40. almoço e irresponsabilidade

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NO DIA SEGUINTE, ALASKA acordou antes de Andrômeda. A visão do rosto pacífico e calmo, com a respiração pesada e tranquila, não era algo com o qual a jornalista estava acostumada.

Andrômeda parecia ligada no 220V quase todos os dias. Ela vivia mexendo a perna quando estava sentada, estralando os dedos enquanto conversava e, até mesmo, trançava mechas de cabelo pequenas em momentos tediosos. Uma hiperatividade bem transparente para qualquer um notar.

Mas ali, deitada e dormindo como uma pedra, Andrômeda não parecia nada disso. Ela se assemelhava a um coelhinho; seu nariz vez ou outra se franzia involuntariamente.

Então, Alaska se acomodou para encará-la por mais tempo. Uma parte de si desejava guardar esse momento em sua memória; a imagem de Andrômeda Davis vulnerável apenas para que Alaska visse.

── Nunca te disseram que é feio encarar? ── a voz manhosa de Andrômeda vibrou em uma rouquidão matutina. Ela abriu um dos olhos inicialmente, piscando ambos em seguida. Uma parte de sua cabeça estava afundada no travesseiro de Alaska. ── Uau, o mundo é injusto.

Alaska abriu um sorriso pequeno, o que era uma grande novidade levando em conta que ela costumava acordar de mal humor.

── Por que acha isso?

── Porque você é linda até mesmo ao acordar.

As bochechas da jornalista adquiriram um tom ruborizado.

── Meu Deus, como você é cafona.

Andrômeda soltou uma risada baixa, mas seu sorriso foi ficando cada vez mais frouxo enquanto encarava o rosto da namorada.

Houve um momento de silêncio que pareceu longo demais. Os olhos castanhos de Andy se ficaram no rosto de Alaska, como se ela estivesse tentando fazer o mesmo que a jornalista há alguns minutos atrás; capturar o momento.

── Que horas são?

── Sete horas ── Alaska encarou o relógio ao lado da cama. Andy grunhiu.

── Tão cedo?

── Eu não gosto de dormir demais. Parece que acabo perdendo uma parte do dia ── ela puxou os fios loiros para trás da orelha. ── Além do mais, você precisa ir pra sua casa antes que meus pais acordem.

── A porta tá trancada ── relembrou Andy. ── eles não vão me ver aqui.

── Não ── concordou, apontando de maneira acusatória para a latina. ── mas vão te ouvir.

Andrômeda afundou ainda mais o rosto no travesseiro de Alaska, suspirando de maneira cansada. Uma parte da jornalista ficava com medo de que Andy se sufocasse sozinha com a fronha do almofadado.

── Deveríamos fazer isso mais vezes ── a voz soou abafada por conta do travesseiro tampando a boca.

── Dormir juntas?

── Ficar juntas. De qualquer maneira ── Andrômeda ergueu a cabeça, olhando para Alaska. ──, nem que seja só pra dormir.

As sobrancelhas da jornalista se estreitaram.

── Está sendo cafona novamente.

── E você nem pra me dar corda ── provocou.

── Se eu der corda, você não vai voltar para casa e vai querer voltar a dormir.

Andrômeda fez careta, não querendo admitir que Alaska poderia estar certa. Contra sua própria vontade de permanecer na cama, Andy recolheu seus itens jogados no chão e começou a vesti-los. Seu suéter, seus sapatos e sua touca que tinha retirado quando estava subindo pela árvore na frente do quarto de Alaska.

ALASKA & ANDRÔMEDA ━ sáfico [✓]Onde histórias criam vida. Descubra agora