19. ironia e gaydar

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DIA TRINTA E UM DE OUTUBRO era o segundo dia favorito de Andrômeda Davis. O primeiro era seu aniversário, que acontecia um mês depois do halloween.

As fantasias que Lídia Davis costurava para Andrômeda sempre eram as melhores em Hill Valley. Nenhuma garota de dez anos tinha um vestido de princesa em camadas igual Andy havia usado no halloween há sete anos atrás; assim como nenhuma garota tinha uma avó que era boa em costura da mesma forma que a jogadora possuía.

Nesse ano, Andrômeda havia decidido ir de uma versão feminina de Marty McFly. Sua calça jeans justa e sua camiseta de botões haviam sido fáceis de se conseguir, bem como a jaqueta azul que muitas vezes passava batida pelos telespectadores do filme. No entanto, Lídia ainda precisava finalizar o colete laranja-avermelhado que era, basicamente, a peça mais importante do conjunto todo.

Hill Valley era basicamente a cidade que mais atraía turistas em seus eventos e comemorações anuais, e no halloween não era diferente. As decorações de tons alaranjados e amarronzados traziam certo conforto para Andrômeda, porque ela amava a sensação fresca e, ao mesmo tempo, acalorada que o outono costumava trazer na Califórnia. Além do mais, não se nevava perto da costa. Ao menos, não nevava sempre, assim como em São Francisco. Era um evento raro, que acontecia em momentos aleatórios entre quinze e vinte anos.

Andrômeda fechou o seu armário do colégio, ocasionando um estampido metálico baixo. Seus olhos castanhos se direcionaram para leste, onde Jackson e Sydney estavam muito perto um do outro. Se Jackson se inclinasse mais alguns centímetros, ele conseguiria beijá-la. Era assustador o fato de que Andrômeda não sabia se comemorava ou tentava bolar um plano para salvá-lo caso Alaska os flagrasse naquela intimidade.

E, falando em Alaska...

Andrômeda se viu procurando pelo emaranhado de fios loiros antes mesmo de pensar em fazê-lo. Desde a última conversa entre as duas - e de ter gastado cerca de duzentos dólares com ela -, Andrômeda havia planejado seu próximo passo. Não fora fácil; primeiro, ela precisou seguir Alaska no Instagram para ter uma noção do que ela gostava de fazer em seu tempo. Sua conclusão foi que a jornalista se daria muito bem na área da moda, levando em conta que todos os conjuntos de roupa que ela montava acabavam ficando perfeitos.

Se não fosse uma conta privada, com certeza Alaska teria conseguido centenas de curtidas - e não apenas dos cidadãos de Hill Valley.

Ah, e ela havia concluído outra coisa também: Alaska gostava muito da praia; o que era irônico levando em consideração o tom pálido de sua pele, como se a jornalista não tivesse tomado Sol nas férias de verão.

Mas já havia sido o suficiente. Andrômeda tinha criado um plano para conseguir um encontro com Alaska.

── Andrômeda! ── uma voz masculina irritante chegou ao seu ouvido. Ela revirou os olhos antes de voltar sua atenção para o garoto atrás de si.

Parker Sullivan. Parecia uma maldição.

── Sullivan ── respondeu, nada entusiasmada.

── Por que não me disse que Sydney estava interessada em outro cara?

Andrômeda piscou, perplexa. Ela não estava esperando que Parker fosse tão direto e, ainda por cima, tão babaca ao ponto de cobrar algo dela após tudo o que haviam passado.

── Como é?

── Você sabia que eu queria comprar a cesta dela.

── É, sabia ── ela fingiu tristeza ao forçar um beicinho triste. ── Sinto muito por isso.

Parker estreitou os olhos.

── Não seja irônica. Foi mancada você ter me feito pagar mico daquele jeito, na frente de toda a cidade.

ALASKA & ANDRÔMEDA ━ sáfico [✓]Onde histórias criam vida. Descubra agora