esse que a impossibilitava de sair durante os próximos dois fins de semana. Por mais que não gostasse daquela sensação, ela não podia deixar de admitir que estava sentindo saudades da namorada.

Um calafrio abrupto correu por seu corpo ao pensar naquela palavra. Namorada. Nem havia ocorrido um pedido formal para que elas estivessem juntas, mas teoricamente ambas não estavam saindo com mais ninguém além de si próprias. Isso demonstrava que Andy estava mantendo exclusividade desde que as duas começaram a sair.

E, parando pra analisar, Alaska nem se lembrava ao certo de quando isso tudo começou a acontecer. Em um momento, elas eram somente colegas de sala que mal se encontravam. No outro, Andrômeda estava fazendo de tudo para conquista-la como se fosse um desafio do qual ela não podia correr.

A cabeça de Alaska se abaixou para a tela do computador; além de tudo isso, ainda havia o artigo que ela estava tentando escrever para a faculdade. Seus esforços em analisar o empenho de Andrômeda foram por água abaixo após as duas se beijarem pela primeira vez. Não tinha mais fundamento aquele artigo inteiro.

Com o touchpad do notebook, Alaska moveu o documento onde ela havia relatado diversas coisas sobre Andrômeda e colocou-o em um arquivo aleatório, já que não havia mais o que fazer. Andy tinha alcançado seu objetivo: conseguiu conquistar Alaska. Não havia mais porque insistir em se aproveitar da situação se ela não estava mais propricia a ser aproveitada.

No mesmo momento, alguém bateu na sua janela do quarto.

Foi um som estranho, o qual Alaska ponderou se tinha sido invenção de sua cabeça ou se tinha acontecido realmente. Poderia ser o som das massas de ar californianas empurrando o vidro da sua janela, ao invés de uma pessoa tentando invadir seu quarto.

Ainda assim, Alaska decidiu que seria uma boa ideia verificar. Ela caminhou até a janela que ficava de frente para a lateral de sua cama e a abriu, vendo uma cortina de fios castanhos por cima de olhos escuros e encantadores.

── Você pirou? ── foi a primeira coisa que a jornalista soltou ao ver Andrômeda pendurada no galho da árvore de frente para o seu quarto.

── Só um pouquinho ── ela piscou um dos olhos, espiando para ver se Alaska estava sozinha. ── posso entrar?

── Meus pais estão dormindo ── alertou, como se fosse um bom motivo para Andy ir embora. Mas, ao invés disso, parecia um bom motivo para ela permanecer.

── Melhor ainda.

Alaska acabou não conseguindo conter um sorriso com aquela resposta. Seu corpo recuou um passo, dando acesso para Andrômeda. Quando a latina saltou para dentro, os coturnos dela pisotearam o carpete do lugar.

── Sua avó sabe que você veio pra cá?

── Ela também está dormindo ── Andy deu de ombros. ── Tá afim de dar uma volta? Eu tô de carro.

── Agora? ── hesitou. ── Meus pais me matariam se eu saísse sem avisar.

Andrômeda desatou o laço dos sapatos, os retirando e pisando no chão com suas meias verde-limão. A maioria das meias de Andy eram coloridas e vibrantes, mas poucas pessoas conseguiam vê-las pelos calçados de cano-longo e calças compridas que ela usava.

ALASKA & ANDRÔMEDA ━ sáfico [✓]Onde histórias criam vida. Descubra agora