Casa nova
Mesmo tendo comido pouco, o estômago de Hanna parecia revolto. Benjamin, em silêncio ao seu lado, guiava a carroça.A plantação de eucaliptos que a encantou no começo, logo após saírem do povoado, agora estava deixando ela desorientada e enjoada. Os raios de sol, tremulavam na estrada junto as sombras das enormes árvores, agravando a sensação de mal-estar.
Fecha os olhos e respira devagar. Hanna tenta se concentrar apenas no barulho das rodas. Tantas despedidas a esgotaram. Evitava pensar no que estava para acontecer…
Tentara não criar expectativas, entretanto na solidão de seu quarto seus pensamentos criaram asas e sem permissão alçaram vou… A fria e praticamente muda recepção de seu noivo foi um banho de água fria.
Se segurava por um fio e o silêncio de Benjamin novamente não estava ajudando.
— Falta muito ainda? — Questiona, numa tentativa de conversar e se concentrar em algo que não fosse a vontade de vomitar.
— Não! — É toda resposta que recebi. Ela fica olhando para ele. O maxilar rígido, os ombros retos, a tensão emanava dele. Após um tempo, Benjamin realiza uma curva e Hanna nota uma pequena mudança nele.
— Agora se olhar para a direita poderá avistar o rancho. — Fala surpreendendo ela. A jovem olha na direção indicada e prende o ar. Uma cerca de madeira em mau estado cercava todo-o-terreno e se ligava a um curral com um grande galpão ao lado. À casa era grande, dois andares. Na frente uma varanda sustentada por quatro troncos deram a ela uma sensação de aconchego. Uma porta grande de madeira e várias janelas retangulares de madeira também.
A casa parecia ter sido pintada recentemente, pois o branco das paredes e o azul das janelas contrastavam com o descaso do quintal. O mato tomou conta de tudo. Ela olha em volta e se encanta com o local.
Atrás da casa uma colina com diversos coqueiros. Pelos pastos gados pastam livremente. No fundo da casa, se não estivesse enganada, estava vendo árvores frutíferas. Hanna leva a mão ao peito e suspira. Aquele lugar necessitava de vida, de carinho.
Na frente da casa pensou que conseguiria formar um belo jardim. Como sempre procurava pontos positivos na situação. O mau estar esquecido. Se distraiu e não notou que Benjamin parou a carroça, já tinha descido e estava ao seu lado, a observando.
- Já pensando em desistir. – ouve Benjamin falar com sarcasmo escorrendo pelas sílabas. Ela olha para ele e responde sorrindo.
- Pelo contrário estou admirando as redondezas e eufórica com as possibilidades. Daquela colina deve ter uma vista incrível do por do sol e veja ali na frente – fala apontando para o espaço coberto de capim entre a varanda e a cerca – vai ser um lindo jardim.
Benjamin se surpreende, não esperava essa reação, no decorrer do caminho imaginou ela chorando, horrorizada com o estado do rancho e com a distância de tudo. Sem palavras pega ela pela cintura e põe no chão, se afastando rapidamente. A proximidade, e o cheiro dela o deixou com um incômodo e não queria procurar a causa naquele momento.
O descontentamento volta, contudo ali era sua casa, ela que ficasse desconfortável.
- Venha, vou te mostrar a casa. – chamou já andando.
Hanna olha dele para as malas da de ombros e o segue. Na varanda duas cadeiras de balanço chamam sua atenção. Benjamin segura a porta aberta, seu rosto a máscara da impaciência.
- Aqui como pode ver é a sala. – fala mostrando o lugar com a mão e continua andando – por aqui a cozinha, ali fora temos um cômodo para banho. – fala sem jeito e Hanna sente o rosto esquentar. Benjamin volta pelo mesmo caminho – os quartos estão la em cima. – a vos dele sai meio engasgada.
Hanna ao ouvir a palavra quarto estaca no lugar. Aperta uma mão na outra e o ar parece não chegar ao seu pulmão. O enjoo volta com tudo fazendo ela engolir seco. Benjamin para no meio da escada quando percebi que ela não o acompanha.
