43. coração partido e fuga

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ANDRÔMEDA JÁ SABIA QUE tinha algo de errado no instante em que entrou na escola naquela manhã. Os olhares dos estudantes que estavam no corredor pareceram se concentrar nela, acompanhando os movimentos da latina desde sua chega até a sua ida ao armário. O mundo parecia ter se pausado sobre seu campo de visão, e ela não sabia ao certo o que fazer ou dizer para que tudo voltasse ao normal.

Então, ela abriu o cadeado e puxou a porta de metal, vendo um pedaço de jornal cortado bem em cima de seus livros e apostilas. Suas sobrancelhas se ergueram em estranhamento, porque ela não se recordava de ter deixado algum artigo de jornal ali.

Até que ela focou no título da matéria e seus olhos se arregalaram em um movimento inconsciente.

Merda.

Andrômeda ergueu a cabeça, olhando pelo corredor antes de fixar sua visão na direção da sala do jornal do colégio. Antes que ela tomasse alguma atitude para caminhar até lá e tentar falar alguma coisa, Alaska saiu do local. Ela usava roupas escuras e, ainda assim, elegantes. Não precisou falar nada para Andrômeda quando o olhar das duas colidiu. Elas estavam há menos de vinte metros de distância, mas parecia que estavam há milhares de quilômetros afastadas.

As sobrancelhas de Alaska se ergueram, como se desafiasse Andrômeda a tentar fazer algo. Andy já tinha visto aquele olhar: era o mesmo olhar que Alaska O'Brady lhe lançava quando elas mal eram amigas ainda.

── Andrômeda ── Jackson apareceu de repente, entrando no meio da troca de olhares de Alaska e Andrômeda. ──, precisamos conversar.

A latina olhou ao redor; todos estavam assistindo àquele momento. Era sufocante ter toda a atenção sobre você quando o motivo dela não era bom.

── Andrômeda ── chamou Jackson novamente, mas a voz dele pareceu estar se distanciando cada vez mais.

Em um movimento agressivo, Andrômeda enfiou o papel do jornal dentro do armário e o fechou com um estampido metálico alto demais. No instante seguinte, ela começou a caminhar a passos firmes e em silêncio em direção a saída. Ela estava quase alcançando a maçaneta quando Lewis Brooke entrou no seu campo de visão.

── Andrômeda...

Ela o ignorou, desviando do corpo dele e empurrando as portas que ligavam ao estacionamento. Andrômeda não estava conseguindo respirar direito. Seu corpo inteiro estava tenso e seu pulmão parecia precisar de mais oxigênio do que Andrômeda era capaz de captar.

Andrômeda Davis estava tendo um ataque de pânico.

── Andrômeda ── chamou Jackson, que pareceu estar correndo em sua direção conforme Andy tremia em frente ao seu carro.

Quando ele a tocou no ombro, o corpo da latina parou.

── Andy...

── Não. ── a voz dela soou fraca demais. ── Não diga nada.

── Eu não...

── Todos ── Andrômeda se virou, tentando controlar a respiração. ── todos eles...

── Andrômeda. ── Jackson tentou acalma-la, segurando-a pelos ombros. O gesto, no entanto, gerou mais pânico ainda nela. ── Ei, olha para mim.

Andrômeda começou a ofegar pela boca. O ar que escapava se materializava em fumaça por causa do frio. Andrômeda sentia seus músculos duros e, por mais bizarro que pudesse parecer, ela sentia seus órgãos tremerem.

── Eu tô com você ── ele disse, como se fosse necessário que ela ouvisse isso. ──, igual quando você esteve comigo quando me acertou com o taco de lacrosse no primeiro dia de treino. Ou quando você colocou pimenta no meu prato e eu fiquei vermelho por ser ardida demais e tentei beber todo o leite que você tinha em casa.

ALASKA & ANDRÔMEDA ━ sáfico [✓]Onde histórias criam vida. Descubra agora