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CAPÍTULO XXIV

    Embora Wei Ying não se mexesse, Lan Zhan pressentiu o exato momento em que recobrou a consciência, graças à força dos laços que agora os uniam. Mas ainda não compreendia . Ainda existiam segredos e barreiras entre os dois.

    O que ele havia tentado fazer com aquele retrato? Teria agido de maneira tão bizarra devido ao nervosismo? Teria tentado invocar os espíritos para fazer um encantamento? Lan Zhan estremeceu. Houvera um momento fugaz em que Wei Ying parecera ter se tornado transparente, quando as mãos dele pareciam segurar apenas o ar.

    E depois, quando seu ômega chorara amargamente, não tivera coragem de pressioná-lo com perguntas. Entretanto, Lan Zhan ainda sentia um calafrio ao recordar o episódio. 

(...)

    Quando Wuxian emergiu do sono, soube exatamente onde se encontrava. Desde sua tentativa malograda de escapar dali, nunca mais ficara desorientado ao acordar. Agora sempre despertava com a consciência de quem era e de onde estava. Ser e querer, ele sorriu. Ao que tudo indicava, seu vôo frustrado provara-lhe que pertencia àquele lugar, àquele tempo.

    Sim, pertencia àquele lugar. Agora o compreendia. Por alguma razão, o destino reservara a Jiang Wei Wuxian a missão de completar a sina de Lan Wei Ying .

    A inevitabilidade de seu destino trouxe-lhe um pouco de serenidade. Ao menos, não precisaria mais se perguntar o tempo todo o que seria dele. Já sabia que seria capaz de alterar algumas coisas. 

Outras estavam fora de seu alcance. Não havia sentido em tentar prever o futuro. Isso, finalmente, Wuxian agora entendeu.

    Mesmo assim, não pôde impedir que seus pensamentos se voltassem para o futuro. Afinal, aquele não era um dia comum. Lan Zhan deixaria Gusu para reunir-se a suas tropas em Qinshan. Entraria na esfera de influência de Wen Chao. Wuxian sabia muito bem o que o esperava. Precisava tomar uma atitude para deter o curso dos próximos acontecimentos.

    Por mais estranho que parecesse, estava grato pela calma que agora sentia. Não queria que seus últimos momentos com Lan Zhan fossem marcados pela ansiedade e pelo pânico. Talvez... talvez, pensou esperançoso, o destino ainda os brindasse com uma dádiva.

    Wuxian virou-se e encostou no corpo de Lan Zhan. Notou que ele estremeceu levemente e soube que estava acordado. Rerstava-lhes ainda uma hora. E, durante uma hora,  fingiria que aquela era uma manhã como qualquer outra. Deixou que a mão corresse pelo flanco de Lan Zhan e começou a cobrir au corpo de beijos.

    Lan Zhan não pudera evitar um pequeno estremecimento ao sentir o corpo de Wei Ying junto ao seu. Agora, para prolongar o jogo amoroso, ficou imóvel enquanto Wei Ying acariciava sua pele com as mãos e com a boca.

    Por alguns minutos, ele deixou-se embalar pelo prazer fácil que lhe era oferecido. Porém, quando o ômega colocou o joelho entre suas coxas e começou a tatear seu corpo, até tocar membro ereto, Lan Zhan gemeu súrdamente e mudou de posição, fazendo-o sentar-se sobre ele.

    -— Feiticeiro…

    Ao fitá-lo, a intensidade de seu amor por aquele homem provocou-lhe um choque quase físico. Seu amor era uma chama eterna que ardia em seu corpo e em sua alma. Wuxian acariciou o rosto de Lan Zhan, tateando seus traços bem feitos, como que para memorizá-los. Depois enroscou os dedos nos cabelos , sentindo sua textura sedosa.

— Faça amor comigo, Lan Zhan. — Wuxian curvou-se e beijou-o na boca. — Faça amor comigo…

    Ai interrompeu-se, horrorizado. Sentiu uma frialdade no coração. Não dissera em voz alta, mas o resto de sua frase pairou sobre o quarto: "Como se fosse a última vez".

As duas vidas de Wei WuxianOnde histórias criam vida. Descubra agora