Igreja

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Hanna estava animada. O sol mal apontara no horizonte e a jovem já estava pronta à espera do delegado.

Sentada na varanda, suas pernas balançavam inquietas.

Benjamin aponta vindo do curral e ao vê-la arregala os olhos. Cachos abundantes saíam por baixo do delicado chapéu e caíam sobre seus ombros, emoldurando o rosto delicado que naquele momento estava rosado pela animação. O vestido xadrez de azul parecia realçar ainda mais a cor dos seus olhos.

— Bom dia! — a jovem o saudá sorrindo.

— Cleiton ainda deve demorar um pouco — Avisa, tomba a cabeça para um lado passando a mão no queixo, analisando —   está ansiosa para voltar à cidade pelo que vejo — o deboche tira o sorriso do rosto dela — você assim — a olha de cima a baixo —realmente uma menina da cidade — torce os lábios.

— Não estou ansiosa para ir à cidade e sim para ir à igreja — se levanta e se aproxima dele — em Salmos Davi diz “alegrei-me quando me disseram vamos à casa do senhor.” — responde firme — e não sou uma menina da cidade, sou uma mulher forte em um lindo vestido que está ansiosa para ir à casa do Pai, e quem sabe ter algumas conversas civilizadas — ergue o queixo ainda olhando nos olhos — agora se me der licença vou partir — passa por ele, o deixando desnorteado e vai ao encontro do delegado que acabava de chegar.

Praticamente marchava, mas dentro dela a postura mudava e o arrependimento batia. “ Perdão Espírito Santo, mas não consegui me conter…”

— Bom dia, Hanna! — A cumprimenta erguendo o chapéu e salta da carroça para ajudar ela a subir.

— Bom dia! — lhe sorri — Obrigada! — Agradece a ajuda e se senta.

— Bom dia! Benjamin! — Grita para o amigo que os observava de frente a casa, contudo ele não responde, simplesmente lhes dá as costas e se vai.

Hanna suspira, enquanto o delegado balança a cabeça em seus rostos o mesmo sentimento, desapontamento.

— As coisas não estão fáceis para você pelo que vejo. Tenho orado por vocês. Ben, é um homem bom, apenas muito machucado — a tristeza é nítida em seu tom.

— Todos temos feridas, mas o que nos difere é a forma que lidamos com elas. Benjamin não permite que as deles cicatrizem. Ele as esconde em vez de as tratar e tem feridas que tem que se curar de dentro para fora e para isso acontecer precisamos de ajuda.

— Você o enxerga como poucos — exclama surpreso com a percepção dela.

Hanna força um sorriso e fica em silêncio, do seu lado o delegado ora. Um tempo depois, já com os pensamentos mais calmos, puxa conversa.

— E Lily como está?

— Bem! Você a verá na igreja — responde com um sorriso apaixonado — aliás acho que o povoado inteiro vai estar na igreja para conhecer a mulher que ela laçou O recruzo Benjamin — gargalha.

— Como?

— O casamento de vocês é tudo que se fala há dias, só não foram em peso visitar o rancho por temerem Benjamin — gargalha ainda mais para cara de pavor dela. — Não fique tão surpresa. Por aqui quase não acontece nada interessante, então quando acontece o povo fica igual formiga no mel — dá de ombros enquanto Hanna assimila o que ouviu, detestava chamar a atenção e pelo visto naquela manhã a teria até demais.

Ela concordou com o delegado ao ver a porta da igreja repleta de gente e todos se viram para eles assim que a carroça para. Suas mãos suam e a boca seca.

— Venha! — Cleiton estende a mão. Ela paralisa ao pisar no chão e olhar em volta.

— Hanna, querida que prazer te ver novamente — dona Helena chega lhe abraçando.  Se acalma ao ver um rosto familiar.

CORRESPONDÊNCIA PARA O AMOROnde histórias criam vida. Descubra agora