Capítulo 9

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Ele se manteve frio

- Pode chorar o quanto quiser, isso não me comove em nada. Se eu não fosse um homem honesto e crente em Deus, te faria sentir a mesma dor que eu, com as minhas próprias mãos. Quero você fora daqui.

- Ou irá pagar por tudo. Envergonhar seus pais e ir presa!

Aos prantos ela se aproximou ficando de joelhos na frente dele

- Justin eu não tenho pra onde ir, por favor não faça isso comigo. Eu te imploro!

- Por ela, Daisy é minha melhor amiga.

Ele segurou seus pulsos com força a machucando

- Tem meia hora para sumir, de uma vez por todas. Daisy não precisa de você aqui.

- Eu irei cuidar dela!

Olívia levantou guiada pelo apertão implorando pra ele a soltar, pedindo perdão, Lola entrou no quarto assustada

- O que está acontecendo aqui? Justin?

Ele empurrou Olívia levemente, a soltou alterado

- Tire essa mulher da minha frente.

- Eu te odeio com todas as minhas forças!

- Fraca, covarde, mau caráter, mentirosa, me admira Daisy ser amiga de alguém assim.

- Saia daqui.

Toda perdida Lola saiu amparando Olívia, que estava aos prantos sem saber o que fazer, tentando ajudar Lola a convenceu de ir para sua casa, tomar banho, comer, garantiu que Justin era honesto e iria fazer a coisa certa.

Olívia não conseguiu comer, apenas tomou banho, arrumou as malas separando as coisas de Daisy das suas, e ficou tentando criar coragem de falar aos pais, que estava no Brasil.

Muito solidária Lola ficou sendo gentil, a incentivou voltar pra casa, a tarde Olívia criou forças e ligou para a mãe, por chamada de vídeo, soube que seu pai havia caído no quintal e machucado a perna, chorou muito toda preocupada, prometeu ir pra casa assim que possível, mas não foi nada sincera.

Comprou uma passagem de ônibus, para viajar a noite e ir embora, no final do dia foi ao hospital se despedir de Daisy, pois sabia que a amiga estaria muito bem cuidada, Lola foi junto, e contou ao Lucca, tudo o que estava acontecendo, Justin estava aflito com tudo, tinha levado três médicos diferentes para ver Daisy e todos disseram o mesmo, que talvez o corpo dela estivesse precisando de tempo e a qualquer momento poderia acordar ou talvez nunca mais, desolado e com raiva, muito magoado soube que Olívia partiria a noite.

Quando ela chegou no quarto de hospital, ele estava lá sentado com aquele olhar frio e a expressão carregada séria, apreensiva com medo, Olívia foi indo até a maca com uma caixa organizadora nas mãos
Só vim me despedir dela.
Começou colar fotos na parede, chorando, falando baixinho com Daisy

- Eu tenho que ir, mas nunca é um adeus, só um até logo minha amiga.

- Você vai ficar bem! Me perdoa por tudo.

Justin se levantou, foi segurar a mão de Daisy

- Quem perdoa é Deus. Você mentiu, me fez de bobo e tudo tem um preço, não vai embora enquanto eu não permitir! Ou irei te denunciar.

- Mexeu com o homem errado. 

- Se preferir, me denuncie por ameaça, cárcere privado, ahhhh não.

- Pois você vai me acompanhar, por vontade própria.

- Minha mãe se machucou e vai passar alguns dias em casa de repouso.

- Ninguém da minha família sabe o quão ruim você é. Já que gosta de encenar, vai passar o resto do ano fazendo isso.

- E muito bem eu espero, vai ser a namorada perfeita completamente devota e apaixonada, um primor de mulher!

Ela estava chorando desacreditada, ele foi indo em direção a saída

- Tem dez minutos para tomar uma decisão e me encontrar no carro.

- Se quiser vá ver seus pais, viaje a noite toda, tome um café da manhã reforçado e então, lá pelas treze quatorze horas, um oficial de justiça vai bater na sua porta, com uma foto de seu belo rosto mentiroso e sua mãe, vai ficar muito infeliz, porque você será levada à delegacia para prestar contas, não acho nem que saia.

Se sentindo acuada com receio de piorar tudo, aceitou a chantagem e logo foi até ele, entrou no carro se segurando pra não chorar, ele ligou o som em um volume altíssimo com uma música que Daisy adorava, repetiu inúmeras vezes de pirraça, até chegar no condomínio, abaixou o som

- Você vai parar de chorar, isso me irrita e minha mãe não é tola.

- Teremos regras de convivência.

- Do quarto para fora, será a mulher que deveria ser, discreta, amorosa e gentil, principalmente comigo, vai cuidar de mim, falar sobre o quanto gosta de estar conosco todos os dias.

- Refeições são feitas na mesa e todos juntos, você é vegetariana meu bem, está proibida de comer carne.

- Vai se deliciar na comida saudável, que Pilar irá fazer gentilmente todos os dias.

- Infelizmente vamos ter que dividir o quarto para não gerar suspeitas e lá, não quero que fale comigo.

- A sós, quero o menor contato possível, não gosto de você, não tenho o menor interesse em te conhecer melhor e claro, não vou te tocar, nem nos meus piores pesadelos.

- Você vai fazer companhia a minha mãe, te quero grudada nela, a agradando.

- Se contar a alguém qualquer coisa, sabe que terá problemas.

Chegaram na casa, ela permaneceu calada, ele foi entrando com a mala dela

- Falei que você foi ver a família de Daisy, não se esqueça que é órfã aqui.

- Para todos os efeitos, estamos em lua de mel, curtindo cada momento, você dorme e acorda, junto comigo.

- Me espera para jantar todos os dias!

- Não quero ter que repetir essas coisas e nem pensar que vai ficar fechada no quarto, me envergonhando como fez.

Pilar os recebeu educadamente, só imaginou que o casal brigou e quase rompeu, foram direto para o quarto, Justin sentou na escrivaninha

- Vá se trocar, e procurar sua sogra, que lhe espera ansiosamente.

- Perdeu a língua Olívia?

Ela o encarou séria, começou desfazer a mala com raiva, bateu a porta do banheiro, demorou quase uma hora enrolando no chuveiro, saiu de toalha incomodada

- Você vai ficar aqui o tempo todo?

Ele disse que não queria olhar nada daquilo, ela se trocou no banheiro, saiu com uma camiseta dele e um shorts folgado colorido, ele só olhou de canto

- Assim não, coloca uma roupa decente. Logo vamos jantar!

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