ALASKA & ANDRÔMEDA ━ sáfico [✓]

46. mercado e livro

ANDRÔMEDA SE JOGOU no banco traseiro do carro, não querendo conversar. Quando saiu pelas portas duplas, o olhar esperançoso e otimista de Jackson acabou se desfazendo conforme analisava a expressão derrotada da melhor amiga. Era de se supor que as coisas não tivessem ido muito bem, e uma parte de si achou que seria uma boa ideia ocultar o episódio com Sydney de alguns minutos antes do aparecimento de Andy no estacionamento.

Afinal, não parecia muito legal esfregar na cara da própria amiga que se tinha acabado de voltar com a ex-namorada; que, a propósito, é irmã da ex de sua amiga, com a qual estava, também, tentando se reconciliar há momentos atrás.

Não parecia justo, no ponto de vista de Jackson.

O plano inicial tinha dado certo, se fosse analisar desde o princípio; Andrômeda se envolveu com Alaska por tempo suficiente para ele conquistar Sydney e transformá-la em sua namorada. Mas o efeito colateral tinha se mostrado muito pior do que imaginado: Andrômeda tinha se apaixonado por Alaska.

E, apesar de a consequência de suas ações e atitudes ter levado as duas a viverem um romance digno de filme, o fim que elas estavam tendo no desfecho de toda a história não parecia justo.

Jackson desejava muito poder fazer algo para ajudar.

── Então, o que...

── Não ── se antecipou Andy, mal deixando-o terminar de falar. ──, não quero falar sobre isso.

Jackson obedeceu. Ele obedecia apenas duas pessoas naquela cidade: Sydney e Andrômeda. Sydney por motivos óbvios; Andrômeda, por ser sua melhor amiga e ter medo de que qualquer atitude idiota pudesse afasta-la.

Ele quase a tinha perdido uma vez, no começo da amizade. Andrômeda estava tão focada em provar para todos que era lésbica que ser vista com algum garoto aleatório durante grande parte do tempo que andava pela cidade parecia um risco enorme a se correr. O que, agora, parecia engraçado para ele. Jackson não conseguia mais imaginar Andrômeda se importando com a opinião alheia.

── Sorvete? ── sugeriu o amigo, erguendo as sobrancelhas.

Andrômeda pareceu pensar um pouco.

── Um pote.

Jackson virou o volante para entrar na rua do mercado. Se Andrômeda precisava de um pote de sorvete, então ela teria um pote.

── Já volto.

── Baunilha ── foi o que Andrômeda respondeu.

── Eu sei ── piscou de maneira brincalhona, saindo do carro e seguindo para a entrada.

Jackson mal pegou uma cesta para colocar o sorvete. Ele seguiu para a área de congelados e enfiou o sorvete entre seus braços cobertos por um casaco pesado. Em seguida, caminhou pelos corredores, enrolando enquanto pensava se deveria comprar um chocolate ou um salgadinho. Então, quando parou de frente para uma fileira inteira de Cheetos, ouviu o som de vozes femininas no corredor ao lado:

── Sabe, acho que tudo isso o que aconteceu com Andrômeda foi bom. ── uma garota de voz fina comentou; Jackson se esforçou para lembrar de quem era. ── Agora ela vai precisar de outra namorada para exibir pela cidade. Talvez seja eu.

── Não, ouvi dizer que ela enjoou de loiras. Com certeza sou eu quem ela vai escolher.

Jackson estreitou as sobrancelhas. Duas garotas que realmente acreditaram na história de Alaska estavam discutindo para decidir quem seria a nova namorada de Andrômeda. Isso não parecia ser sério, mas Jackson percebeu que não havia humor na voz delas.