ALASKA & ANDRÔMEDA ━ sáfico [✓]

34. planos para o futuro e segurança

UMA VIAGEM ENTRE SÃO FRANCISCO E Hill Valley demora, aproximadamente, duas horas. Isso sem contar o trânsito e os bloqueios da estrada durante a semana. Andrômeda não tinha pensado muito nisso quando propôs uma fuga à Alaska para comemorar o seu aniversário. Na verdade, ela não tinha planejado nada.

Honestamente, Andrômeda nem imaginou que Alaska fosse aceitar.

── Você está bem?

Andrômeda observou para Alaska pelo canto dos olhos. Era uma pergunta arriscada, levando em conta que ambas mal conversaram desde que entraram no carro. Já havia se passado vinte minutos de um silêncio constrangedor e desconfortável, e isso parecia tortura para alguém como Andrômeda, que amava falar e tagarelar com qualquer pessoa.

── Estou.

── Ah. Ok, então.

Os dedos da latina começaram a tamborilar no volante do veículo, ainda parecendo meio deslocada diante daquele clima alegre e revigorante dentro do carro.

── Se quiser, eu posso dar meia volta. Não chegamos nem na metade do caminho ainda ── avisou Andrômeda.

── Por que? Não quer ir para São Francisco?

── Quero. É só que... ── Andrômeda prendeu o lábio inferior entre os dentes, o soltando lentamente e com certo medo das próprias palavras. ── não sei se é isso o que você quer.

Alaska virou o rosto para encara-la; seus olhos azuis estavam tão gelados que, se estivessem em um filme da Disney, Andy com certeza acabaria sendo congelada por ela.

── Se não queria minha companhia, por que me convidou?

── Eu quero sua companhia. Não é isso que estou dizendo ── apressou-se em completar. ── Eu só achei que você não fosse aceitar, levando em conta que foi em cima da hora.

── Então você me convidou porque achou que eu não ia aceitar? ── as sobrancelhas da loira se ergueram com ironia. ── Tipo, por educação?

── Não ── disparou Andrômeda no mesmo instante. ── Não, mesmo. Eu quero você aqui, comigo. Eu quero ir pra São Francisco com você. Só não imaginei que você fosse concordar.

Alaska desviou sua atenção para frente, encostando suas costas no banco. Ela trajava um sobretudo preto por cima de um conjunto xadrez de tom vermelho. Era uma combinação ousada, mas que ficava muito bem nela. Se Andrômeda tentasse usar uma roupa daquela, provavelmente seria alvo de piada, porque com certeza não era um traje apropriado para o seu estilo diário.

── Você não é o tipo de pessoa que age impulsivamente. Foi isso que eu quis dizer ── completou Andrômeda, achando que ainda não tinha se explicado o suficiente.

── Eu entendi o que você quis dizer ── Alaska usou um tom mal-humorado rotineiro, mas Andrômeda não pareceu se afetar.

Ela já estava se acostumando com os vários humores, emoções e sentimentos aleatórios de Alaska.

── Sabe, tipo, ir pra São Francisco do nada não é algo do seu feitio.

── Eu entendi.

── Eu só tô surpresa porque você costuma planejar tudo, e essa viagem não foi planejada com antecedência e...

── Eu entendi, Andrômeda.

A boca da latina se fechou, contraindo os lábios um contra o outro, tentando se calar para não proferir mais nada que pudesse irritar Alaska.

A loira, por sua vez, deu uma breve olhada para Andrômeda, parecendo avaliar a postura da latina conforme ela dirigia. Andrômeda sabia muito bem que, se pudesse, Alaska anunciaria que ela estava segurando o volante de maneira errada. Mas O'Brady não o faria. Isso significaria que ela não havia ligado para o fato de Andrômeda já ter segurado o volante errado outras vezes, e Alaska só não havia ligado para isso porque não havia reparado isso nas outras vezes.