Planos

70 17 15
                                    

Benjamin havia marcado uma reunião com o pastor. Raio trotava em direção à igreja. Conversas não o afetavam mais.
Cumprimentava quem cruzava seu caminho. Desmontando amarra seu cavalo e vai em direção à porta. Era a segunda vez em 8 anos que punha seus pés ali. O cheiro e o frescor do local traz paz a muito perdida, o sentimento de voltar para casa.

- Chegou cedo. - falou pastor Caio do primeiro banco.

- Bom dia, pastor. - Benjamin caminha em direção a ele. E apertam as mãos.

- Sente- se Benjamin. Como está Hanna? Em que posso ser útil? - pergunta curioso.

- Ela está bem, ficou em casa. - o pastor não perde o sorriso dele - o senhor sabe que me afastei depois da morte da minha família - engoliu em seco, lhe era difícil falar, a dor rugia.

- Sei, sim, filho. Admiro você por permanecer no rancho e manter os princípios de seus pais. Muitos não saberiam lidar com as lembranças.

- Não foi fácil pastor. Culpei Deus por tudo, me afastei da sua presença. Me esqueci que esse lugar aqui é passageiro, não valorizei a minha vida e por vezes desejei ter morrido também. - as lágrimas descem e Benjamin as enxuga.

Mas não se envergonhava, não é só o pastor que está ali, Benjamin podia sentir o Espírito Santo o rodeando o curando. Desde que resolveu voltar, sabia que chegaria a hora de por para fora tudo que havia feito tão mau. E aquele era o momento de derramar toda sujeira que acumulou, era o lugar de cura.

- Parei de orar achando que Deus tinha me esquecido, mas outros continuaram orando. E Deus misericordioso me permitiu ver novamente. Compreendi a verdade do evangelho; Evangelho. - Aquela moça trouxe um brilho a minha vida. Sei que foi o Espírito Santo que agiu. Eu me abri para as mudanças e aprendi a amar cada momento com ela. Queria estar com ela, ouvir suas palavras. Ela não falava o que eu queria ouvir. Me desafiava, foi instrumento de Deus em minha vida. - o olhar sonhador dele e o sorriso falava ao pastor mais que as próprias palavras - Eu queria pedir para o Senhor realizar meu casamento com a Hanna novamente. Agora na igreja, com tudo que ela merece.

- Realizo sim e para quando está pensando. - Questiona o pastor e se empolga com os preparativos descritos por Benjamin.

Mais leve, vai à casa do delegado, pediu para seu Carlos e dona Elena encontrar com ele ali. Queria contar as novidades a eles e também pedir ajuda para seu plano.

- O que será que o Benjamin quer falar conosco? - Escuta dona Elena, enquanto se aproxima.

- Não sei, mas se ele vier falar que vai anular o casamento e mandar aquele doce de menina embora darei a surra que ele esta merecendo esse tempo todo. A si vou.

Benjamin para e coça o queixo rindo da firmeza na voz de seu Carlos. E continuou escutando a conversa.

- Ele não seria doido a esse ponto, pai. Não depois dela ficar ao seu lado quando ficou doente. E se for, pode deixar que eu mesmo dou um jeito nele. - Benjamin sente a mudança na voz do amigo.

- Calma, amor! - "isso Lily me defenda." Pensa Ben, mas logo bate uma mão na testa ao escutar o resto da frase. - Benjamin tem um pouco de juízo, sabe que se Hanna partir aquele lugar ficará um mausoléu. Lily continua falando.

- Orei muito por aquele menino. E Deus o abençoou com aquela moça. Espero de coração que o que vislumbrei nos olhos dele seja verdade e que Ben, escolha derrubar aqueles tijolos que ele mesmo colocou a sua volta.

A emoção na voz daquela querida senhora, toca ele profundamente. Havia perdido muito, mas perdeu mais ainda por sua culpa. Sofreu sozinho esses 8 anos e sem que percebesse fizera outros sofrerem por ele. Constrangido, passa as mãos no rosto e entra.

CORRESPONDÊNCIA PARA O AMOROnde histórias criam vida. Descubra agora