CORRESPONDÊNCIA PARA O AMOR

O pior pesadelo se torna real

Lágrimas sem controle descem pelo rosto de Hanna. Suas palavras se perderam em meio a exaustão… O som de seus soluços repercute pelo quarto junto aos fracos e escassos gemidos de Benjamin.

Os cabelos da trança quase desfeita se agarram ao seu rosto, as olheiras vividas e as mãos trêmulas dizem em auto e bom som que suas forças estão se esgotando. O choro rasga, sobe queimando e explode em um grito… Caindo de joelhos, Hanna segura as mãos frias e imóveis de seu marido, um arrepio faz seus cabelos arrepiarem.

Olhando o rosto, Benjamin tem a testa enrugada e pequenas gotas de suor refletem a luz. Um suspiro passa por seus lábios e o peito de Hanna arde. Ela olha para cima. Abre e fecha a boca, porem nenhuma palavra sai.

Benjamin começa a tremer e Hanna aperta as mãos unidas e encostando a testa na cama começa a orar.

— Pai, Senhor… — o choro impede, dificulta as palavras, contudo Hanna sabe que ELE é o único que detém o poder para fazer o milagre ali. Decidida a deixar seus medos aos pés do Senhor, continua — Eu fiz o que podia… — a impotência e o desespero aparecia em sua voz — O senhor me trouxe aqui, me permitiu ter esperanças. — A dor parecia que ia sufocá-la, mas respira fundo — Eu o amo, o amo de todo coração. Me dê a chance de dizer a ele, me permita ouvi-ló dizer que me ama Senhor! Em meio a tantas respostas o Senhor me enviou o Benjamin e eu confiei, e devagar aprendi a amar ele e tudo aqui. Em meio a tantas moças, o Senhor permitiu que somente eu respondesse seu anúncio. Foi uma correspondência para o Amor, guiada pelo amor maior o seu meu Pai. Creio que me enviaste para falar a ele por meio de mim, o Senhor o ama, Benjamin ainda não tem intimidade contigo, não o leve antes que ele possa voltar para TI, e antes de aprender a me amar, pois eu o Amo. Eu o amo! — Ela levanta a cabeça e beija a mão de Benjamin, suas lágrimas caem sobre elas. — Te amo marido, não me deixe lute para viver! — Sua cabeça cai sobre a cama novamente, era muito esforço manter ela erguida…   — E amo o Senhor, seja minha força e me ajude a aceitar tua vontade. Oro em nome de Jesus.

Deus o havia levado até ela e ela tinha confiança que Deus não o levaria antes dela ter a chance de dizer que o amava, ouvir dele que a amava e ele também conhecer o Amor verdadeiro e incondicional de Deus.

O choro se tornou um murmúrio até que, vencida pelo cansaço, adormeceu ali mesmo.

O que ela não imaginava é que em meio aos delírios justo naquele momento Benjamin estava lúcido.

Benjamin.

 

     Em Benjamin  tudo doía. Nem quando caiu do cavalo havia sentido tanta dor. Sua cabeça parecia ter sido pisoteada por um touro bravo. Ele tentou abrir os olhos, mas a claridade fazia a dor triplicar. Devagar tenta mover os braços, contudo sente o corpo tremer e geme, seu corpo parece estar sendo picado por diversas abelhas ao mesmo tempo.

Sua mente confusa, lembranças se enroscam com o presente…

Um grito de estrema agonia chega aos seus ouvidos e o deixa atento. Suas mãos são apertadas e a voz que ele aprendeu apreciar surge, contudo, está trêmula.  Ela ora compreende. E o choque de suas palavras o deixa sem ar.

“ Ela me ama…”

Uma conversa deles lhe vem a mente onde Hanna lhe dizia que somos nos que excluímos Deus de nossas vidas ao culparmos ELE por algo que não é como queremos. Lembranças há tanto tempo enterradas vêm a toma…

— Mãe, estou muito bravo com meu pai!

— Sério filho, por quê?