35. são francisco e as luzes flutuantes

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SÃO FRANCISCO ERA UMA CIDADE linda. Não havia outro adjetivo capaz de descreve-la em outras palavras; os prédios enormes, as estradas pavimentadas e cinzentas, os parques bem cuidados e, claro, a Ponte Golden Gate em seu maior explendor. Poderia haver fotos, pinturas e até mesmo montagens sobre a cidade e seus pontos turísticos, mas vê-la ao vivo bem na sua frente não tinha preço.

── As pessoas andam tão rápido ── Alaska olhou em volta quando as duas saíram do carro em uma rua movimentada. Ela demorava um pouco para se acostumar com a agitação e pressa dos moradores de cidade grande quando ia visitá-la. ── Parece que estão com pressa.

── É uma cidade enorme. Talvez estejam atrasadas pro trabalho ou pras aulas.

Andrômeda encolheu os ombros enquanto falava. Ela contornou o seu veículo, após tranca-lo, e se aproximou de Alaska. A loira ergueu as sobrancelhas, se encostando na porta do automóvel com medo de ser atropelada pelas pessoas da calçada, onde ela estava parada.

── Uma vez você me disse que queria conhecer pessoas iguais a nós. Sabe, lésbicas, gays, bissexuais ── Andrômeda deu uma olhada em volta, sussurrando com medo de serem cercadas por alguém preconceituoso. Ser lésbica em Hill Valley era uma coisa; mas ser lésbica em uma cidade onde não se conhecia todo mundo era outra. ── Eu tenho uma amiga que tem uns amigos e...

── É quarta feira. Ela não está ocupada com tarefas do colégio ou coisa do tipo?

Andrômeda mordeu o lábio inferior para conter um sorrisinho.

── Nem todos se preocupam com a faculdade da mesma forma que nós. E ela é uma dessas pessoas ── Andrômeda estendeu o braço, o qual Alaska entrelaçou sem nem hesitar. ── o nome dela é Brittany.

── Nome bem típico de cidade grande. Não temos nenhuma Brittany em Hill Valley, temos?

── Acho que não ── Andrômeda flexionou as sobrancelhas espessas de maneira pensativa. ── Mas, agora que você disse, faz sentido. Realmente é um nome típico de cidade grande.

── Será que ela morou a vida toda em São Francisco? Ela seria uma novidade e tanto caso fosse pra Hill Valley. Igual ao Jackson.

── Ela já foi algumas vezes para a praia de Hill Valley ── confessou, ainda pensativa. ── Imagino que, se tivesse ficado por uma semana lá, talvez as pessoas começassem a comentar. Ela é alguém que deixa uma marca por onde passa.

Alaska franziu a testa.

── No bom sentido?

── Depende do referencial ── piscou Andrômeda.

Assim como em Hill Valley, o clima estava nublado. Normalmente, na cidade pequena, era por conta das estações de inverno e outono, em que nuvens espessas e pesadas cobriam o céu em seu explendor. Mas, ali em São Francisco, Alaska imaginou que os tons cinzentos do céu se deviam pela poluição constante. Não havia muitas árvores pelas ruas, como em Hill Valley, além de que o número de carros circulando era muito maior.

A caminhada que as duas fizeram não foi tão longa. Andrômeda havia estacionado em um lugar bom o suficiente para não se preocupar com multas e perto de onde a tal Brittany morava.

Brittany, para a surpresa de Alaska, morava em um lugar enorme. De acordo com o porteiro do prédio de vários andares, a garota se localizava na cobertura. Andrômeda parecia tranquila, andando com naturalidade de um canto para o outro como se já tivesse acostumada em visitar a amiga, sendo que Alaska não se recordava de Andrômeda já ter deixado a cidade com a frequência que se aparentava.

── Você e essa tal Brittany ── a jornalista comentou, se inclinando um pouco para o lado enquanto aguardavam o elevador. ──, vocês já...

Andrômeda franziu os lábios, não entendendo a pergunta de primeira. Mas, assim que compreendeu, sua boca se transformou em um sorrisinho de lado. O típico sorriso que conquistava outras garotas da cidade que moravam.

ALASKA & ANDRÔMEDA ━ sáfico [✓]Onde histórias criam vida. Descubra agora