A voz de Ben chega a cozinha onde Hanna terminava de preparar o almoço e um sorriso involuntário se abre no rosto. E ao ouvir seu nome ser chamado, a jovem lava, enxuga as mãos e se apressa ao encontro do marido. Enquanto caminha até a sala, outra voz é ouvida. Hanna diminui os passos, um arrepio sobe por seu corpo.
“ Tá repreendido em nome de Jesus!”
Ao entrar na sala ao lado de Benjamin a um homem avantajado, com vestes finas demais para o lugar. Um chapéu preto ainda em sua cabeça faz Hanna torcer a boca, ao seu ver era um sinal de superioridade. Vivendo no orfanato viu muitas pessoas assim. Esse tipo mau os olhava e quando o fazia era olhando de cima, com o nariz empinado.
— Hanna, teremos companhia para o almoço, espero que não tenha problemas! — Benjamin fala e o tal homem se vira em sua direção — Essa é Hanna minha esposa, e esse é o senhor Tito. Ele veio até aqui para negociar comigo, então ao ver a hora o chamei para o almoço.
Hanna podia ver a animação de seu marido, seus olhos brilhavam enquanto falava e o sorriso em seu rosto ao apresentá-la a aqueceu por dentro, porém ao se virar para o senhor Tito o olhar dele a varria dos pés a cabeça. A lascívia ali a fez se sentir suja.
— É um prazer para meus olhos contemplar tamanha beleza em um fim de mundo desse. — o sorriso dele é tão grande ao ponto de mostrar todos os dentes, lembrando a Hanna do lobo mau da história dá chapeuzinho vermelho. Todavia, ao ouvir Benjamin limpar a garganta, parece se dar conta do que disse e emenda rapidamente — Com todo respeito e claro. O senhor é um homem de sorte, Benjamin, tem um rancho próspero e uma bela esposa.
Ela podia ver as emoções dançarem no rosto de seu esposo. E torceu para ele mandar aquele sujeito embora.
Já Ben, não compreendia o sentimento de posse que o tomou. A vontade de esconder Hanna.— Senhor Tito…
— Então, vamos almoçar e depois trataremos de negócios. Não quero que sua esposa fique perdida enquanto conversamos. Onde comeremos? — Tito, diz autoritário como se todos ali devessem se curvar a sua vontade. E Hanna ao entender a indireta trinca os lábios ou sei domínio próprio seria lançado pela janela.
— Com licença, vou finalizar o almoço. Fala por entre os dentes e volta para a cozinha resmungando. “ Sujeito asqueroso, mal-educado. Senhor, abre os olhos de meu marido, não o deixe ser enganado pela lábia desse homem!”
Ela chama os homens para almoçarem, mas sabendo que não conseguiria comer com aquele olhar sobre ela, faz um prato para si e vai comer no quarto.
Seu peito está apertado, algo a estava incomodando. Não conseguiu comer, então abre a bíblia.Provérbios 12.22: “Os lábios mentirosos são abomináveis ao Senhor, mas os que agem fielmente são o seu prazer”.
Entendendo o recado, dobra seus joelhos e se põe a orar por Ben, pelo rancho, pelos negócios de seu marido.
Durante a oração ela percebeu que ele já não era apenas Benjamin, era Ben, seu marido!
Algum tempo depois os ouve conversando do lado de fora e pelo canto da janela vê aquele homem entrar em seu carro e parti. Solta o ar que nem sabia estar prendendo.
— Ele já foi. — informa Benjamin a ela assim que entra na cozinha — quando fechar esse negócio vou poder expandir meu negócio. Ele tem contato com um grande frigorífico — a euforia era nítida em sua voz e o olhar dele era sonhador — Hanna esse homem caiu do céu.
“ — tenho certeza que caiu.”— réplica Hanna baixinho. — Ben não dá ouvidos ao sarcasmo dela e continua.
— Está pagando muito bem, não vou achar outra oferta como essa. — Ele falava tal uma criança com um brinquedo novo e a tristeza apertou a garganta dela.
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CORRESPONDÊNCIA PARA O AMOR
SpiritualUma jovem órfã em busca de um milagre. Assim está Hanna as vésperas de seu 18° aniversário. Benjamin um rancheiro solitário endurecido pelas perdas em sua vida. Um anúncio e algumas cartas depois ambos se conhecem... Hanna se encontra em um...