17. retrucar e aceitar

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O CÉU NUBLADO DE HILL VALLEY não era muito reconfortante. Para Andrômeda, qualquer dia sem Sol era um dia triste. Era por isso que ela amava o verão e a primavera; e era por isso que ela odiava o inverno e alguns dias do outono.

Aquele dia era um dos quais Andrômeda repudiava.

Os tons cinzentos no céu e os ventos frios que as correntes marítimas frias da Califórnia levavam até Hill Valley eram dois dos motivos que fazia Andrômeda sorrir menos vezes durante a estação de outono. No verão, por outro lado, Andrômeda tinha a impressão de que muitas pessoas conseguiam adivinhar quantos dentes tinha em sua boca de tanto que ela ria e sorria por aí.

Alaska, por outro lado, adorava o clima frio. As cócegas da frente fria em sua pele, a forma como a neve se desfazia em suas mãos quando ela caía do céu e, especialmente, a maneira como ela parecia mais estilosa naquelas estações, usando suas botas aquecidas e seus cardigãs de lã. Tudo isso fazia com que Alaska O'Brady amasse a estação do inverno e de outono.

O olhar de Alaska e Andrômeda colidiu da mesma forma que o Sol costuma colidir com a chuva nos dias de verão. Foi estranho e diferente no começo. As duas nunca haviam se encarado antes. Mas, então, um calor suave e reconfortante passou pelos corpos de ambas as garotas.

── Vamos?

Alaska piscou para a pergunta de Andrômeda, vendo a garota balançando a cesta que havia comprado por duzentos dólares no leilão. O maior lance de todo o evento. Por um segundo, ela havia esquecido dos últimos acontecimentos, mas então sua mente recuperou o foco e ela girou a cabeça em busca de Sydney.

── Preciso achar minha irmã.

Andrômeda abanou a mão.

── Ela está bem. Saiu com o novo garoto que chegou na cidade. Jackson Kross. Sabe quem é?

── Claro que sei quem é Jackson Kross ── Alaska ergueu as sobrancelhas. ── ele foi o assunto do momento na primeira semana de aula. E parece que virou alvo das garotas após entrar pro time de lacrosse

── Bem, novos moradores sempre chamam atenção. Muitos costumam mais ir embora do que ficar em Hill Valley.

── É ── a loira fechou o bloquinho de notas. ── não vejo a hora de ser a minha vez.

Andrômeda franziu a testa para aquele comentário, mas não fez perguntas. Apesar de curiosa, ela compreendia que aquele assunto poderia ser uma boa forma de puxar conversa mais tarde. Ou talvez em outro dia, quem sabe.

Os olhos azuis tempestuosos de Alaska se direcionaram para cesta e, em seguida, para Andrômeda.

── Essa cesta não é minha.

── Mas tem seu nome na etiqueta ── Andrômeda apontou para o papel colado na tampa.

── Tá, mas não fui eu quem a fez ── cruzou os braços. ── e eu já disse, não tenho interesse em sair com você.

── Deveria. Me saio muito bem em encontros.

── Claro ── semicerrou as pálpebras. ── sua modéstia diz muito sobre isso.

Andrômeda voltou a sacudir a cesta.

── Você não vai morrer se seguirmos a tradição do leilão de cestas, sabia?

── É, mas, se eu o fizesse, estaria sendo hipócrita ── Alaska retrucou. Diante do olhar confuso da morena, ela prosseguiu: ── Sou contra o leilão de cestas. É uma forma de relembrar da cultura machista do século dezenove. Sabe, aquele lance dos dotes pagos pra se casar com uma mulher.

ALASKA & ANDRÔMEDA ━ sáfico [✓]Onde histórias criam vida. Descubra agora