— Venha logo, vou mostrar seu quarto, voltar para soltar o cavalo e buscar suas malas. Tenho muita coisa para fazer por ficar o dia todo fora. — agitado a chama com a mão.Hanna ficou confusa, mas seguiu em silêncio, não ousava abrir a boca. No corredor ela nota quatro portas.
— Esse será seu quarto. Daqui a pouco trago suas coisas. — fala Benjamin abrindo a porta. Ela se aproxima devagar. Ele se vira e desce a escada quase correndo. Hanna fica desnorteada com as atitudes dele.
Ela limpa as mãos úmidas no vestido. Retira o chapéu, entra no quarto, fecha a porta e deixa seu corpo encostar nela respirando devagar.
O quarto era simples, uma cama de solteiro com a cabeceira trabalhada. Uma rosa esculpida, rodeada por folhas. Ela se aproxima e passa a mão nos detalhes encantada. Uma penteadeira, um armário pequeno e uma poltrona e tudo que tem no quarto. As paredes brancas recém-pintadas. Tudo estava limpo. Indo até a janela, o sol se esconde. O céu vermelho e laranja traz um sorriso ao seu rosto. — Obrigada Jesus! Por tão linda recepção. Aqui estou, fique comigo Pai. Não está sendo como imaginei. Mas continuo crendo. Estou com medo, mau posso ficar de pé pelo nervosismo, seja minha força. Que eu seja luz nesse lugar. Amém! Ela, mau, consegue manter os olhos abertos. Senta na cama, se encosta na cabeceira e continua vendo a noite cair. Ela quase cai da cama quando Benjamin bate a porta. A calma que adquiriu se esvai como fumaça. Abre a boca para responder, mas a fecha logo em seguida. — Meu Deus, o que faço? — aperta o lençol em suas mãos. — mando ele entrar? Deve estar trazendo minhas malas. Falo para deixar as malas na porta? Finjo que não ouvi?
— Hanna? — ouve ele chamar antes de bater na porta novamente. Então respira fundo, tomando coragem e se levanta.
— Estou indo. — abre a porta e sem perceber se mantém em parte escondida atrás dela. Mas Benjamin percebi.
— Vim trazer suas malas. — explica sem olhar em seu rosto. Hanna nota que ele esta em uma luta interna e seu desconforto diminui um pouco ao pensar que para Benjamin aquela situação também era nova e estranha.
“ Não acredito que vou dizer isso. Matarei o Cleiton por essa ideia infeliz.” Ele engole em seco e resmungando baixinho. Mas ela escuta e esconde um sorriso.
— Olha, esse casamento é um erro. Você pode ficar aqui até entender isso e decidir ir embora. Não serei seu marido. — o sorriso dela desaparece e olha para ele com desilusão e um pouco confusa com aquela conversa. — vou ser claro, não tocarei em você. Assim poderei anular esse casamento quando entender o quão difícil essa vida aqui é. — Hanna nota que ele cora também, constrangido com o teor da conversa. No entanto, a revolta cresce.
— Você não me conhece, não sou uma flor delicada. E para mim casamento não é brincadeira, cumprirei minha promessa. Por todos os dias da minha vida foi meu voto. Estar aqui não é um erro, estou debaixo da bênção de Deus. — A pose dela mudou enquanto falava agora o enfrentava
— Deus? Ele se foi desse lugar faz tempo. E você também vai. — Benjamin fala aparentemente calmo, mas o tom e sua postura diziam o contrário.
A jovem aperta os olhos enquanto ouve os passos dele se afastando.
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Boa noite gente!
Capítulo adiantado🎉🎉🎉
Aproveitei uma melhora nos sintomas da dengue e já gostei 😘😮💨
Espero que gostem.Votem, comentem e divulguem. Ajuda muito🤩
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CORRESPONDÊNCIA PARA O AMOR
SpiritualUma jovem órfã em busca de um milagre. Assim está Hanna as vésperas de seu 18° aniversário. Benjamin um rancheiro solitário endurecido pelas perdas em sua vida. Um anúncio e algumas cartas depois ambos se conhecem... Hanna se encontra em um...