31. chilli com carne e tempo

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HONESTAMENTE, ALASKA O'BRADY NÃO imaginava que iria conhecer a avó de Andrômeda logo no começo de o-que-quer-que-elas-tinham. Parecia um passo enorme a ser dado logo após elas se beijarem pela primeira e única vez.

Ainda assim, ali estava Alaska: parada na frente da porta escura com uma saia quadriculada marrom, uma blusa de manga longa branca e botas fofinhas que se assemelhavam a pantufas de cor castanho. Ela estava abraçando seu sobretudo, já que o tinha tirado no meio do caminho por sentir que estava suando; não que estivesse fazendo calor, mas o nervosismo que Alaska estava sentindo estava deixando seu corpo quente como algo prestes a entrar em combustão.

Os olhos azul-cinza dela encararam a campainha e, em seguida, a porta. Ela deveria bater ou apertar a campainha? Seria Andrômeda ou Lídia Davis que a receberia na porta? Ela tinha passado desodorante antes de sair de casa? Será que seu cabelo havia bagunçado por conta do vento do inverno da cidade? Será que essas botas eram adequadas para conhecer a pessoa mais importante da vida de Andrômeda?

Será que Lídia gostaria dela?

Alaska fechou os olhos, sentindo uma dor de cabeça começando por conta de suas paranóias. Ela tinha que parar de ficar imaginando o pior e de ser pessimista antes mesmo de as coisas acontecerem.

Num ato impulsivo, ela avançou um passo e tocou a campainha. O dedo dela demorou um pouco pressionando o objeto até que se desse conta e recusasse para a posição inicial. Um suspiro pesado escapou de suas narinas, soltando um ar denso que se materializou na sua frente em uma fumaça branca e quase transparente.

A porta de abriu, e Alaska ficou aliviada ao ver o rosto de Andrômeda primeiro.

── Que pontual ── a latina olhou para trás, na direção de um relógio de parede. ── Minha abuela ainda está preparando o jantar. Entra.

Andy deu um passo para trás, permitindo a Alaska um acesso a entrada. Quando a jornalista cruzou a porta, Andrômeda retirou o sobretudo das mãos dela e o pendurou perto de outros casacos. A casa era um pouco maior de que dos O'Brady, mas ainda assim parecia aconchegante. Os tons de marrom e bege com vermelho davam a residência um aspecto de chalé, o que Alaska gostou muito.

── Espero que goste de chilli com carne ── Andy puxou o cabelo para trás da orelha, e Alaska voltou sua atenção para ela. ── Você está bem?

── Eu não pareço bem?

── Você me parece assustada ── sorriu, dando uma espionada no corredor antes de se aproximar e pegar na mão da loira. ── tá afim de subir?

Alaska entreabriu a boca, meio surpresa, meio envergonhada. Por mais que já esperasse o convite de Andrômeda para seu quarto, ela não imaginava que isso aconteceria cedo demais. Elas haviam se beijado pela primeira vez há algumas horas, e ainda que a iniciativa tivesse sido de O'Brady, ela sentia como se tudo estivesse indo rápido demais.

Andrômeda reparou na hesitação rapidamente, mas não soltou a mão de Alaska.

── Ou podemos ficar aqui, na sala ── antecipou. ── o que for melhor pra você.

O estômago de Alaska estava se embrulhando. Sentia que iria vomitar a qualquer momento de nervosismo. Mas ela nem sabia ao certo o que ambas eram uma da outra. Por que ela estava quase entrando em colapso?

── Ally? ── Andrômeda recuou um passo, como se soubesse exatamente o que ela estava sentindo.

── Estou bem ── pigarreou, limpando as palmas das mãos suadas contra a própria saia. Andrômeda ergueu as sobrancelhas, não muito convicta daquilo.

ALASKA & ANDRÔMEDA ━ sáfico [✓]Onde histórias criam vida. Descubra agora