ALASKA & ANDRÔMEDA ━ sáfico [✓]

44. iniciativas e incentivos

ANDRÔMEDA DEFINITIVAMENTE estava em uma pior. Aparentemente, não somente o colégio, como toda a cidade, estava sabendo da sua atitude "egoísta" e "narcisista" em busca de aprovação para validar sua sexualidade.

E, o pior de tudo isso, é que nem era verdade.

Tudo bem, no começo até poderia ser o caso. Mas ficar com Alaska nas últimas semanas tinha mudado totalmente seu propósito de tentar conquista-la. Andrômeda não queria tê-la ao seu lado por algum tipo de afirmação lésbica ou pelo dinheiro. Ela queria Alaska porque estava apaixonada. Não era possível que seus erros do passado definissem suas relações no futuro. Não era possível que Alaska realmente acreditasse que tudo era falso.

── Ei ── Jackson estalou os dedos na frente do rosto da melhor amiga. ──, você está pensando demais.

── Às vezes pensar faz bem, sabia?

── Não quando o pensamento em questão é o fim dos nossos relacionamentos.

── Não era sobre isso que estava pensando ── mentiu.

── Ah, é? Então sobre o que era?

Andy fez cara de pensativa.

── Sobre todos na cidade estarem enchendo a minha paciência. ── a latina se virou de cabeça para baixo e afundou o rosto no travesseiro de sua cama. ── Todos estão querendo dar a opinião sobre o assunto como se eu não soubesse que cometi um erro.

Andrômeda sentiu o corpo de Jackson se movendo ao seu lado, e a mão dele começou a acariciar seus fios do nada. Ela não se recordava da última vez que tinha recebido um cafuné, mas tinha que admitir que era muito bom.

── Vai ficar tudo bem.

Aquelas palavras tinham sido muito utilizadas por ele e por Lídia nos últimos dias, mas Andrômeda ainda estava com dificuldade de acreditar nelas.

Diante dos olhares que vinha recebendo dos outros, a rotina de Andrômeda se resumiu ao lacrosse e à sua casa. Ela estava se recusando a frequentar as aulas - principalmente aquelas que tinha em comum com Alaska. E, com a carta de Lídia para a diretora, estava sendo fácil não encarar a realidade. Ao menos o fim do semestre garantia que ela não precisaria fazer provas, o que já era de grande ajuda na sua decisão de ir apenas para o colégio para treinar.

O único problema era que Lídia também andava muito decepcionada e chateada com Andrômeda. Ela soube da história por meio de suas amigas da igreja, e foi difícil para ela ter que lidar com a reputação da neta sem dizer algo para defendê-la, já que Andrômeda pediu para que ela não se intrometesse.

Andrômeda não queria que as pessoas lutassem suas próprias batalhas; ela só precisava de um pouco de tempo para conseguir enfrentá-las.

── Como estão as coisas no colégio?

── Eu diria que enfrentar aquele lugar sozinho é um tanto quanto amedrontador. As pessoas ficam olhando e ninguém fala comigo. É como se eu voltasse a ser o novato, sabe?

── Queria poder te ajudar ── a voz dela soou abafada contra o travesseiro.

── Não diga isso ── advertiu. ──, quem deveria ajudar você sou eu. Eu que te enfiei nessa furada.

── Ainda assim, estamos juntos no mesmo barco.

Jackson se aproximou da amiga, a abraçando com ambos os corpos deitados no colchão.

── Como eu disse, vai ficar tudo bem. ── Andrômeda se esforçou para não resmungar ao ouvir seu amigo pronunciar aquela frase novamente. ── Em algumas semanas, o comitê do baile vai entrar em guerra e vão se esquecer da sua história. Sem contar que a peça de Romeu e Julieta estreia perto do natal, e Alaska vai criticar tanto a história que o jornal vai se focar somente nisso.