Do you believe in destiny?

Dias difíceis

      Jesse

      Duas semanas se passaram desde o enterro da minha avó e eu ainda continuava fechada no meu mundo, meus amigos vinham me ver todos os dias e faziam de tudo pra tentar me animar mas eu realmente não tinha animo nenhum pra nada, Camila também tentava fazer tudo o que estava ao alcance dela pra me ajudar mas também respeitava o meu espaço, pois ela sabia que eu precisava de um certo tempo pra me recuperar desse baque tão grande que eu havia sofrido, depois de mais alguns dias acho que todos perceberam que eu precisava de algum tempo apenas comigo mesma, pois todos pararam de vir até a minha casa, embora tenham dito que eu poderia chamá-los ou ir até eles sempre que precisasse, passei alguns dias sem praticamente nenhum contato com o mundo exterior, tudo o que eu desejava era sumir desse planeta, já que eu não conseguia mais ver nenhuma direção para a minha vida... acordei de mais uma noite sem sonhos mas continuei deitada, sem coragem nenhuma pra sair da minha cama mas pouco tempo depois senti meu estômago reclamar de fome, resolvi então ir até a padaria e comprar algumas coisas para o café da manhã, me levantei sem nenhum ânimo e fui até o banheiro, fiz minhas higienes matinais e em seguida fui trocar de roupa, vesti uma calça jeans e uma camiseta, nesse momento eu percebi que eu havia emagrecido, já que minhas roupas estavam bem mais folgadas, desde que a minha avó morreu eu nunca mais me alimentei de forma correta, chegando inclusive a passar dias sem comer, e agora eu estava percebendo os efeitos disso, calcei uma sandália rasteirinha e penteei o meu cabelo, peguei meu cartão e as minhas chaves, a padaria onde eu resolvi ir ficava na rua de cima então eu não precisei andar muito, comprei quatro pães, uma bandejinha de presunto e uma de queijo, e uma caixinha de leite, pra mim isso seria mais que o suficiente, voltei pra casa caminhando de forma lenta e sem prestar atenção em nada ao meu redor, cheguei em casa sem nem perceber e assim que fui abrir o portão ouvi alguém chamar o meu nome, olhei para o meu lado esquerdo e vi o José Rafael se aproximando de mim, desde o incidente na casa da Lucy nós nunca mais havíamos nos visto e sinceramente, eu achava que ele não fosse mais querer falar comigo.

-O que você quer José Rafael?

      Ele levantou as mãos em forma de rendição enquanto se aproximava mais de mim.

-Por favor, eu não vim brigar e nem discutir, eu... eu fiquei sabendo da tragédia que aconteceu... sinto muito pela sua perda.

-Obrigada.

-Eu posso entrar um instante? Preciso falar com você.

      Eu sei que não deveria mas permiti que ele entrasse, pedi que ele se sentasse e ofereci um café, ele aceitou com um aceno de cabeça, fui até a cozinha e comecei a preparar, não pude conter uma lágrima ao me lembrar de todas as vezes em que eu e a minha avó preparamos o café da manhã juntas naquela cozinha, respirei fundo e tentei conter o choro ao me lembrar que eu nunca mais a veria, terminei de preparar tudo e arrumei uma bandeja com um bule de café, duas xícaras e alguns biscoitos, fui até a sala e coloquei tudo sobre a mesinha de centro, me sentei no sofá ao lado do José Rafael e servi o café para nós dois, ele tomou um gole mas permaneceu calado, então eu resolvi iniciar a conversa, senão não chegaríamos a lugar nenhum.

-E então José Rafael? O que você quer falar comigo?

-Bom, primeiro eu gostaria de te pedir desculpas por tudo o que houve, eu acho que me deixei levar pelo meu orgulho e acabei prejudicando você com isso.

-José Rafael, eu acho que nós dois tivemos parcelas de culpa em tudo o que houve, você não deveria ter me agredido e nem ficado com toda aquela perseguição pra cima de mim, mas eu também não deveria ter me envolvido com outro homem estando comprometida com você.

-Você tem razão, mas... sendo sincero, eu não te culpo, você estava ao lado do homem que você sempre amou, e ele também demonstrou interesse por você, acho que qualquer pessoa faria o mesmo que você fez.