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CAPÍTULO V

    O mundo pareceu então circunscrever-se àquele quarto. Wuxian conservou o olhar fixo em Lan Zhan. Era como se minúsculas estrelas de fogo dançassem no fundo das íris douradas, executando evoluções hipnóticas, faiscando, apagando-se em um ponto e reacendendo-se em outro. A centelha de desejo brilhou tão intensamente no olhar de Lan Zhan, que Wuxian sentiu-se desarmado.
Não pôde se impedir de estremecer. Fez mensão de retirar a mão do peito dele, mas Lan Zhan não permitiu. Cobriu-lhe a mão com a sua.

— Esta retirando seu convite, Wei Ying?

— Não – Ele sussurou-lhe quase sem voz.

.— O que houve então? Teve outro pensamento?

Wuxian quis se esquivar daquele olhar, daqueles olhos misteriosos que pareciam devassar-lhe a alma. Foi somente o orgulho que o impediu de recuar.
— Sim – admitiu com simplicidade.

Lan Zhan notou que a mão do ômega tremia. Falou num tom quase terno, mas seus lábios curvaram-se em um sorriso zombeteiro.

— Acaso está com medo, Yiling Laozu?

— Não existe motivos para se ter vergonha do medo. A única vergonha reside em fugirmos do que nos amedronta .
Wuxian ergueu o queixo e sustentou o olhar. Fez uma pausa e acrescentou: — e não tenho intensão de fugir do senhor, alfa.

— Mas já fugiu antes

.— Não do senhor.

    Lan Zhan encarou-o, supreendido e um tanto aborrecido com a intensidade do ciúme que corria por dentro. Pois, aquele sentimento ia muito além da recusa, socialmente aceitável, de dividir seu esposo com outro homem. Tratava-se de um sentimento de posse pessoal, que encerrava algo de dor.A mão dele deslizou para o pulso do ômega.
— Onde esteve, Wei Ying? – a pressão no pulso de Wuxian aumentou. – Diga-me.

— Não posso, não há mais nada a dizer a esse respeito – ele replicou, tomando fôlego..

— Sabe o que acontece com ômegas infiéis, não sabe?.

Wuxian reprimiu um grito de dor quando Lan Zhan apertou-lhe ainda mais o pulso. De repente, o olhar antes ardoroso dele transformou-se em fria deliberação.

— A espada do algoz está sempre de prontidão. Espero que não se esqueça disso, ômega.

A ira que transparecia nas palavras dele, glacial, inabalável, intimidou Wuxian. Olhou para o próprio pulso e em seguida tornou a fitá-lo.
— Está me machucando.

Lan Zhan afrouxou a pressão dos dedos. Não o soltou, porém.

— Não há necessidade de me fazer ameaças. Não lhe menti quando prometi ser um esposo fiel.

    — Pois será a primeira vez que um filho da família Weii de Yiling não mente ou trapaceia .

Dito isso, ele riu sem muita vontade.
Depois seus olhos se estreitaram
.— Algum dia, pedirá perdão por suas palavras – Wuxian declarou, a sombra de um sorriso passando por seus lábios..

— É um ômega valente, ... ou apenas petulante?

— Espero que ainda viva muitos anos para encontrar a resposta para a sua pergunta.Wuxian  baixou o rosto, temendo que ele lesse em seus olhos as emoções as emoções que o assaltavam.

Se ao menos Lan Zhan imaginasse quanto desejava que ele vivesse, quanto desejava lhe dar aqueles anos de vida roubados pela traição de Wei Ying..

.Lan Zhan franziu o cenho. Flagara uma estranha inflexão na voz do ômega, como se houvesse uma mensagem velada em suas palavras.
Um sentimento inexplicável insinuou-se em seu íntimo, e se desvaneceu tão logo despontou. Ele segurou o queixo de Wuxian e sondou seus olhos prateados.

As duas vidas de Wei WuxianOnde histórias criam vida. Descubra agora