Parte 11

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- Saori não! - Gritou Hashirama e o mesmo foi pra baixo da coberta e Madara estava em pé, quando a garota apareceu ali, mas por sorte Madara tinha um trunfo que Hashirama não tinha e a garota perguntou confusa, olhando seu pai em pé.

- Err.. papai, porque você parece um fantasma? - Madara havia usado parte de seu chakra rikudou para assumir a aparência do mesmo outra vez, afinal era o jeito mais rápido de se vestir a tempo com Saori a alguns passos da janela. Logo Izuna colocou a cara ali na janela e perguntou. - Err.. tá tudo bem?

Mas logo o garoto olhou para Hashirama embaixo do edredom, coberto de um modo que só o olho dele ficava de fora e estava arregalado pelo susto de ser quase flagrado pela filha naquela situação. E então Izuna olhou ao redor e associou a bagunça de roupas ali e começou a gargalhar. - Vamos Sao, abre a porta lá pro tio eu entro pela porta. Seu pai está.. hmmm cuidando do seu outro pai.

- Papai tá dodói? - Perguntou a garota se aproximando da cama e colocou a mão na testa de Hashirama que assentiu. E ela ficou desconfiada. - Não está com febre.

- É porque eu estava ajudando com isso filha, mas ainda preciso terminar algumas coisas tá, vai lá abrir a porta pro tio Izuna, a gente já vai lá tá?! - Disse Madara ao se abaixar diante da filha que tocou os cabelos agora brancos de Madara. - Você fica bonitão assim de fantasma papai.

Madara riu sem graça e foi com a filha até a porta do quarto e abriu, ela correu pelo corredor até chegar na sala e assim que ela abriu a porta, Madara fechou ali do quarto e desfez o modo rikudou caçando suas roupas e as de Hashirama pelo chão e entregou a ele sua cueca e a vestiu e em seguida vestiu sua calça e foi até o armário onde pegou uma regata e a vestiu, prendendo os cabelos para o alto em seguida, inclusive a franja dessa vez.

Hashirama vestiu também sua cueca, sua calça preta e sua camisa preta de gola alta e deu um nó nos cabelos com o próprio cabelo e foi para a sala com Madara.

Izuna queria rir do irmão, mas se conteve. Ele abraçou Madara e disse. - Que bom que está melhor maninho... tipo... beeeeem melhor. - Izuna disse sugestivo segurando o riso e Madara bagunçou os cabelos do garoto . - Cala a boca. - Disse o mais velho dos Uchihas.

- O que? não disse nada. Não falei nem que você está cheirando a... - Madara olhou de Saori para Izuna como se indicasse que tinha uma criança ali. E Izuna completou. - a floresta depois da chuva.

Hashirama foi quem não se conteve e gargalhou lá da cozinha onde preparava um café fresco do jeito que Izuna gostava e depois preparou um chocolate morno para Saori e mais dois chocolates quentes para ele e Madara.

Até o treinamento de Tobirama com alguns ninjas da ANBU terminar naquela noite, Izuna ficou por ali conversando com Madara enquanto Hashirama ensinava a filha a jogar cartas e a fazer apostas certeiras, sem Madara perceber, claro.


....

- Pega. - Disse Hashirama ao se sentar ao lado de Madara na beira do engwa entregando a ele a metade do sorvete que havia partido. - Você nem se arrumou ainda. Está tudo bem?

- Está sim. - Disse Madara aceitando o sorvete e já colocando o doce na boca tirando um pedaço do mesmo. Não tinha a paciência que Hashirama tinha para ficar só lambendo aquele doce. - Eu só não vou ir, por isso não me arrumei.

- Como assim não vai, Mada? - Perguntou Hashirama surpreso enquanto Madara dava mais uma mordida no doce.

- Não preciso nem falar, né? - Disse Madara incrédulo.

- Mada, você faz parte de Konoha, é um shinobi daqui, você mudou, não é mais aquele homem de outrora. - Disse o Senju.

Madara encolheu os ombros dando mais uma mordida no doce, vendo se aproximar o final da tarde. - Hashirama, a última pessoa que vão querer ver no festival, sou eu e o Obito. Por isso ele foi para as termas com a Rin e o Akira. Eu deveria ter ido junto.

- Mada, você mudou. - Insistiu Hashirama.

- Eu sei, você sabe. Mas também sabemos que nada que eu faça vai apagar o que eu fiz, Hashirama. Esse festival é para homenagear os mortos na guerra, você acha mesmo que eu, o assassino da maioria desses homenageados de hoje seria bem vindo lá? É claro que não. - Madara afagou os cabelos de Hashirama e o trouxe ao seu ombro ao ver a expressão tristonha daquele homem que amava uma boa festa. - Mas você vai! - O Uchiha terminou seu sorvete enquanto o de Hashirama derretia na mão do Senju. - E você vai se divertir e exibir esse sorriso aí para todo mundo, e fazer a noite dessas pessoas ficar aconchegante, porque é isso que seu sorriso faz, conforta todos.

