Fraca?

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Benjamin


Cleiton e Lily vieram duas vezes ao rancho na última semana para ajudar Benjamin a organizar a casa para a chegada de “sua esposa”.

Quando enviou o anúncio pouco depois se arrependeu. E com o passar do tempo, uma semana se tornou um mês e a ansiedade de Benjamin cessou ao não receber nenhuma resposta. Disposto a esquecer aquela loucura, continuou com o trabalho no rancho. Até que duas semanas depois Cleiton aparece galopando como um louco sacudindo um envelope em sua mão. Benjamin se preocupa imediatamente com Lily e seu bebê.

— Você recebeu uma carta! — Gritou o amigo assim que o avistou. Benjamin coloca as mãos sobre a cerca observando o sorriso no rosto do outro que se aproxima e ele arregala os olhos e esquece até o que ia dizer ao entender o significado da fala de Cleiton que mal espera o cavalo parar e salta indo em sua direção.

— Ok! Abrirei essa bendita carta chega de falatório.

E assim, começou a se corresponder com a única jovem que respondeu seu anúncio.

Cleiton e Lily, se possível, pareciam mais ansiosos que ele a cada carta. O jovem por fora aparentava serenidade, mas por dentro uma tempestade rugia. O medo de estar cometendo o maior erro de sua vida estava tirando seu sono.

Os amigos gostaram da tal Hanna desde o início, e o atormentavam com a resposta que enviava. Para agradar Lily, colocou mais informações. E mesmo se contorcendo desconfortável, não conseguiu contradizer a mulher do amigo.

Assim chegou o dia. Benjamin se sentia trêmulo, suas mãos estavam úmidas e o suor escorria por seu rosto.

— É hoje! Como se sente Ben?— Pergunta Lily, logo que ele chegou a delegacia o observando.

Cleiton cumprimenta o amigo com tapas em suas costas. Ele sabe como Ben se sente, afinal passou por isso. Olhando para a morena ao lado de Benjamin, seu sorriso se amplia. Deus foi ótimo para com ele. Junto a sua esposa orou muito por Ben e mais recentemente por Hanna também. O amigo já perdeu muito em sua vida. Perder os pais e a irmã de uma vez abala qualquer um.

Oravam para que Hanna fosse um refrigério em meio ao deserto que Ben vinha atravessando. Deserto, sim; ele parou de viver, enterrou seus sonhos na área do sofrimento, se isolou, evita qualquer respingo de amor. Vive para o rancho e trabalha até a exaustão. A tristeza dele preocupava o casal que fazia o possível para ser presente na vida do amigo mesmo contra sua vontade.

— Ben, você não cortou o cabelo? Meu Deus, o que esses homens têm na cabeça? Você conhecerá sua noiva hoje, tá lembrado? Depois do almoço vai se casar com ela e me aparece aqui parecendo que saiu direto do curral. — profere Lily, exaltada. Benjamin arregala os olhos e Cleiton tosse para encobrir a risada ao ser alvo dos olhos de sua esposa. — Vá tomar um banho! E você trate de arrumar uma camisa para Ben usar.— Ambos obedecem imediatamente.

— Agora sim está parecendo uma pessoa civilizada com esses cachos arrumados — Ela dobra o pescoço para o lado e bate o dedo na bochecha — pensando bem, você fica bonito com esses cachos assim.

— Hei! —Reclama Cleiton, e Ben gargalha. Ele era grato por ter esse casal na sua vida. Brincando, pega a mão de Lily e leva aos lábios. — Sai para lá! Deixe minha mulher, vá buscar a sua que deve estar chegando.

A risada morre em seus lábios ao ver Lily arquejar. Cleiton a ampara e Benjamin começa a abanar ela com seu chapéu. Nesse momento se ouve o apito do trem.

A ânsia de vômito faz Lily tremer. Os dois homens se olham impotentes. Ela fecha os olhos apertados e respira pausadamente.

— Vai logo Benjamin! O trem já chegou.— Ordena Lily entre uma respiração e outra.

— Não! Vou te deixar assim. O que posso fazer por você? — Pergunta Benjamin apavorado, Cleiton a senta em uma cadeira. Retira com carinho o cabelo do rosto da amada. A testa dela brilha úmida. Benjamin continua abanando.

CORRESPONDÊNCIA PARA O AMOROnde histórias criam vida. Descubra agora