Capítulo seis

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Richarlison não conseguia entender muito bem por que havia voltado para aquela sala e beijado Son. Ele era uma pessoa impulsiva, admitia isso, mas nunca havia sido tão impulsivo como nesse momento. Son estava mexendo com sua cabeça de um jeito que ele não conseguia explicar.

Ele colocou as mãos nos bolsos do jaleco e olhou para si mesmo através do espelho do elevador. Seu reflexo parecia confuso e atordoado. Se ele fosse ser honesto com si mesmo, nem ele sabia o que queria. Se sentia atraído por Heungmin, isso era um fato, mas o que queria? Ficar com ele por um tempo? Ou algo mais?

Richarlison soltou um suspiro profundo, sentindo o peso de suas preocupações se acumulando em seus ombros. Deixaria para pensar em Heungmin depois, no momento tinha que se concentrar no plantão e nos pacientes que tinha que atender antes de seu turno acabar. Com passos pesados, ele saiu do elevador quando as portas se abriram, preparando-se mentalmente para mais algumas horas de trabalho árduo.

Ao virar um corredor, o som de uma voz falando alto chamou sua atenção. Não era um grito, mas era possível escutar, mesmo estando um pouco distante. Curioso, Richarlison olhou para frente e viu um médico a frente de uma enfermeira, ele parecia bem irritado. As mãos do médico estavam agitadas no ar, seus olhos estreitos devido à frustração.

Se aproximou silenciosamente, tentando não chamar a atenção para si mesmo. Observou a cena por um momento, tentando identificar a causa da irritação do médico. A enfermeira parecia tensa, seus olhos fixos no chão enquanto o médico despejava sua raiva.

— Eu não ligo se você está a 4 anos aqui, se eu digo uma coisa você deve fazer sem contestar, eu sou o médico aqui. — O homem falava enquanto apontava o dedo na cara da enfermeira.

Richarlison o conhecia, ele era da sua turma, o típico rico que os pais bancavam e que se achava superior a todos apenas por ter dinheiro.

— Você ainda não é um médico, está se formando. — O brasileiro parou ao lado da enfermeira, colocou as mãos no bolso do jaleco e encarou o homem. — E ela não é obrigada a fazer o que você manda, se ela acha que o que você a mandou fazer não está certo então ela pode se negar, até porque se no fim sua idiotice acabar matando alguém a pessoa que mais vai levar a culpa não vai ser você.

— Não estou falando com você, o meu problema é com ela.

— Você também não está falando com ela, está gritando, esqueceu que está em um hospital?

— Quem você acha que é para falar assim comigo?

— Alguém que não acha certo você gritar com uma pessoa apenas porque ela não fez o que você mandou, se quiser resolver esse problema resolva com calma. — Se aproximou ficando cara a cara com o homem. — Você não é superior a ela só por ser um médico, mas se quer falar de hierarquia, ela é superior a você aqui, já que você é apenas um interno.

O homem segurou Richarlison pelo colarinho do jaleco, seus dedos apertando a roupa do brasileiro com força. Ele podia sentir a raiva emanando do outro homem, mas não se moveu, seus olhos mantendo-se firmes, encarando o agressor com coragem.

A funcionária preocupada observava a cena com medo, seus olhos marejados enquanto ela se mantinha em sua posição. O coração do brasileiro apertou com simpatia, ele sabia como era ser intimidado por aqueles com mais poder.

— Eu sugiro que você o solte. Já vai ganhar uma advertência por tratar mal uma funcionária, quer ganhar outra por agressão? — Uma voz forte cortou o silêncio tenso.

Richarlison olhou para o lado e viu Kane parado alguns metros de distância, seus braços cruzados sobre o peito enquanto encarava o agressor com um semblante sério. O alívio cresceu dentro de si quando percebeu que o loiro estava ali para ajudá-lo.

Na Batida do Seu Coração | 2SonOnde histórias criam vida. Descubra agora