Hashirama olhou para Madara e disse fazendo um bico. - Mas sem você fica chato. Não quero ir sem você.

- Deixa de ser dependente, Hashirama Senju. - O Uchiha mordeu o sorvete de Hashirama agora.

- Ei, roubou meu sorvete! - Disse Hashirama e Madara encolheu os ombros. - O que? Roubei mesmo, fica ai dando bobeira. E se bobear mais vou lamber tua mão. - Disse o Uchiha olhando de modo carinhoso, mas um tanto ameaçador para o Senju, e isso o fez lembrar das brincadeiras bobas que eles tinham na infância. E Hashirama fez uma careta para o Uchiha e disse, agitando o sorvete na frente dele. - Não vai não.

Hashirama saiu dali correndo, e Madara se levantou e correu atrás dele ao redor de casa e só quando Hashirama entrou que ele conseguiu alcançar o Senju, envolvendo os braços na cintura de Hashirama que colocou todo o sorvete na boca e disse depois de puxar só o palito ficando com a boca cheia, pelo doce gelado. - É meu. Só meu.

-Nossa que egoísta- Disse Madara, virando Hashirama de frente para si vendo o homem com as bochechas infladas pelo doce que estava quase inteiro na boca. - Seria uma pena se eu fizesse você rir e perder todo esse sorvete né? - Hashirama arregalou os olhos e Madara sorriu de forma travessa e pressionou os dedos na cintura do Senju, em pontos específicos causando cócegas no shodai, que quase se engasgou mas conseguiu mastigar o doce e engolir sem perder o mesmo em meio ao riso que ele controlou para ser moderado. Após ter a certeza que seu namorado já tinha engolido o doce, Madara derrubou Hashirama no chão da sala, lhe causando ainda mais cócegas, ao ponto do Senju ficar vermelho de tanto que estava rindo enquanto tentava em vão parar as ações dele.

Mas ao notar que um certo limite foi atingido, quando o Senju começou a tossir entre o riso, Madara parou, exibindo um lindo sorriso que deixava seus dentes brancos e alinhados à mostra enquanto seus olhos chegavam a se fechar, um riso sincero que só o Senju conhecia. Ele ajudou Hashirama a se levantar e disse. - Vai se arrumar, ou você vai acabar se atrasando.

Hashirama envolveu os braços na cintura de Madara que envolveu seus braços no pescoço de Hashirama e ficou a afagar-lhe a nuca. - Eu amo você. - Disse o Senju, sincero. - Eu também, amo você Hashi. O amo intensamente. - O casal então se beijou, mas sem demora, pois Madara os afastou e colocou as mãos nos ombros do Senju e o levou ao quarto para ele ir se arrumar de uma vez.

. . .

Konoha toda estava na festa para homenagear seus mortos, Hashirama havia saído a pouco, Izuna e Tobirama o acompanharam e Saori seguiu junto a seu pai Senju, ele estava lindo naqueles trajes festivos, ainda mais lindo do que era, assim como a criança também. Obito e sua família não estavam presentes, Sasuke estava na festa e com isso o distrito estava deserto. Madara trajando um confortável kimono impulsionou seus pés para cima e foi para o telhado de sua casa, dali ele pôde contemplar o vasto céu estrelado e ao longe, afinal o distrito Uchiha era longe do centro principal, ele viu as luzes que vinham da festa. Um animado festival para aqueles que partiram não se sentirem sós ou tristes no pós vida.

O silêncio deixou Madara pensativo. Rememorando todos os atos que fez na vida e chegou a conclusão que de fato não merecia o perdão e a confiança de ninguém. Fora de fato um "bakemono" como dizem aos sussurros quando o vê... um monstro.

Perdido em meio aos pensamentos, acabou baixando sua guarda, mas a recuperou a tempo de desviar de uma fuuma shuriken que voou em sua direção. O Uchiha saltou do telhado da casa e se pôs em pé na rua, em frente da pessoa que proferiu aquele ataque, era uma garota e ela estava com os olhos inchados, certamente havia chorado recentemente. E essa garota que segurava um pergaminho aberto disse. - Vocês dois o mataram. E estão aqui, você e aquele garoto idiota da cara amassada. É injusto vocês estarem aqui e ele não. É como se a morte dele não tivesse sido vingada. É como se ele tivesse morrido em vão!

Madara ficou em silêncio, apenas ouvindo a garota.

