23. arrependimento e emoção

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ALASKA NÃO HAVIA DITO em voz alta antes, mas ela só tinha ido assistir o jogo contra Bewville para ver sua irmã se apresentando como líder de torcida. As saias curtas, a maquiagem com glitter e os pompons agitados chamavam a atenção de todos, mas era somente o jeito único, dócil e amável de Sydney que se destacava entre tantas garotas que sensualizavam.

Sinceramente, sensualizar daquele jeito chegava até a ser patético, no ponto de vista de Alaska. As meninas mais empinavam a bunda e rebolavam para atrair a atenção dos jogadores do que para atrair os aplausos da torcida. De certa maneira, elas conseguiam conquistar o objetivo. No entanto, todo mundo sabia que Sydney era o desejo de todos.

Alaska ficava desconfortável só de imaginar sua irmãzinha nas mãos daqueles brutamontes que se assemelhavam a máquinas de sexo.

Qualquer que tenha sido o conselho de Andrômeda a respeito de deixar Sydney trilhar seu próprio caminho foi deixado de lado nas últimas horas. Alaska não podia deixar aquilo acontecer. Sydney era inocente; ela só via a bondade em tudo e todos. Por sorte elas moravam em uma cidade pequena onde sequestros e assassinatos não aconteciam, porque Sydney parecia alguém facilmente manipulável.

Até mesmo Lewis Brooke conseguiria tirar proveito da doçura dela caso usasse sabiamente sua lábia.

── Posso me sentar aí?

Alaska se surpreendeu ao perceber que estavam falando com ela. Quando ergueu os olhos azuis, Bryan Olsen estava parado segurando pipoca doce e refrigerante. Ele usava uma camiseta social de botões, mas estava menos formal do que no dia a dia.

── Desde quando você curte lacrosse? ── foi o que Alaska respondeu.

── Desde sempre ── Bryan passou pelos pés da jornalista, se sentando ao seu lado. ── só que eu assisto pela televisão. Esses jogos do colégio não costumam ser tão emocionantes.

── Bem, se chegarmos à final, vai ser muito emocionante.

── Hill Valley não compete um campeonato nacional de lacrosse há quase vinte anos. Acho que isso é meio difícil de ocorrer.

── Só perdemos a nacional no último ano porque Davis machucou o pé e não pôde participar do quarto tempo.

Bryan assentiu com a cabeça, porque ele sabia que era verdade.

── É irônico, não? Perdemos a nacional porque uma reserva machucou o pé ── enfiou um punhado de pipoca na boca, estendendo o pacote para Alaska. ── Quer?

A loira olhou para Bryan, notando as bochechas dele parecendo de esquilo após enfiar muitos grãos dentro da boca. Ela até daria risada da situação se eles fossem íntimos, o que não era o caso.

── Não, obrigada.

Bryan deu de ombros, enfiando mais pipoca na boca conforme voltava sua atenção para o jogo. No banco, Andrômeda Davis roía as unhas de nervosismo intenso. Era horrível saber que ela ficaria no campo durante os amistosos só para que não a transformassem em titular para os campeonatos.

Somente os titulares do início do ano se classificavam como titulares nos torneios regionais. Andrômeda nunca jogava aqueles jogos, mas tinha o hábito de ser usada como arma secreta em disputas em São Francisco.

── Eles estão perdendo feio ── Bryan sugou o canudo, fazendo barulho. ── se colocassem Andrômeda, poderiam virar o placar.

── Mas nós dois sabemos que isso não vai acontecer ── Alaska olhou para o treinador Donovan. ── ele prefere ser derrotado num amistoso do que permitir que uma garota seja titular no seu time.

ALASKA & ANDRÔMEDA ━ sáfico [✓]Onde histórias criam vida. Descubra agora