CORRESPONDÊNCIA PARA O AMOR

Almoço

Um passo depois outro. Hanna, segue a pastora Zoe e Lily que conversam amistosamente. Dispersa, não percebe a atenção que desperta. Dentro dela um vulcão parece estar prestes a entrar em erupção. Dúvidas, medos e inseguranças fazem sua cabeça doer.

“ Meu Deus, O Senhor disse sim, mas o Benjamin não parece querer se casar. Vi tristeza em seus olhos. Ele me olhou com admiração depois, porém diante de mim ele se transformou. Tudo que ficou foi medo e desgosto. Não entendo Pai. Fique comigo!” Como sempre, conversou com Deus e deixou em suas mãos o que estava lhe incomodando.

— Chegamos! Sejam bem-vindas ao meu lar. — declara Lily entusiasmada. Seu sorriso imenso deixou ambas confortáveis.

Hanna admira a bela casa a sua frente. Era pequena, pelas janelas de madeiras pode ver cortinas balançando com o vento. Na frente um jardim bem cuidado. Uma cerca viva delimita a área e da certa privacidade. No fundo, é possível ver outra construção que Hanna acredita ser o celeiro.

— Vamos entre, entre! Fiquem a vontade. Providenciarei um refresco, o dia está bem quente.— Diz já passando pela porta. A casa e simples, no entanto, bem confortável. Várias pinturas de paisagem e flores nas paredes. Um sofá e duas poltronas, uma mesinha, uma estante com um rádio e alguns enfeites.

— Como você está querida?—  Pastora Zoe se aproxima, segurando as mãos de Hanna.

— Sinceramente não sei. — responde baixinho, olhando para baixo. — Acho que ele se arrependeu. Ou não gostou de mim.—  Traz suas inseguranças a superfície. Está tentando ser forte e não deixar o choro sair.

— Como não gostar de você menina. Linda assim deve ter e se assustado com toda essa beleza que papai do céu te deu. — Declara sorrindo e aperta as bochechas de Hanna como fazia com os pequenos. Depois fica seria e continua — Não duvide da resposta de Deus querida. E se esse casamento não acontecer e for mais um propósito para te deixar mais forte, pois Deus prova os escolhidos. Ainda estaremos aqui por você. Minha querida, nunca duvide do amor que sentimos por você. Somos sua família, e faremos o possível e o impossível para que você tenha um futuro brilhante. Com casamento ou sem casamento. — diz ela, com os olhos marejados. Hanna a abraça apertado. O cheiro de lavanda enche seus pulmões.

— Posso participar desse abraço. — Pergunta Lily emocionada. Ela coloca a bandeja na mesinha, se aproxima e pega na mão de Hanna. — Sei que está insegura, eu também me casei assim. — Hanna a olha com atenção — há um ano e meio. E agradeço a Deus todos os dias pela vida que tenho hoje. No início é meio estranho, não vou mentir — dá uma risada que balança seus cachos — serão duas pessoas que mal se conhecem na mesma casa. Mas com o tempo tudo entra no lugar. — A morena acarícia suas mãos. Lily tem um olhar doce e um sorriso sincero — Ben, é um bom homem! Teve muitas perdas em sua vida, mas essa história não é minha para contar. O que quero dizer é, ele precisa de você. Nos oramos muito por ele e agora por vocês e nosso coração ficou em paz. Creio que essa união vai ser boa para vocês dois. — os olhos dela estavam úmidos. Agora Hanna também percebeu que os amigos de Benjamin eram cristãos e um sorriso se abriu em seus lábios — Sabe, Hanna estava ansiosa com sua chegada, espero de coração que possamos ser amigas. – Lily diz com anseio. Ela aperta as mãos da jovem nas suas. Hanna sente uma mistura de gratidão e esperança enchendo seu coração. Soltando suas mãos dá um abraço apertado em Lily que gargalha.

— Obrigada Lily. Será um prazer ser sua amiga — Anuncia sentindo o cheiro de alecrim do cabelo de Lily. — O que foi isso? — se afasta olhando a morena com os olhos arregalados. — Acho que meu filho também gostou de você!—  Diz, Lily com as mãos sobre a pequena protuberância agora visível.

— Está mexendo?—  Pergunta eufórica pastora Zoe que até então apenas observava as duas.

— Está! — O olhar admirado e cheio de amor da jovem mãe, afeta Hanna. Um anseio enche seu coração. E ao ver a pastora acariciar a barriga da sua mais nova amiga, leva suas mãos inconscientemente até sua barriga. E tanto Lily como a pastora se emocionam com o gesto e oram pelo futuro daqueles jovens. Ambas têm conhecimento de que o caminho deles conterá muitas pedras, declives e espinhos. Nenhum casamento é um mar de rosas e no caso deles muitas coisas complicavam ainda mais, o que por si só já era um desafio.