22. enrolados e sorriso

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TALVEZ ALASKA O'BRADY ESTIVESSE cedendo as investidas de Andrômeda Davis. Caso contrário, ela não estaria, naquele momento, caminhando para trás das arquibancadas onde a latina costumava ficar antes do treino.

Além do mais, Alaska tinha certeza absoluta de que ela estava cruzando a linha estipulada por ela mesma. Em sua mente, se envolver com Andrômeda seria o mesmo que se deixar ser levada por um redemoinho marítimo. No início, há uma luta até se esgotarem todas suas forças até que, em determinado momento, há o momento de ceder à intensa pressão exercida em seu corpo, deixando-se ser levado para o trágico destino final.

Andrômeda era seu redemoinho, metaforicamente falando.

A cada investida, Alaska sentia que estava sendo puxada com mais força para um abismo fundo demais do qual não poderia mais voltar.

Mas, por mais que dissesse para si mesma que tinha o controle da situação e que só iria agradecer Andrômeda pela carona de segunda, Alaska sabia que tudo isso era só um pretexto para vê-la depois da cena cinematográfica que ambas tiveram dentro do carro. Porém, ela não estava disposta a assumir tal fato. Obviamente, parte disso se devia ao fato de que ela tinha uma tese a escrever sobre certa pessoa.

O campo de lacrosse tinha uma grama artificial muito verde, onde haviam diversos obstáculos colocados no centro para o treino que aconteceria às duas da tarde. Por ser inverno, Alaska achou que a grama adquiriria um tom mais cinzento, mas ela estava enganada. Continuava com a mesma aparecia que tinha durante o verão. Alguns jogadores do time estavam fazendo a corrida de aquecimento em torno das jardas do gramado, mas a jornalista não se importou em olhar para eles conforme atravessava o longo caminho até a parte de trás das arquibancadas.

Ela se surpreendeu um pouco ao ver Andrômeda e Jackson juntos, conversando como se fossem melhores amigos há décadas. Ele havia chegado há um mês, mais ou menos, e os rumores sobre ele e Andrômeda estarem juntos parecia um mero delírio que Alaska havia tido já que, até esse momento, ela não se recordava de já ter visto eles unidos por aí.

Algo dentro de sua mente lhe alfinetou, como uma pista de que ela estava deixando algo passar.

Que tipo de algo era esse? Alaska não sabia nem mesmo responder.

Mas, antes que pudesse ter a chance de escutar o que quer que eles estavam dizendo, Jackson reparou sua presença e arregalou os olhos, o que atraiu a atenção da latina em sua direção também.

── Alaska ── anunciou, surpresa.

Um sorriso pequeno se formou nos lábios da jornalista, o que fez com que Andrômeda sorrisse também. Não era o sorriso de sempre - sarcástico e sedutor. Era um sorriso gentil e dócil, como se Andrômeda tivesse sido flagrada sem a fachada do "estereótipo lésbico" que carregava pra cima e pra baixo.

Era uma Andrômeda relaxada.

De certa forma, Alaska gostava daquilo.

── Posso falar com você?

Andrômeda e Alaska olharam para Jackson, que ainda encarava a loira de maneira assustada. Ele demorou um pouco para perceber que estava sendo dispensado.

── Ah, claro, eu vou lá... ── Jackson apontou para frente, para trás e para a direita, meio perdido. ── começar o aquecimento.

ALASKA & ANDRÔMEDA ━ sáfico [✓]Onde histórias criam vida. Descubra agora