O silêncio da madrugada era quebrado pelo murmúrio da oração da pequena senhora, ajoelhada aos pés da cama. O rosto molhado, as mãos em prece. Nunca havia passado por essa situação. Cada dia que passava orava com mais fervor pedindo a Deus por uma solução. O farfalhar de tecido lhe chama a atenção. Devagar enxuga as lágrimas discretamente.
— Não me chamaste para orar com você, querida. Diz sonolento pastor Elias sentando na cama.
— Você demorou vir deitar ontem. Nem vi a hora que veio para o quarto. Assim decidi deixá-lo descansar. — Se levanta e senta ao lado do marido. O luar dava uma certa claridade ao quarto do casal.
— Vem aqui. — Pede baixinho e com carinho passa o braço ao redor da esposa que se aconchega ao seu peito. As lágrimas que tentou esconder se mostram insistentes e deslizam umedecendo o tecido da camisa dele. — Está preocupada com Hanna querida? — pergunta e sente ela balançar a cabeça confirmando. Os soluços contidos impediam suas palavras. — Zoe, sei que é difícil, mas como ela mesmo me disse hoje mais cedo, Deus vai abrir uma porta para ela.
— Sei Elias, mas o tempo está findando e me dói ver ela partir. — Responde com a voz embargada e o semblante do pastor também se entristece.
— Também queria poder manter nossa menina aqui conosco. Mas sabe que não podemos. O que podemos fazer é orar, orar e orar mais um pouco. Pois o Deus que abriu o mar para o seu povo passar ainda é o mesmo. Você diz que o tempo está findando, mas o tempo dEle difere do nosso Zoe, não se esqueça. — Ele fala calmamente e não é só para a esposa, as palavras são para seu coração ansioso também.
O pastor a aperta entre seus braços e por alguns minutos permanecem em silêncio. Um confortando o outro e ambos buscando forças em Deus.
O som das gotas da chuva no telhado repercute no quarto e imediatamente se lembram de quando Hanna chegou ao orfanato.
" Deus é cheio de graça”, “agraciada por Deus” — sussurra a pastora, um arrepio sobe por seu corpo e dentro dela uma paz se aloja. — Vamos orar, Elias. Essa chuva foi um modo de Deus nos mostrar que está no controle. Nós não estamos vendo uma saída e como Sara, tentamos ajudar Deus ao aceitar aquele trabalho para ela, todavia Deus é um Deus de misericórdia e livrou nossa menina. Proponho depositarmos esse problema nas mãos poderosas do nosso Senhor.
Os dois se ajoelham, de mãos dadas, unidos no propósito de oração.
— Pai, meu Senhor! Humildemente nos colocamos diante de TI em oração. Hanna precisa sair do orfanato esse ano e até o momento tentamos achar uma solução em vão. Pela nossa força fomos vencidos, mas agora coloco em tuas mãos. Sei que os TEUS pensamentos são maiores que os nossos e tens o melhor para aqueles que o buscam de coração aberto. Sei que tens cuidado de tua amada filha até aqui e continuaras até ela ir ter com o Senhor. — Pastor faz uma pausa pela emoção e a pastora apertando sua mão prossegue
— Paizinho só vemos a porta trancada, mas sei que o Senhor pode abrir ela e fazer Hanna passar. Conhece meu coração, queria ela aqui comigo, mas percebo que onde quer que o Senhor a leve tua mão estará estendida sobre ela. Tenho sido egoísta e pedido desejando meu coração, no entanto, agora entrego a vida da Hanna a tua perfeita vontade. Prepare um futuro repleto de amor, de alegria, de fartura, não só de pão, mas da tua presença. Mostre o caminho que tens preparado para ela, PAI. Amém!
Doeu demais, entregar os pontos, dizer a Deus para a levar. Dizer tudo isso quase a pós com o rosto no pó, mas a pastora entendeu que Hanna nunca foi dela. E os planos não eram os seus. Foi dolorido, contudo depois se sentiu mais leve.
Às vezes carregamos cargas que não são nossas, dificultamos o processo, alimentamos nossas dores ao invés de buscarmos a cura.
O casal se olha emocionado, o rosto de ambos banhados por lágrimas, mas nos olhos é nítido o grão de esperança. Eles se abraçam. A certeza do agir de Deus em seus corações era vívida. A presença do Espírito Santo naquele quarto acalmou o vendaval dentro deles.
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Apresentando a vocês esses queridos!😍
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CORRESPONDÊNCIA PARA O AMOR
SpiritualUma jovem órfã em busca de um milagre. Assim está Hanna as vésperas de seu 18° aniversário. Benjamin um rancheiro solitário endurecido pelas perdas em sua vida. Um anúncio e algumas cartas depois ambos se conhecem... Hanna se encontra em um...