02. segunda-feira e a megera

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ALASKA O'BRADY ODIAVA SEGUNDAS. Elas eram carregadas de mau-humor e estresse, onde pessoas idiotas e irresponsáveis perturbavam os demais com seus erros e incompetências.

O mau-humor e o estresse, no entanto, eram coisas que estavam constantemente presentes no dia-a-dia de Alaska. Um dia-a-dia cansativo e quase insuportável, onde cada célula e cada organela de seu corpo exigiam ao menos um segundo de descanso.

Ademais, vale constar que, no meio de todos os sentimentos ruins e frustrações que rodeavam Alaska, o grande motivo para tais emoções adquiria um nome e um sobrenome. E, apesar do nome e do sobrenome darem a impressão de que tal pessoa poderia ser um tanto quanto amável e bondosa, Alaska poderia afirmar com todas as forças que Liz Fields era o ser humano mais repudiante de todo o condado de Hill County.

── "Romeu e Julieta é uma peça de teatro romântica que representa o amor existente pelos adolescentes de todo o mundo. Todos os jovens deveriam ao menos dar uma chance para essa história de amor." ── Alaska estreitou as sobrancelhas, as arqueando enquanto o meio entre as duas parecia se enrugar. ── Não acredito que escreveu isso.

Ao abaixar o folheto entre mãos, a jornalista encarou a autora do artigo. A surpresa não estava evidente em seus olhos, mas todos sentados na mesa de reunião perceberam que havia um traço de arrogância e prepotência em seu semblante.

Alaska encarou Liz Fields; esse ato fez com que uma corrente fria de arrepio percorresse sua pele, a fazendo bufar involuntariamente.

── Não sei o que há de errado ── Liz se defendeu, erguendo as sobrancelhas cinzentas que ficavam acima de seus olhos cor de gelo.

── Claro que não sabe ── Alaska lançou o rascunho do jornal sobre a mesa, deixando a vista uma foto do livro de William Shakespeare juntamente da manchete escrita por Fields. ── Mas sou gentil o suficiente para apontar todos os seus erros.

── Por favor ── ironizou a garota. ── faça isso.

A mão de Alaska acertou a mesa com firmeza, demonstrando o poder que ela tinha sobre o Cosmonews, o jornal oficial do colégio de High Valley. Todos permaneceram em silêncio, principalmente Ramona Reed, que sempre tinha um comentário irônico e sarcástico para fazer no meio de uma discussão.

── "Romeu e Julieta" não pode ser comparado com o amor fantasioso adolescente. É insano, dramático, intenso demais. São famílias rivais que impedem seus progenitores de se casarem e, como consequência, há um suicídio duplo por falta de comunicação.

── Você está distorcendo as coisas ── as narinas de Liz dilataram. ── Se você ao menos lesse o que eu...

── Eu li ── Alaska interrompeu. ── Gastei dez minutos da minha vida lendo esse artigo ridículo, mal escrito e com falta de uma opinião própria que você escreveu. Tudo o que eu li dentro da sua matéria me diz que você pensou e escreveu esse artigo como se fosse uma adolescente de doze anos que acabou de assistir Crepúsculo pela primeira vez.

── Crepúsculo é ótimo ── Ramona pontuou.

── Esse não é o caso ── Alaska olhou para a morena ao seu lado antes de soltar um suspiro frustrado. Quando seus olhos se voltaram para Liz, ela empurrou o rascunho na direção dela, fazendo o papel deslizar sobre a madeira lustrada da sala. ── O caso é que a escritora firme e decidida que costuma escrever ótimas matérias não está presente na matéria que eu dei a você.

── Você me pediu uma crítica sobre a obra. Foi o que eu fiz.

── Não, você não fez uma crítica. Você simplesmente escreveu uma opinião infantil e romântica demais sobre Romeu e Julieta. E não preciso que os alunos daqui aplaudam a peça do colégio só porque dissemos no Cosmonews que tá super certo se suicidar se você não consegue namorar o cara por quem você é apaixonada.

ALASKA & ANDRÔMEDA ━ sáfico [✓]Onde histórias criam vida. Descubra agora