Alguns dias se passaram, Benjamin se conformou e acabou aceitando o que aconteceu.
Podia se dizer que estavam se dando bem. Jantavam juntos e a conversa fluía. Depois ela ia para a sala ler sua Bíblia e Benjamin ouvia o rádio, ou só ficava a observando.
Não diziam, mas ambos apreciavam aqueles momentos.Num desses, Hanna pediu a Ben, para lhe levar ao povoado. Lily, já estava no final da gravidez e a ansiedade a mil. Ela ia passar o dia fazendo companhia a amiga. Amava sentir aquele pequeno ser mexer sob suas mãos.
— Vou te deixar lá e voltar, tenho que preparar tudo para poder parti amanhã. Pedirei a Cleiton que a traga de volta. — Ben, diz assim que chegou para tomar o café.
— Se estiver muito ocupado posso ir caminhando. — Fala prestativa, já tinha ido a pé duas vezes, era uma boa caminhada, porém apreciava o caminho.
— De jeito nenhum! Esta muito quente, te levo e volto sem problemas. — Benjamin fala determinado.
— Eu agradeço! — responde sorrindo. A mudança nele era grande. Desde o início admirou seu caráter e sua dedicação para com o rancho. Mas com a convivência outras nuances foram notadas por ela. E o apreço cresceu, se modificou. Estar na presença dele, e suas conversas a deixavam suspirando. Seu cabelo havia crescido novamente e suas mãos coçavam para tocar aqueles cachos.
— O que foi? Tem alguma coisa errada com minha roupa? — pergunta curioso ao perceber que era alvo do olhar dela.
— Estava pensando. Vamos então? — desconversa, se sentindo corar.
Como era possível amar tanto algo na primeira vez que se vê. Hanna pensava acariciando os cabelos escuros do bebê em seu colo. Delicadamente passa um dedo pela bochecha rosada e toca o pequeno nariz. Dá um beijo em sua testa e o cheiro a faz fechar os olhos.
— Deus te abençoe pequenino.
— Não acredito que não mandou nos avisar.
— Desculpa, cara, mas eu não consegui pensar em nada, dai vocês chegaram. — ouve os homens conversando. Contudo, não consegui tirar os olhos da preciosidade em seu colo. Quando chegaram ao povoado descobriram que o bebê havia nascido na última noite.
— Qual nome escolheram? — A pergunta de Benjamin faz Hanna olhar a amiga encostada na cabeceira da cama. Lily tinha olheiras, mas o sorriso em seu rosto refletia no brilho de seus olhos. Cleiton passa por Hanna, passa mão no bebê e se senta ao lado da esposa, a puxando para o seu peito. Hanna se emociona ao vê-lo beijar os cabelos da amiga.
— Tobias. — Lily conta e sorri para o marido que completa. — Significa Deus é bom. Expressa tudo que tem feito por nós. — A emoção embarga a voz do delegado.
Observar Hanna com o bebê no colo deixou Benjamin estranho. Anseios e medos e sentimentos desconhecidos brigavam por domínio. Por um instante cogitou que poderia ser um filho deles, imaginou que ela seria uma ótima mãe. Atordoado saiu do quarto. Não podia deixar esse desejo repentino crescer. Estar com o bebê elevou a saudade do orfanato a extremos. E junto a emoção do momento e o tumulto dentro dela, conter as lágrimas foi impossível.
— O que foi Hanna? Mais uma mulher chorando eu não aguento.
— Larga de ser insensível. Vá atrás de Benjamin. — Lily fala apontando a porta com a cabeça. — Sente aqui Hanna. — aponta a beirada da cama — quer me contar o que esta acontecendo? — pergunta gentilmente.
— Desculpa, você aí exausta, um momento precioso e eu aqui assim. — aperta um pouco mais o pacotinho em seu colo.
— Está com saudades das crianças? Do orfanato? — Supõe e acerta em cheio. Os soluços aumentam a sacudindo então passa o bebê para os braços da mãe.
VOCÊ ESTÁ LENDO
CORRESPONDÊNCIA PARA O AMOR
SpiritualUma jovem órfã em busca de um milagre. Assim está Hanna as vésperas de seu 18° aniversário. Benjamin um rancheiro solitário endurecido pelas perdas em sua vida. Um anúncio e algumas cartas depois ambos se conhecem... Hanna se encontra em um...