18. tese e curtida

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ALASKA TINHA UMA TESE. Ela não havia pensado nos detalhes e sabia que tinha muitas chances de falhar mas, ainda assim, era uma tese.

Andrômeda estava usando Alaska para algum plano esquisito de manipulação em massa. Ela queria que todos acreditassem em sua atração por mulheres, já que estava sendo vista muitas vezes com Jackson Kross, o novo morador da cidade. Todos estavam amando a hipótese de aquele casal acontecer, mas Andrômeda parecia odiar tudo cada vez mais.

Não que Alaska estivesse radiante com o fato da população estar imaginando ambos em um relacionamento. Eles literalmente descartaram a sexualidade de Andrômeda como se fosse nada. Aquilo mostrava, de certa maneira, as dificuldades que uma lésbica poderia ter em uma cidade pequena.

Céus, Alaska não via a hora de ir embora daquele lugar.

Mas, de certa forma, tudo aquilo poderia contribuir para sua tese.

Não era necessário, mas era opicional que alguns alunos enviassem uma tese para as faculdades que iriam prestar. A ideia inicial da tese de Alaska estava ligada ao fato de que Andrômeda era muito insistente – talvez a pessoa mais determinada de toda Hill Valley. E Alaska era seu novo foco da vez. Se ela usasse Andrômeda da mesma forma que Andrômeda estava usando-a, talvez as coisas não saíssem tão mal.

E sua tese a respeito de Andrômeda era: até onde uma adolescente determinada seria capaz de ir para conseguir o que quer?

Não era algo muito elaborado, mas deveria valer de algum valor dependendo da forma que ela fosse escrever e desenvolver a ideia. Poderia ser sua passagem especial para dentro de Harvard, Yale ou Stanford.

Mas Alaska não pensaria em sua tese e em sua ideia naquele momento. Ela tinha algo a fazer antes.

Seus pés afundaram na grama meio esverdeada dos Potter, observando a casa compacta de madeira, tijolos e concreto em que Viktor morava. Ela pensou em bater na porta, mas acabou reparando no garoto moreno encolhido na árvore com folhas secas que tinha na frente de uma das janelas da casa.

De repente, ela não estava mais furiosa.

Ao reparar o garoto se encolhendo milimetricamente de maneira entristecida, Alaska ficou preocupada.

── Viktor ── anunciou, atraindo a atenção do garoto. Em um movimento sutil, ele usou a ponta das mangas para limpar em baixo dos olhos. ── Você está bem?

── Desculpa, Alaska ── foi a primeira coisa que ele disse. ── Tive uns problemas e não consegui ir no leilão.

── Eu percebi, mas não foi isso que eu perguntei.

Avançando alguns passos em cima da grama, ela se abaixou ao lado de Viktor. Alaska usava uma calça jeans wide leg e um suéter vermelho de tricô que havia comprado em uma de suas idas até São Francisco. Suas botas aquecidas eram de um tom de marrom próximo de castanho claro amendoado, e ela se sentia muito empoderada usando-a nessa época meio fria, meio quente.

Viktor evitou contato visual, encarando as botas de Alaska com muita atenção.

── Vai me contar o que aconteceu?

Ele negou com a cabeça.

── Sei que se eu contar, você vai falar no Cosmonews a respeito ── Viktor murmurou. ── Não que eu não confie em você ── antecipou.

Às vezes Alaska odiava ser vista apenas como a garota do Cosmonews. Depois que havia acabado com a reputação de Parker Sullivan, todos começaram a teme-la. Talvez fosse por isso que ela tinha poucos amigos – ou melhor, apenas uma amiga –; porque ninguém conseguia contar algo para ela sem pensar no fato de que todo mundo poderia acabar sabendo sobre isso no dia seguinte.

ALASKA & ANDRÔMEDA ━ sáfico [✓]Onde histórias criam vida. Descubra agora