O sol mal havia despontado no horizonte quando Hanna se levantou, o peso da noite mal dormida ainda pesando em seus ombros. Ela se dirigiu à cozinha para preparar o café da manhã, mas o silêncio que pairava entre ela e Benjamin era ensurdecedor. Sentados à mesa, eles compartilhavam a refeição em um silêncio pesado, e Hanna sentiu os olhos se umedecerem ao perceber a distância que voltara a se instalar entre eles.
Confusa era pouco, pareciam mais próximos e do nada Benjamin põe uma cerca de arame farpado entre eles novamente .
Quando Benjamin partiu para suas atividades na lida do rancho, Hanna não pôde conter as lágrimas que começaram a escorrer por seu rosto. Em meio ao seu desespero, clamou a Deus por orientação, questionando onde havia errado. A proposta de Ema de voltar para casa veio à mente, mas Hanna recusou firmemente, decidida a enfrentar seus desafios de frente.
Enquanto cuidava das hortaliças na horta, Hanna encontrou um refúgio na oração, buscando forças para enfrentar os dias difíceis que estavam por vir. Mas, apesar de seus esforços para restabelecer a conexão com Benjamin, ele permanecia distante e indiferente, passando dias inteiros trabalhando no rancho e chegando tarde em casa.
- Amanhã vou com os peões levar o gado! - anunciou Benjamin no café da manhã, quebrando o silêncio tenso que pairava entre eles.
- Vai ficar quantos dias fora? - perguntou Hanna, tentando esconder a preocupação em sua voz.
- Dois. Pode ir para casa do Cleiton, se tiver medo de ficar aqui sozinha - respondeu Benjamin, cruzando os braços com um sorriso de desdém.
- Vou ficar aqui! - replicou Hanna, endireitando-se e encarando-o nos olhos. - Precisa de alguma coisa?
- Não! - respondeu ele, levantando-se e saindo da cozinha.
Hanna suspirou e começou a planejar o que fazer para ele levar em sua viagem. Resolveu preparar uma galinhada, deixando tudo pronto para fazer junto ao jantar.
Benjamin estranhou as panelas no fogão, contudo se manteve calado. Sentia falta das conversas, no entanto estava determinado a se afastar.
Na manhã seguinte, Benjamin se surpreendeu ao receber as provisões para a viagem de Hanna. Agradeceu de forma contida, enquanto as emoções e sentimentos que tanto temia ameaçavam inundá-lo. Ele disfarçou sua agitação, despedindo-se de Hanna com algumas instruções antes de partir.
- Cleiton virá fazer a ordenha até que eu volte, se precisar de alguma coisa fale com ele.
Da varanda os viu partir, até restar apenas a poeira. Sentiu um aperto no peito, se ajoelhando ali mesmo e se pôs a orar.
Se manteve ocupada, enquanto lavava roupas, uma lembrança a atingiu.
- Deus quero ter minha casa, um marido. Vou cuidar dele lavar suas roupas, o alimentar com comidas gostosas. Poder me deitar em seu colo e ouvir enquanto ele lê a bíblia. Quero receber um beijo na testa de bom dia, passear de mãos dadas. Ver o por do sol em um lindo lugar do seu lado.
Fez essa oração aos 17 anos. A inocência do pedido com a sua realidade a fez ofegar. Suas pernas fraquejaram indo ao chão. Levou a camisa de Benjamin ao peito e o choro aumentou.
- Hanna, o que aconteceu? - perguntou Lily assustada ao chegar para uma visita. Entregou Tobias para Cleiton e fez sinal para sair.
Se abaixando abraçou a amiga, falando palavras de conforto. Devagar o planto cessa. Ela ajuda Hanna a se levantar e enquanto a ampara a leva ao quarto. Trocam a roupa molhada.
- Quer conversar? - questiona depois que Hanna senta na cama com um olhar preocupado. Pega as mãos dela e as aperta.
- As vezes me questiono se estou agindo certo forçando minha presença aqui. - responde baixinho. - achei que Benjamin estava me aceitando, mas está pior que antes.
- Aquele cabra tá merecendo um coro bem dado. - exclama a esposa do delegado com os olhos fumegando. Mas eles se suavizam ao ver um pequeno sorriso. - O que te deixou assim?
- Uma lembrança - informa olhando para longe - meus sonhos de contos de fadas.
- E ao invés de se casar com o príncipe descobriu que casou com um cavalo empacado. - diz fazendo careta e Hanna deixa uma risada escapar.
- Obrigada por estar aqui!
- Sempre estarei! - diz com convicção - temos orado por vocês, sei que não é fácil. E entenderei se quiser desistir.
- Não! - Se posiciona como os olhos arregalados.
Hanna ficou boquiaberta ao ver a determinação nos olhos de Lily. Como ela poderia desistir? Hanna recordou o dia em que trocou votos com Benjamin, sob as bênçãos de Deus e diante do pastor. Mesmo com a distância que o marido impunha, seu coração já o havia acolhido como seu.
A luta não era fácil. Se Benjamin fosse agressivo, talvez ela tivesse desistido. No entanto, enxergava além da frieza dele; via a dor da solidão ecoando naqueles olhos distantes.
- Hanna! - Lily tentou argumentar, visivelmente preocupada. Encontrar Hanna naquele estado, somado às informações de Cleiton sobre o que acontecera com Benjamin, deixara-a temerosa. Apesar de sua fé em Deus, sabia que em certas situações era preciso recuar.
- Esta é minha casa, meu lar! - Hanna afirmou com determinação, reafirmando sua escolha.
Antes que a conversa pudesse continuar, foram interrompidas pelo chamado de Cleiton e pelos choros estridentes de Tobias.
- Parece que alguém está precisando de atenção -Hanna desviou o assunto, tentando aliviar a tensão no ar.
Desceram juntas para encontrar Cleiton e Tobias, cada uma perdida em seus próprios pensamentos. Lily trocou um olhar significativo com seu marido antes de acolher Tobias em seus braços.
Balançando a cabeça em resignação, Cleiton saiu para cuidar do rancho, deixando as duas mulheres a sós na cozinha, onde esperavam encontrar conforto e clareza para os desafios que estavam enfrentando.
Os noites sem Benjamin pareciam enormes. Na primeira teve certo receio, contudo orou e descansou em Deus.
O segundo dia amanheceu nublado. Cleiton a cumprimentou e voltou ao povoado.
A cada instante seus olhos pousavam na estrada, algo a incomodava.
- Deus entrego Benjamin e os peões ao Senhor!
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" Não romantiso relacionamento abusivo!
Benjamin estava com medo, não agrediu fisicamente e nem a ameaçou. Não se aproveitou dela em nenhum aspecto! Tentava se manter distante dela para não se apegar! "Estamos na reta final!
Espero de coração que estejam curtindo a leitura e torcendo por esse casal!Obrigada por acompanhar a história!
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CORRESPONDÊNCIA PARA O AMOR
SpiritualUma jovem órfã em busca de um milagre. Assim está Hanna as vésperas de seu 18° aniversário. Benjamin um rancheiro solitário endurecido pelas perdas em sua vida. Um anúncio e algumas cartas depois ambos se conhecem... Hanna se encontra em um...