- Mas se eu aproveitar que Hashirama sama está longe e você está aqui sozinho, eu posso vingar o meu amigo. E é o que eu vou fazer. - Disse a garota que tinha dois coques no alto da cabeça e começou a lançar várias armas que vinham do pergaminho que ela segurava. Madara não julgava a atitude dela, mas também não atacou a garota, apenas se defendeu proferindo jutsus de defesa, apenas para intervir no caminho das armas que aquela garota não parava de lançar.

Eles pareciam dançar no meio da rua deserta do distrito Uchiha,pela forma dos ataques da garota e da defesa do Uchiha, apenas a voz da menina era ouvida, seus lamentos, seus xingamentos, suas tristeza esplanada pela morte de alguém que ela se referia como "ele".

Mas apesar de não ser apenas uma criança, aquela shinobi não parecia ser o tipo de ninja que aguentava longos combates e não parecia ter nada além de habilidades com armas lançadas de pergaminhos, então o jeito era apenas cansar a mesma. Definitivamente ela não era uma ninja com grande quantidade de chakra... pode ter sido um dia, mas não era mais, pois ela se cansou logo. Na verdade, Madara lembra de ter visto a garota em Konoha, era vendedora de armas de uma loja na vila. Definitivamente não era o tipo de ninja que aguentaria muito tempo, mas parecia ser bem determinada e para ser um ninja, bastava isso.. ter determinação.

- Menina, eu sei o que eu fiz. Não precisa relembrar meus pecados como todo mundo faz questão de recordar todos os dias. Vai lá homenagear essa tal pessoa, ao invés de perder tempo. - Madara disse repentinamente atraindo a atenção dela. Seu tom de voz não era agressivo, mas era o tom de voz de quem está aborrecido. E de fato Madara estava começando a se irritar com esses constantes ataques que sofria em Konoha, longe dos olhos dos demais. Certo que todos na vila o queriam morto, mas isso estava começando a encher o saco.

- Menina não, eu tenho nome é Tenten e eu vou acabar com você.Sem o Hashirama sama perto você não é nada. - Disse ela indo agora para cima dele segurando uma shuriken maior que ela e o Uchiha sorriu ao ativar o sharingan básico e em um movimento rápido levou uma das mãos para trás e prendeu o braço da garota que estava prestes a cravar uma kunai envenenada em suas costas e com a outra mão ele parou o ataque do clone da garota que partia direto para o ataque dele, mesmo sendo apenas um clone, a ponta afiada daquela shuriken simples, a sem veneno, atingiu sua mão, quando ele a parou e assim que o clone e o objeto se dissiparam no ar, Madara olhou para sua mão com seu próprio sangue e depois apertou a outra mão no pulso da garota e como se estivesse sido tomado pela irritação ao ver que ela conseguiu de certa forma ferir ele, mesmo que fosse superficialmente o Uchiha forçou a garota para o chão a ponto de fazer Tenten ficar de joelhos. - Você realmente não sabe que eu não preciso da proteção de ninguém né, garota? Vá para o festival, é a melhor coisa que você pode fazer agora. - Disse Madara e a garota riu e disse. - Você e o outro tiraram o homem que eu amava de mim, definitivamente você tem que morrer. - Ela tentou um novo ataque às cegas que foi repelido sem esforço pelo Uchiha que segurou pelo pescoço do clone que ela mandou por trás dele outra vez e fez o clone se dissipar no ar e assim que ela olhou para Madara, o Uchiha a capturou com o sharingan e controlando as ações dela através do seu majestoso genjutsu, a mão da garota que segurava a kunai envenenada virava-se perigosamente contra ela mesma, lentamente o Uchiha fez ela mesma encostar a kunai no pescoço dela e então a libertou do genjutsu e Tenten se assustou ao ver o que ela ia fazer.

Ao olhar para os lados não viu mais ninguém, o que tinha acontecido? Ela ... atingiu Madara? Ele fugiu? Ele não estava ali? O que estava acontecendo? Eram inúmeras perguntas que vagavam pela mente confusa da kunoichi, ela apenas se levantou do chão, não sabia se o que aconteceu era real ou não, mas ela saiu correndo dali.

Do alto do muro da vila que tinha ali no distrito, Madara estava em pé, observando de longe a garota sair dali. Ele olhou para seu lar e após para a vasta floresta que rodeava a vila e ao mesmo tempo tinha uma coisa em mente. Não podia correr o risco de estragar tudo que conquistou, não podia arriscar sua felicidade, seu amor, sua família, porque um bando de aldeões ingratos e loucos para matá-lo ficavam enchendo o saco todos os dias.

Não podia.

Precisava refrescar a mente.

O Uchiha olhou ao redor e localizou dois ANBUS que estavam fazendo sua guarda. Não foi nada difícil para Madara colocar os dois para dormir com um genjutsu e então ele pulou o muro, e embrenhou-se pela mata densa que rodeava Konoha, rumando em direção norte da mesma mata.

Rinne TenseiOnde histórias criam vida. Descubra agora